6.03.2011

Perigoso efeito colateral na combinaçao de antidepressivo Paxil (paroxetina) e medicamento para colesterol Pravacol (pravastatina)

A combinação de dois medicamentos muito comuns pode causar aumento dos níveis de glicose no sangue, de acordo com estudo da Escola de Medicina da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos. Os pesquisadores descobriram o perigoso efeito colateral quando o antidepressivo Paxil (paroxetina) e o remédio para o colesterol Pravacol (pravastatina) eram usados simultaneamente. Detalhe: nenhum dos medicamentos causa este efeito quando usado sozinho. O aumento é mais pronunciado em diabéticos e também foi constatado em ratos de laboratório pré-diabéticos expostos às drogas. Os pesquisadores estimam que de 500 mil a um milhão de americanos usam os medicamentos simultaneamente.
- Estas interações medicamentosas certamente acontecem o tempo todo, mas como não fazem parte do processo de aprovação do FDA (órgão americano responsável pelo controle de alimentos e medicamentos), só podemos aprender sobre isso quando as drogas já estão no mercado - disse o médico PhD Russ Altman, professor de Bioengenharia e Medicina na Stanford e um dos autores do estudo publicado nesta quarta-feira na revista científica "Clinical Pharmacology and Therapeutics".
Os pesquisadores usaram uma técnica chamada detecção de sinais latentes para identificar pares de drogas aleatórios que causariam sintomas relacionados a diabetes, como a alteração dos níveis de açúcar no sangue. Para isso, eles pesquisaram no Adverse Event Reporting System (AERS) - um banco de dados ligado ao FDA para monitorar os efeitos das drogas à venda no mercado - e acumularam perfis de sintomas relacionados à hiperglicemia, incluindo febre e cansaço, em pacientes que estavam tomando esses medicamentos. E se concentraram no Paxil e no Pravacol porque são comumente prescritos.
Entretanto, apesar da sugestiva natureza dos sintomas, nenhum paciente do AERS que tomava as duas drogas reportou diretamente hiperglicemia. Para fazer esta conexão, os pesquisadores voltaram para o banco de dados e encontraram 135 pessoas não-diabéticas que tomavam o remédio e tinham tido um aumento médio dos níveis de glicose de 19 mg/dl depois do início do tratamento. E também encontraram 104 pessoas com diabetes com um aumento médio ainda maior: 48 mg/dl depois de tomarem as duas drogas.
Os aumentos são significativos porque pessoas com dois rápidos aumentos consecutivos de níveis de glicose de 126 mg/dl ou mais são consideradas candidatas à diabetes e pessoas com níveis entre 100 e 125 mg/dl são consideradas pré-diabéticas.

O globo

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