5.06.2010

POR QUE AS PESSOAS USAM DROGAS?

Porquê os intoxicantes são tão procurados?quais as razões que levam as pessoas a utiliza-los?
Podem ser enquadradas em quatro grupos básicos:
1.Para reduzir sentimentos desagradáveis de angústia e depressão.estes sentimentos seriam:
Gerais-decorrentes da própria condição humana.A angústia do ser humano diante da vida foi muito bem descrita pelos filósofos da corrente existêncialista.para eles,o ser humano,sem saber porquê e para quê,é jogado no mundo hostil ou indiferente.
Durante a vida,o ser humano é permanentemente ameaçado pelo aniquilamento,confrontando com o absurdo,tendo apenas uma certeza em relação ao seu futuro--a sua inevitável morte,que ocorrerá em data e condições desconhecidas.de acordo com os conceitos existencialistas,poderíamos, pois,definir a vida como uma aventura trágica,absurda e ilógica,que sempre termina em morte.
Considerando a situação existencial do homem,alguns autores afirmam que não é de se estranhar que ele se angustie e sim,que ele se angustie tão pouco.
Específicas de cada indivíduo-originadas por experiências traumáticas ou condições patológicas .constitui-se em exemplo o uso de drogas por veteranos de guerras ou por pessoas com fobia social ou depressão.
2.Para exaltar sensações corporais e provocar gratificações sensoriais da naturezaestética,e especialmente, eróticas.

Dizem os usuários de drogas que a música soa melhor,as cores são mais brilhantes e o orgasmo se torna mais intenso,durante o uso de sua droga preferida.
3.Para aumentar rendimentos psicofísicos ,reduzindo sensações corporais desagradáveis,como dor,insônia,cansaço ou para superar necessidades fisiológicas como sono e a fome.
Durante o império Inca ,a folha de coca era mascada por mensageiros e carregadores para aumentar sua resistência e velocidade.
É frequente o uso de anfetaminas por choferes de caminhão que desejam encurtar a duração de seuas viagens.
Dores crônicas e insônia persistente constituem causas bem reconhecidas de abusos de analgésicos e hipnóticos diversos.
4.Como meio de transceder as limitações do corpo e o jugo da espaço -temporalidade,unindo-se á realidade por trás de todos os fenômenos ou,mais limitadamente ,a alguma entidade espiritual qualquer,capaz de conferir-lhe ,pelo menos temporariamente,poderes especiais.


Antigos textos literários e religiosos mostram que,em todas as épocas e lugares,os seres humanos deliberadamente usaram (e abusaram)de substâncias capazes de modificar o funcionamento do sistema nervoso,induzindo sensações corporais e estados psicológicos alterados.
Em seu livro"Uma história ìntima da humanidade",Theodore Zeldin afirma que"a fuga para dentro de estados alterados de conciência ,para sedação ou a exaltação ,foi uma ambição constante por toda a parte ,em todos os séculos .não houve civilização que não procurasse fugir a normalidade com a ajuda do álcool,tabaco,ché,café e plantas de todas as espécies".
A busca por agentes modificadores das funções nervosas é considerada por alguns autores,como Ronald Siegel,um impulso tão poptente como os impulsos que levaram a satisfação de necessidades fisiológicas,podendo mesmo suplanta-los.segundo o referido autor:
"O nosso sistema nervoso está preparado para responder aos intoxicantes químicos quase da mesma maneira que responde as recompensas da alimentação,da satisfação da sede e do sexo.Através de toda nossa história como espécie ,a intoxicação funcionou como os impulsos básicos da sede ,da fome ou do sexo,por vezes ,obscurecendo todas as outras atividades.A intoxicação é o quarto impulso".



TIPO I Ocorre tanto em homens quanto em mulheres;requer influências genéticas e ambientais;tem inicio tardio na vida:apresenta maior possibilidade de recuperação.

TIPO II Ocorre principalmente em homens,origem predominantemente genética;começa na adolescência ou início da idade adulta;está intimamente associado com comportamento criminoso;apresenta menor probabilidade de recuperação.

Parece que o mesmo ocorreria em relação a outras substâncias psicoativas. Distinguem-se,pois fatores inatos,genéticos,e fatores aprendidos e adquiridos no abuso de drogas.

A influência de fatores genéticos sobre o alcoolismo já fora pressentida na antiguidade.Plutarco mencionava que"Os bêbados geram bêbados".em seu livro Alcohol and the Addictive Brain"Kenneth Blun sumariza os resultados de décadas de estudos sobre genética x alcoolismo,ressaltando que: Gêmeos monozigóticos de alcoólatras tem rísco muito maior de desenvolver alcoolismo do que gêmeos dizigóticos;

Filhos de alcoólatras têm possibilidades quatro vezes maiores de tornarem-se alcoólatras do que os filhos de não-alcoólatras ,mesmo que separados de seus pais biológicos ao nascer e educados por pais adotivos não alcoólatras; Filhos de pais não-alcoólatras têm baixo risco de alcoolismo mesmo quando adotados e criados por pais adotivos alcoólatras;

Há um risco de alcoolismo de 25 a 50% entre filhos e irmãos de homens com alcoolismo grave.

Os alcoólatras e seus descendentes apresentam diversas anormalidades neurobioquímicas,tais como:

Maior resistência aos efeitos depressores do álcool;

Maior frequência alfa no EEG após consumo de álcool;

Menor resposta da frequência alfa ao EEG ;

Baixos níveis médios do principal matabólito de serotonina (5HIAA-Àcido 5 hidróxi-indolacético)no liquido -raquidiano.

Maior sensibilidade do sistema pituitário de beta-endorfina à administração do álcool;
Padrões comportamentais semelhantes aos observados em pessoas com disfunção leve dos bolos frontais(impulsividade,deficiências de atenção ,hiperatividade e deficiente controle emocional).
Em artigo publicado,em uma edição de 1996,da revista American Scientist,Blun e colaboradores propõe como base fisiopatológica para o abuso de drogas o que chamam de Síndrome de deficiência da recompensa.

O TRATAMENTO DO USO DE DROGAS

A definição de dependência à droga do National Institute of Drug abuse(NIDA)como"uma doença cerebral crônica ,recidivante,que se expressa comportamentalmente e ocorre em um contexto social"reflete as dificuldades existentes na terapia desta condição.O tratamento destes pacientes envolve medidas farmacológicas e psicoterápicas para auxilia-los a reestruturar os seus comportamentos.
É certo que os conhecimentos atuais sobre as alterações neurobioquímicas,que ocorrem como causa ou concequência do abuso de drogas ,auxiliaram a desenvolver drogas e estratégias de tratamentos mais eficazes .

O uso de substâncias modificadoras da transmissão opióide ,como a naltrexona,ou da GABAérgica/glutamatérgica,como o acamprosato,por exemplo,favorecem a manutenção da abstinência em pacientes alcoólatras.A naltrexona a recompensa provocada pela ingestão do álcool,e o accamprosato reduz o desejo de beber.

Estamos no entanto,muito áquem do necessário.Uma esperança futura reside na terapia genética.

Se chegarmos a identificar os genes responsáveis pelas alterações neurobioquímicas que levam ao abuso das drogas,talvez possamos corrigi-las.

Será que em alguma época futura a humanidade poderá livrar-se de tods as drogas?

Ou será mais razoável imaginar que poderemos chegar a desenvolver drogas psicoativas perfeitas,com poucos efeitos colaterais deletérios,tal como o soma descrito por Aldous Huxley em seu livro"Admirável mundo novo",capaz de proporcionar uma notável sensação de bem estar,acalmando até mesmo as angústias existenciais?

Só o tempo dirá!



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