5.05.2010

Reprodução com segurança


Portadores do vírus da Aids que sonham em ter filhos poderão participar de programa especial do governo do estado em parceria com o Hospital Universitário Pedro Ernesto a partir do ano que vem. Ministério da Saúde vai lançar orientações
O Estado do Rio terá programa de reprodução assistida para soropositivos a partir do ano que vem. Segundo o superintendente de Vigilância Epidemiológica da secretaria estadual de Saúde, Alexandre Chieppe, o serviço é fruto de parceria do órgão com o Hospital Universitário Pedro Ernesto.
Os pacientes serão encaminhados por unidades de saúde e terão atendimento gratuito.
“Temos uma verba de R$ 300 mil do Programa de DST/Aids que será destinada à compra de equipamentos. Em contrapartida, o programa de Reprodução Assistida que será oferecido pelo hospital para toda a população vai reservar algumas vagas para atender sorodiscordantes (como são chamados os pares em que uma pessoa tem HIV e outra não)”, explica Chieppe.
Para que os casais possam ter filhos sem que haja risco de um dos parceiros se infectar e ainda evitar a transmissão vertical (de mãe para filho) serão utilizadas técnicas de lavagem do esperma, inseminação artificial e fertilização in vitro.

Os procedimentos só devem ser realizados quando a carga viral dos pacientes estiver baixa ou indetectável.
“Quando o paciente está se tratando corretamente, a carga viral do sangue e dos líquidos sexuais diminui muito. Isso reduz o risco de transmissão”, explica o o técnico da Unidade de Assistência e Tratamento do Departamento de DST/Aids do Ministério da Saúde, Ronaldo Hallal.
Bem mais avançado do que o estado do Rio está São Paulo. Ontem, o governo estadual lançou um programa de reprodução assistida específica para soropositivos.

A iniciativa é pioneira na rede pública do País.“Queremos propiciar uma concepção segura, sem riscos de infecção do parceiro soronegativo no caso dos casais sorodiscordantes e também sem risco de reinfecção para casais onde ambos sejam soropositivos para o HIV”, ressaltou a coordenadora do Programa Estadual DST/Aids-SP, Maria Clara Gianna.Hallal elogiou a iniciativa.

O técnico do ministério da Saúde acredita que a experiência de São Paulo vai contribuir com a discussão sobre o tema.“Sabemos que existe uma demanda grande de soropositivas que desejam ser pais. Em 2008, cerca de três mil mulheres portadoras de HIV engravidaram durante o tratamento”, afirma Hallal.

MINISTÉRIO VAI ORIENTAR GRAVIDEZ DE SOROPOSITIVAS
Segundo Hallall, o Departamento de DST/Aids deve lançar, em junho, um documento com recomendações para profissionais de saúde sobre como conduzir a gravidez diminuindo ao máximo os riscos de contaminação. “Isso já vem sendo discutido há algum tempo, mas a partir de novembro do ano passado começamos a avançar mais nas conclusão. No segundo semestre deste ano teremos um posicionamento definido”, promete. Para o presidente do Fórum de Ongs de Aids do Estado do RJ, Willian Amaral, as iniciativas são ousadas, mas devem ser vistas com bons olhos.“Vejo positivamente essa política pública, pois aumenta as possibilidades dos sorodiscordantes de terem filhos, principalmente quem não tem acesso a tratamentos caros”, diz.
Casais querem apoio para formar famílias
As novas políticas públicas voltadas para quem vive com o HIV podem significar a concretização do desejo de muitas pessoas: ter filhos. Como O DIA noticiou na série especial ‘O Amor nos tempos de Aids’, publicada em novembro do ano passado, casais como Leonardo e Beatriz, de 39 anos, que querem um filho mas não têm condições de arcar com o tratamento, podem voltar a sonhar. “Para nossa felicidade ser completa só falta um bebê. Se não conseguir, penso em adotar”, disse Beatriz à época.

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