9.26.2018

Fake news turbinam a candidatura de Bolsonaro










A emoção de Fernando Haddad ao falar sobre Lula em recente evento reflete o sentimento não apenas de grande parte dos brasileiros mas, também, de ex-chefes de Estado, intelectuais, políticos e líderes sindicais do mundo inteiro, que se manifestaram contra a condenação e prisão injusta do ex-presidente. A Justiça brasileira, como consequência da descarada perseguição ao líder petista percebida de todo o planeta, passou a ser vista pelo mundo como uma Justiça parcial e política, que não respeita nem mesmo a Constituição do país. Será que os magistrados que participaram da caçada a Lula não sentem remorsos por sua contribuição à prisão de um homem que todos sabem ser inocente? Até quando eles vão manter essa farsa que envergonha o segmento sério do Judiciário que não compactuou com a armação do juiz de Curitiba? Apesar de todas as manobras, porém, não vão conseguir mantê-lo muito tempo no cárcere, porque um dia a justiça terá de ser feita, se não pelo Judiciário, completamente desgastado diante dos olhos do Brasil e do mundo, com certeza pelo Executivo.
Lula já afirmou, reiteradas vezes, que não quer ser indultado, porque tem consciência de que é inocente, razão porque entende que é a própria Justiça que tem o dever de inocentá-lo, mediante um julgamento isento e justo. Caso, porém, a Justiça não cumpra o seu papel, reparando a escandalosa injustiça que praticou, chegará o momento em que o Executivo será obrigado a tomar a iniciativa de indultá-lo, mesmo contrariando a sua vontade, porque as pressões serão irresistíveis. A certeza de que a vitória de Fernando Haddad reconduzirá o ex-presidente ao poder, como seu principal conselheiro, está tirando o sono de todos os que o perseguiram e que agora, convencidos de que seu esforço para eliminá-lo da vida pública fracassou, procuram também impedir o candidato do PT de chegar ao Palácio do Planalto. O problema é que sem Haddad na disputa o candidato da extrema direita Jair Bolsonaro vencerá o pleito com facilidade, o que ninguém deseja, nem mesmo os perseguidores de Lula. Eles já se mostram desesperados justamente porque não tem alternativa: se correr o bicho pega, se ficar o bicho come.
Os sinais emitidos pelo panorama político nacional indicam que o segundo turno das eleições presidenciais já está definido entre Fernando Haddad e Jair Bolsonaro. Por enquanto, porém, ninguém pode garantir quem será o vencedor, embora o ex-capitão mantenha a dianteira nas pesquisas de intenção de votos. Se nestes poucos dias que nos separam do pleito o candidato do PT não atrair todos os votos de Lula, como se espera, o candidato do PSL poderá ser eleito, a não ser que todos os demais candidatos dos partidos progressistas se unam ao petista. Neste grupo não estão incluídos, obviamente, Marina Silva, Henrique Meirelles, Álvaro Dias, Geraldo Alckmin e João Amoêdo, que provavelmente liberarão seus eleitores para votar em quem quiserem, o que poderá engrossar o eleitorado de Bolsonaro, que cresceu não apenas por conta da facada mas, principalmente, pela sua fábrica de fake News, que espalha diariamente, nas redes sociais, mentiras que são assimiladas com facilidade pelo público imbecilizado pela Globo. A mais recente, um verdadeiro crime, que circula na internet é um vídeo em que alguém imitando a voz de Lula, dublando a sua imagem, recomenda o voto em Bolsonaro, após desqualificar o candidato do PT Fernando Haddad. Como os imbecis não raciocinam certamente acreditarão no que estão vendo e ouvindo.
O ex-capitão, que cresceu na preferência do eleitorado conduzido justamente pelas redes sociais, já que não tem muito espaço na mídia tradicional, teve sua candidatura turbinada pelas fake News, que invadiram massivamente a internet. Ele continua hospitalizado, mas sua indústria de fake news prossegue trabalhando livremente a pleno vapor, fazendo novos adeptos da sua candidatura, sem o prometido combate feito pelo TSE. Na verdade, a Corte Eleitoral, seguindo o exemplo de outras instâncias do Judiciário, só se preocupou em impedir Lula de concorrer, porque candidatos condenados e presos, como Celso Jacob, do Rio de Janeiro, foram liberados não apenas para disputar o pleito mas, também, para a campanha eleitoral. O ex-presidente foi proibido, inclusive, de dar entrevistas, enquanto o agressor de Bolsonaro, Adélio Bispo, vai ser entrevistado pelo SBT. Ninguém mais se surpreende com nada, porque contra Lula vale tudo, pois o que importa é mantê-lo longe do Palácio do Planalto, de onde poderia acabar com essa farra entreguista do governo Temer, sob os olhares complacentes dos militares, e devolver ao povo os benefícios e direitos que lhe foram retirados pelos golpistas. Toda essa canalhice contra o ex-presidente, porém, terá sido em vão se Haddad vencer, porque Haddad será Lula no governo.
Ainda é muito cedo, no entanto, para afirmar a vitória do candidato petista. Caso ele não seja o vitorioso, o Brasil vai mergulhar mais fundo nas trevas com Bolsonaro no poder, porque os seus eleitores, entre imbecis e ingênuos conduzidos pelas fake news, não sabem o que os espera: desemprego, fome, bala, etc. E depois, arrependidos, chorarão amargamente. Se isso acontecer, os principais responsáveis serão a mídia e o Judiciário, que impediram Lula de concorrer, o único que poderia vencer as eleições no primeiro turno e com larga vantagem. Foi precisamente graças à ausência forçada de Lula que o ex-capitão cresceu. Pena que não apenas os seus eleitores, mas todos os brasileiros sofrerão as consequências desastrosas do seu governo, inclusive todos os que participaram da farsa que culminou com o encarceramento do maior líder popular deste país.

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