Projeto atende parceiros sexuais de gestantes com sífilis ou HIV e funciona desde 2007 em 45 cidades paulistas; ideia é reduzir a transmissão vertical
Agência Brasil
Na primeira consulta do pré-natal a grávida leva os resultados dos exames e o parceiro é convidado a comparecer para um atendimento individual, no qual serão oferecidos exames para sífilis e HIV, além de orientações sobre o risco e a prevenção das doenças sexualmente transmissíveis (DST), as práticas sexuais seguras e a saúde do bebê.
De acordo com Patrícia Marques, psicóloga da Área de Prevenção do Centro de Referência e Treinamento em DST/Aids do Estado de São Paulo, essa é uma proposta para reduzir a transmissão da sífilis e do HIV para o bebê, pois se a mãe e o seu parceiro (não necessariamente o pai) não fizerem o tratamento há grandes riscos de a criança nascer com as doenças.
A sífilis congênita pode provocar aborto, má-formação ou morte do bebê, além de sequelas como cegueira, surdez e deficiência mental.
“Ainda temos dificuldades em tratar o parceiro e essa é uma oportunidade para que ele faça o tratamento ao mesmo tempo em que a gestante. Não adianta tratar depois, e sim, quando são detectadas as doenças na gestante e nele. Também fazemos um aconselhamento para conversar sobre outras questões de saúde integral do homem.”
O tratamento simultâneo é necessário porque se só a mãe tiver esse cuidado, e ao longo da gravidez mantiver relações sexuais com o parceiro infectado, pode ser reinfectada no caso da sífilis e ter a carga viral aumentada no caso do HIV.
“Nesses casos pode afetar o bebê. A mãe sempre é tratada, mas o parceiro sexual tem que ser tratado também para não haver reinfecção da gestante”. A recomendação é que, ao longo da gravidez, o homem faça exames pelo menos no primeiro trimestre, podendo também repeti-los no terceiro trimestre.
Quando tanto a mãe quanto o parceiro sexual tem o HIV, o ideal é que sempre usem preservativos porque o vírus é mutagênico (todo agente físico, químico ou biológico que, em contato com as células, pode causar mutação). Além disso, o vírus da mãe pode não ser igual ao do parceiro, o que obriga cada um a ter um esquema de tratamento.
“Se o homem não fizer o tratamento pode agravar a saúde da mãe, justamente por essa questão de carga viral. E se ele não estiver em tratamento, pode virar um caso de aids porque vai aumentando a carga viral no organismo.”
De acordo com estudos, a taxa de transmissão vertical do HIV no Brasil era 16% em 1997 e caiu para 7% em 2002. Já em São Paulo, a taxa de transmissão era 2,7% em 2006. Segundo a secretaria estadual de Saúde, a queda está associada ao diagnóstico precoce e à introdução da terapia antirretroviral como prevenção durante a gestação.
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