1.05.2014

Planta usada na medicina tradicional chinesa ajuda a aliviar dores crônicas

Dor

Segundo pesquisadores, composto encontrado tem função semelhante à da morfina, mas não perde o efeito ao longo do tempo

Raízes da Corydalis yanhusuo
Raízes da "Corydalis yanhusuo", planta usada na medicina chinesa para tratar dores (Reprodução)
Uma planta utilizada há séculos pela medicina tradicional chinesa para alívio de dores teve sua eficácia comprovada por pesquisadores dos Estados Unidos e da China. Raízes da flor Corydalis, da família da papoula, possuem um composto analgésico, segundo um estudo publicado nesta quinta-feira no periódico Current Biology.
CONHEÇA A PESQUISA

Título original: A Novel Analgesic Isolated from a Traditional Chinese Medicine

Onde foi divulgada: periódico Current Biology

Quem fez: Yan Zhang, Chaoran Wang, Lien Wang, Gregory Scott Parks, Xiuli Zhang, Zhimou Guo, Yanxiong Ke, Kang-Wu Li, Mi Kyeong Kim, Benjamin Vo, Emiliana Borrelli, Guangbo Ge, Ling Yang, Zhiwei Wang, M. Julia Garcia-Fuster, Z. David Luo, Xinmiao Liangsend e Olivier Civelli

Instituição: Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, e outras

Resultado: Um composto capaz de aliviar dores crônicas foi encontrado nas raízes de plantas do gênero Corydalis, utilizadas na medicina tradicional chinesa
"Nossa pesquisa descobriu um novo analgésico natural. Este produto atuou, em testes com animais, contra três tipos de dores que afetam o ser humano: aguda, inflamatória e crônica", diz Olivier Civelli, pesquisador da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, e integrante da equipe que realizou o estudo.
A revelação faz parte de um projeto de catalogar os componentes químicos da medicina tradicional chinesa. As plantas Corydalis, foco do estudo, têm as raízes colhidas e fervidas em vinagre, segundo a cultura da China, e prescritas para diversos tipos de dor, como a cefaleia e dor nas costas.
Os pesquisadores buscaram compostos na Corydalis que atuam de forma semelhante à morfina, e encontraram o DHCB, uma substância com função analgésica. Ao contrário do esperado, o DHCB não atua no receptor de morfina, mas por meio de outros receptores, inclusive o de dopamina, neurotransmissor associado aos mecanismos de recompensa do cérebro. Para Civelli, esse fato colabora com evidências anteriores de que a dopamina pode estar relacionada à sensação de dor.
Vantagens – A principal vantagem da nova substância em relação à morfina ou outros analgésicos é o fato de que ela não parece perder o efeito com o tempo de consumo. Apesar de ser efetivo também contra outros tipos de dor, o DHCB se destaca por sua ação em dores crônicas, persistentes e de baixa intensidade – para as quais, segundo os pesquisadores, ainda não existe um bom medicamento. Os autores alertam, porém, que alguns testes de toxicidade precisam ser realizados antes que a substância possa ser prescrita aos pacientes.

Nenhum comentário: