Corrida contra o tempo, a cinco meses da Copa do Mundo
Rio tem pressa em concluir obras essenciais para sediar evento. Fifa já criticou o Brasil por atrasos
Christina Nascimento
Rio - Faltando cinco meses para a Copa do
Mundo, o Rio corre contra o calendário apertado para cumprir a tempo os
compromissos prometidos para a realização do evento. São três
‘responsabilidades’ que a capital carioca assumiu com a Fifa para a
competição: implantar o corredor de ônibus Transcarioca, reformar o
Estádio do Maracanã e seu entorno (com a criação de uma estação para
passageiros de trem e metrô) e reestruturar o Aeroporto Internacional
Antonio Carlos Jobim, o Galeão. De todas as obras, esta última é a que mais
corre risco de ficar apenas no papel — o cronograma chegou a atrasar
mais de dois anos. As mudanças, por exemplo, no Terminal 1 já deveriam
estar prontas há um ano e quatro meses. A nova data para a conclusão é
abril, segundo a Infraero.
No Terminal 2 do Galeão, reforma só deve ficar pronta em abril
Foto: Fernando Souza / Agência O Dia
No Terminal 2, onde apenas um
elevador estava funcionando na última quinta-feira e malas de dezenas de
passageiros que tiveram um voo cancelado formavam uma fileira no
saguão, a situação não é diferente. Pelo calendário inicial, as
intervenções deveriam ter sido executadas até abril de 2011. Mas não
ocorreram. A previsão agora também é para o mês de abril.
O sistema de pistas está passando por reparos
e, assim como ocorre nos outros setores do aeroporto, há atrasos. A
conclusão deveria ter ocorrido em outubro. Agora, a promessa é para o
mês que vem. Atualmente, o Galeão tem capacidade para atender 17,4
milhões de passageiros por ano. A demanda prevista para 2014 é de 18,9
milhões. Se, de fato, ocorrer a conclusão dos trabalhos no Terminal 2, o
aeroporto poderá receber mais 13 milhões de pessoas. No entanto, quem
frequenta o local tem poucas esperanças de mudanças.
“O ar-condicionado simplesmente não funciona.
Acho um absurdo ter um aeroporto internacional em que isso ainda ocorre.
O Galeão pode até receber turistas na Copa, mas, do jeito que está
agora, vai fazer isso muito mal”, reclamou a fisioterapeuta Mariana
Costa. Produtora de uma TV europeia, Luciana Azeredo teme pelo que possa
ocorrer. “Teve um dia que o aeroporto estava tão lotado que
simplesmente não havia lugar para as pessoas sentarem. Elas se
acomodavam no chão mesmo.”
Concluir o corredor de ônibus da Transcarioca é um dos desafios
Foto: Fernando Souza / Agência O Dia
No assunto mobilidade, os riscos de
um vexame na Copa também não estão descartados, apesar da garantia do
governo do estado de que a estação multimodal do Complexo do Maracanã
estará pronta até a competição.
A estrutura terá cinco plataformas de embarque e
desembarque, sendo três para atender os passageiros da Supervia e duas
para os usuários do metrô. O estado afirmou que 90% das fundações já
foram concluídas. O Portal da Transparência do governo federal mostra
maio como prazo de entrega. Na semana passada, o presidente da Fifa, Joseph
Blatter, fez críticas à forma como o Brasil tem conduzido os
preparativos para a Copa. Em entrevista ao jornal suíço ‘24 Heures’, ele
disse que o país é o que apresentou mais atrasos desde que começou a
trabalhar na federação, há sete anos. Turistas encontrarão Museu do Índio abandonado
Pivô de uma série de protestos, o
prédio do Museu do Índio não vai ganhar um novo visual até a Copa. Os
turistas que forem ao Estádio do Maracanã vão se deparar com a estrutura
abandonada. Isso porque, em função das alterações nas obras, a
Concessionária Maracanã vai revisar o cronograma para o local.
Com isso, os projetos básicos — que
dão o escopo para as intervenções — podem ser apresentados ao estado em
um prazo de até dois meses, contados a partir da última semana. Com a
aprovação, a empresa tem ainda mais três meses para definir o programa
de execução.
Imóvel
será transformado em um Centro de Referências das Culturas Indígenas,
mas cronograma será revisado pela Concessionária Maracanã
Foto: Alexandre Brum / Agência O Dia
O imóvel será transformado em um
Centro de Referências das Culturas Indígenas. Mas essa mudança não está
na matriz de responsabilidades da cidade para a Copa. Também não é
exigência da Fifa a construção de vagas de estacionamento sobre a linha
férrea, ou em área próxima ao estádio. Por isso, a obra só vai ficar
pronta depois da competição.
No BRT Transcarioca, é preciso acelerar Orçado em R$ 1,7 bilhão, o Transcarioca está
previsto para o primeiro semestre. O corredor, que vai ligar a Barra da
Tijuca ao Aeroporto Internacional do Galeão, também não fugiu do atraso.
A prefeitura chegou a anunciar que a primeira fase do BRT entraria em
funcionamento no ano passado. De acordo com a Secretaria Municipal de
Obras, para a conclusão da obra, falta a finalização da implantação do
pavimento rígido em alguns trechos e o término da instalação das
estações de embarque e desembarque de passageiros.
O município terá que correr. Algum construções,
como a ponte estaiada da Ilha do Governador e os viadutos sobre a
Estrada do Galeão e do Terminal 1 do aeroporto internacional, ainda
estão ainda em fase de execução. “Espero que o corredor não seja
concluído de qualquer jeito, às pressas, como o Transoeste, porque
depois é o dinheiro público que é usado para consertar os reparos
malfeitos”, criticou a universitária Flávia Muniz, 25 anos. Na semana passada, O DIA
mostrou que o Transoeste, inaugurado há um ano e meio, já tem 270
remendos na pista. A manutenção é paga pelo município, uma vez que o
prazo de garantia dado pela construtora Odebrecht já expirou. O Transcarioca vai passar por Barra da Tijuca,
Curicica, Ilha do Governador, Taquara, Tanque, Praça Seca, Campinho,
Madureira, Vaz Lobo, Vicente de Carvalho, Vila da Penha, Penha, Olaria e
Ramos. Cerca de 440 mil passageiros devem andar diariamente no
corredor, que terá 45 estações e 39 quilômetros de extensão.
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