4.18.2010

Medicamentos à vontade, saúde em sério risco (NÃO A AUTOMEDICAÇÂO)


Remédios à vontade, saúde em sério risco

Tomar medicamentos por conta própria pode causar graves doenças e até a necessidade de transplantes de órgãos

Rio - Carca de 80 milhões de brasileiros se automedicam — quase a metade da população do País. Mas a prática é tão perigosa que, para se ter uma ideia, 50% dos transplantes de rins no Brasil se devem ao uso excessivo de anti-inflamatórios, segundo especialista da Universidade de São Paulo (USP). E 20% dos transplantes de fígado podem ser creditados ao mau uso de analgésicos.

“A pessoa pensa que pode tomar alguns remédios à vontade, já que não precisam de receita, e acaba deixando de ir ao médico. Quando vai, às vezes já é tarde. É para curar um problema mais grave”, afirma Manoel Jacobsen, professor de Neurologia da USP.

Ele também cita estudos internacionais dando conta de que o uso prolongado de analgésicos pode causar graves doenças e comprometer seriamente o organismo: “Estatísticas indicam que 20% dos transplantes de fígado nos EUA são causados pelo uso inadvertido desses medicamentos”

Segundo o presidente da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo – Regional de Marília, Paulo Celso dos Santos, um dos medicamentos mais utilizados de forma inadequado é o anti-inflamatório. Vendido livremente em farmácias, alivia dores e, por isso, ganha adeptos da terceira idade.

“São remédios fortes, que causam lesões, retenção de líquidos, hipertensão, insuficiência renal e enfarte. Os idosos usam muito pois os medicamentos aliviam a dor. Eles chegam a ir ao médico só para pedir um anti-inflamatório”, diz.

Não à toa, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determinou que farmácias coloquem atrás dos balcões medicamentos isentos de prescrição médica, como analgésicos e antitérmicos. Mas as lojas têm conseguido, através de liminares na Justiça, manter os produtos ao alcance das mãos do consumidor. Segundo a Anvisa, isso estimula a automedicação.

A infectologista do Complexo Hospitalar Edmundo Vasconcelos Ligia Brito lembra que os pacientes não podem começar nem interromper tratamento sem consultar médico. “Quando se para por conta própria, a doença volta. E bactérias e vírus se tornam mais resistentes, acabando com a eficácia do medicamento.”

PERIGOS DE CADA TIPO DE PRODUTO

ANTI-INFLAMATÓRIOS
Podem causar lesões arteriais, retenção de líquido, hipertensão, insuficiência renal e enfarte do miocárdio.

ANTIBIÓTICOS
Se usados sem prescrição, podem aumentar a resistência do organismo a bactérias, fazendo com que os problemas evoluam para doenças graves.

DIURÉTICOS E LAXANTES
Podem causar fraqueza, desidratação, hipotensão e arritmias. Não devem ser usados como emagrecedores.

ANALGÉSICOS
Não devem ser usados por mais de três dias sem prescrição médica. O uso prolongado pode mascarar doenças graves. Podem causar lesões no fígado e dores crônicas de cabeça.

VITAMINAS
Em excesso, também podem prejudicar o funcionamento do organismo. Nunca tome sem orientação médica.

SIGA ORIENTAÇÃO MÉDICA
Prescrições não devem ser reaproveitadas. Use o medicamento apenas durante o tempo recomendado e fique atento ao prazo de validade deles. Somente o médico pode avaliar se o tratamento deve continuar ou não.

RECEITAS CASEIRAS
Só devem ser usadas depois de avaliação médica. Não tome remédios receitados por amigos, familiares ou farmacêuticos. Não indique medicamentos para outras pessoas.

POR CLARISSA MELLO
O Dia

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