Coração
Segunda o estudo, coordenado pela universidade americana Johns Hopkins, a tomografia computadorizada é capaz de diagnosticar com mais precisão quais pacientes precisam de procedimentos invasivos, como a angioplastia
Aretha Yarak
Na doença coronariana obstrutiva, o entupimento dos vasos leva a interrupção do fluxo sanguíneo
A eficácia do exame foi comprovada pelo Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da USP (Incor), que participou do estudo internacional CORE320, validando a técnica para o diagnóstico de doença coronária. Segundo a pesquisa, coordenada pela Universidade Johns Hopkins, dos Estados Unidos, o exame TC 320 é capaz de diagnosticar com mais precisão quais pacientes precisam de procedimentos invasivos, como a angioplastia. O estudo foi apresentado nesta terça-feira durante o Congresso Europeu de Cardiologia, na Alemanha.
Saiba mais:
ANGIOPLASTIAProcedimento realizado para desobstruir uma artéria. É colocado um balão de proporções minúsculas na ponta de um catéter. Esse balão é inflado dentro da artéria danificada, permitindo que o sangue volte a fluir. Em alguns casos, é usado ainda um stent para manter a artéria aberta.
TE 320
Detector de tomografia computadorizada de 320 cortes, que emite sinais de Raio-X e tem forma de arco. É ultrarrápido e, portanto, expõe menos o paciente à radiação. Ele 'fatia' em imagens um quadro completo do coração em apenas uma volta em torno do corpo.
O TC 320 entraria, então, para substituir ambos os exames. Ele consegue prever com 89% de certeza quais pacientes não têm obstrução importante — e que não precisam ir para a mesa de cirurgia. O índice de acerto sobe para 93% quando o grupo de voluntários selecionados é de apenas pessoas que não têm histórico de doença coronária prévia.
Nos pacientes com obstruções graves, e que necessitem de intervenção cirúrgica, o TC 320 é mais eficiente em apontar a quantidade e os locais aonde estão instalados esses bloqueios nos vasos. Todos os voluntários serão acompanhados por mais cinco anos, para avaliação de possíveis eventos cardíacos como infarto, internações por problemas no coração e eventuais cirurgias cardíacas.
Especialista responde
Carlos Rochitte
Coordenador da pesquisa no Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da USP (Incor) e primeiro autor do estudo multicêntrico CORE320
Coordenador da pesquisa no Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da USP (Incor) e primeiro autor do estudo multicêntrico CORE320
Qual a importância do uso do TC 320 no diagnóstico do problema coronário?
Nosso trabalho é a primeira evidência forte de que a técnica pode
ajudar no diagnóstico da doença coronária obstrutiva. Nem todas as
obstruções são iguais. Mesmo olhando anatomicamente, é muito difícil
identificar se essa obstrução causa uma redução no fluxo sanguíneo sem
um procedimento invasivo. Com esse exame é possível ter uma precisão
alta se há interferência no fluxo, sem que um exame invasivo seja
necessário.
O exame irá baratear o diagnóstico da doença coronária?
Primeiro, nos preocupamos em validar o método, em garantir que ele
fosse, de fato, eficiente. Os custos não foram uma preocupação direta.
Mas, para se ter uma ideia do benefício financeiro que ele pode trazer, o
cateterismo custa, em média, 8.000 reais e a cintilografia, 1.900
reais. O TC 320 custa 3.300 reais.
Quando ele entrará no rol oficial de exames?
Nosso próximo passo é definir exatamente qual o paciente que precisa
do exame. Acreditamos que seja aquele de risco intermediário, mas isso
precisa ser definido em projetos científicos. Mas acredito que depois da
publicação do trabalho, que está em processo de aprovação por um
periódico, os grandes hospitais já irão começar a se preparar para
oferecer o exame.
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