2.08.2015

Traição não é só imaginação nos dias de folia momesca

Pesquisa exclusiva comprova o que muitos já desconfiavam: maioria dos cariocas trai o parceiro durante o Carnaval. Depois, 40% reatam as relações

Maria Luisa Barros
Rio - Se para muitos amor de verão morre na praia, as paixões de Carnaval não costumam ir além da Quarta-Feira de Cinzas. Os quatro dias de festejos do Momo costumam arrastar foliões para uma pegação desenfreada, no embalo das marchinhas. Corpos à mostra, fantasias sensuais e bebida liberada formam uma combinação explosiva capaz de abalar as estruturas emocionais e partir inúmeros corações. Pesquisa exclusiva sobre o comportamento dos casais cariocas no Carnaval, obtida pelo DIA, revela que a “pulada de cerca” nesta época do ano é mais comum do que a maioria imagina.
Da esq. para a dir., os amigos Carolina, Mariana e Wallace, em baile da Orquestra Voadora: 'As mulheres estão se igualando aos homens'
Foto:  Fernando Souza / Agência O Dia
Quase metade dos moradores do Rio de Janeiro (45%) admite já ter “chifrado” o parceiro durante o Carnaval. A enquete, coordenada pelo Laboratório de Pesquisa da UniCarioca, chama a atenção para o fato de que os homens estão no Abre Alas, mas as mulheres não ficam atrás neste quesito.
Entre elas, 50,6%, confessam já ter traído a pessoa amada várias vezes no ritmo da batucada. Enquanto elas cedem aos desejos para “dar o troco no parceiro”, eles dizem que agem por impulso.
Há os que traem para variar, pela oportunidade, para chamar a atenção ou por carência. “As mulheres estão se igualando aos homens. Antes, não tinham os mesmos direitos”, disse Carolina Silva, de 30 anos, acompanhada de uma amiga.
Passada a euforia, 40% dos entrevistados mostraram-se arrependidos da solteirice momentânea e reataram o relacionamento, mas, para um terço deles, a relação não voltou a ser como antes. Responsável pelo estudo, o professor Jaime da Silva Pereira diz que quatro em cada dez namoros não resistem à passagem da bateria em suas vidas.
Gráfico mostra pesquisa sobre traição no Carnaval
Foto:  Arte O Dia
Para 76% dos casados, namorados, enrolados ou solteiros, a chegada da festa profana representa uma ameaça ao futuro da relação. O maior temor é o assédio, o clima ‘ninguém é de ninguém’ e o excesso de álcool. O medo de perder o amado faz com que três em cada dez pessoas decidam festejar a data grudada no parceiro. Outros 30% vão para a farra só com os amigos.
O primeiro Carnaval no Rio será um desafio para o músico gaúcho Antônio Pack, 32, e a namorada Gabriela Carano, 24. “A gente procura não dar brecha, ficar sempre junto para não ter estresse. A mulher conquistou a liberdade e o sexo já não influencia na traição. Depende da índole da pessoa. E não se é homem ou mulher”, diz Antonio, que aproveitava o ensaio da Orquestra Voadora ao lado da amada. “A gente confia um no outro, mas não gostaria que ele fosse sozinho em bloco. As meninas não têm freio, chegam junto mesmo”, preocupa-se Gabriela.
Distância da festa para evitar brigas
Sobreviver às ameaças da folia requer muito jogo de cintura de ambas as partes. É o que mostra a pesquisa. Cariocas ouvidos na enquete contam que a principal tática é a marcação cerrada no parceiro, sem dar espaço para escapadas com os amigos. Outros 17% são mais tranquilos e dizem que uma olhadinha não arranca pedaço e 11% preferem não arriscar e partir para retiros religiosos ou viagens sossegadas.
Antônio passa o primeiro Carnaval no Rio com a namorada, Gabriela. 'As meninas não têm freio', diz ela
Foto:  Fernando Souza / Agência O Dia
A estudante Mariana Ramos, 21 anos, acredita que os homens são mais infiéis. “Acho que quem trai mais ainda são os caras. Existe a ideia machista de que eles podem e elas não. Com meu namorado é tranquilo. Não rola ciúme. Confiamos um no outro”, diz ela, que não vê problemas em curtir blocos só com amigas.
Para não cair em tentação e evitar as brigas, o psiquiatra Gustavo Ottoni aconselha os casais a passar bem longe de bailes à fantasia e blocos de rua e não ir atrás dos trios elétricos. “Se os dois querem ficar juntos e a relação não está num bom momento, o ideal é combinar um programa diferente, mais calmo, como uma praia sossegada ou ir para a Serra, para evitar o assédio de ambos os lados”, diz.

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