6.01.2015

CRISE: TEMOS QUE CORTAR DESPESAS EXTRAS COM O CARTÃO DE CRÉDITO



HORA DE PRIORIZAR – Ana e Ernesto Santos sempre priorizaram, no orçamento familiar, a escola, os cursos e as viagens dos três filhos. Mas a queda nos ganhos exigiu sacrifícios. Eles cortaram o cartão de crédito, a TV a cabo e reduziram os dias da faxineira para suportar o aumento no custo de vida. O filho Alexandre, contudo, fará um intercâmbio e estudará nos Estados Unidos. E o melhor: sairá mais em conta do que o colégio no Brasil
HORA DE PRIORIZAR – Ana e Ernesto Santos sempre priorizaram, 
no orçamento familiar, a escola, os cursos e as viagens dos três filhos.
 Mas a queda nos ganhos exigiu sacrifícios. Eles cortaram o cartão 
de crédito, a TV a cabo e reduziram os dias da faxineira para suportar
 o aumento no custo de vida. O filho Alexandre, contudo, fará um
intercâmbio e estudará nos Estados Unidos. E o melhor: sairá mais 
em conta do que o colégio no Brasil
Os últimos meses têm sido estressantes para a
 família Santos. Ana e Ernesto, pais de Artur, 
Rafaela e Alexandre, elegeram a educação e a
 formação dos filhos como o investimento mais
 valioso que poderiam fazer. Ernesto, dono de 
uma consultoria de vendas, começou a sentir o
 aperto no rendimento quando as empresas que 
o contratavam diminuíram a demanda por serviços. 
Ao mesmo tempo, as despesas passaram a ficar mais 
pesadas. Com menos folga no orçamento, a família
 se viu obrigada a eliminar gastos para manter a 
faculdade do primogênito, o curso de alemão 
da filha do meio e a escola do filho mais novo. 
A primeira medida foi cancelar os cartões de crédito 
e trocar o plano dos celulares de pós para pré-pago.
 Depois, o casal diminuiu a frequência dos serviços 
da faxineira e, por fim, cancelou a TV a cabo.
 "É doloroso cortar coisas com as quais nos
acostumamos, mas, quando as contas não 
param de aumentar, é preciso fazer escolhas", diz Ana.
As mudanças de hábitos da família Santos 
representam um microcosmo do novo padrão 
de consumo dos lares brasileiros nos últimos 
meses, com reflexos sobre toda a economia.
 Em bares e restaurantes badalados, as filas minguaram.
 Dois em cada três brasileiros reduziram os gastos 
com lazer fora de casa, segundo dados da consultoria 
Nielsen. O consumo arrefeceu, diminuindo também
 o tráfego de veículos comerciais nas estradas.
 Até mesmo os infernais congestionamentos de
 São Paulo estão menos intensos nos horários de 
pico neste ano. São sinais de que a retração na 
atividade econômica chegou definitivamente à casa 
dos brasileiros, e as famílias fazem bem em se ajustar. 
"Para que o dinheiro renda o máximo, é preciso que
 o consumo seja consciente - isto é, separar o que 
é essencial do que é ostentação, o chamado bem
 posicional", afirma William Eid Junior, coordenador 
do Centro de Estudos em Finanças da Fundação 
Getulio Vargas. "Sempre dá para procurar um 
restaurante que não seja o mais caro", diz o 
economista. São tempos difíceis corroborados 
pelos números fracos generalizados da atividade.
Os dados sobre o desempenho da economia no
 primeiro trimestre do ano, divulgados na sexta-feira,
 mostraram uma queda de 0,9% no consumo das
 famílias em relação ao mesmo período de 2014.
 Foi o pior resultado desde 2003. O produto interno 
bruto (PIB) como um todo recuou 1,6%. Se o
 calendário de doze meses acabasse em março, 
a economia brasileira teria encolhido 0,9%. 
Não existem mais dúvidas. O país está em recessão.
 O desemprego aumentou, e os rendimentos reais 
(descontada a inflação) estão em queda. 
As dificuldades para as famílias são ainda maiores 
por causa da inflação. Uma comparação entre os 
preços anunciados pelos supermercados e lojas hoje e 
há um ano revela o reajuste expressivo no custo de
 alguns itens de consumo comuns no cotidiano da
 classe média, sem falar na alta pesada no preço 
das tarifas de energia e água. O arrocho é ainda mais
 doloroso porque as famílias haviam se acostumado a
 um novo padrão de consumo, com viagens internacionais, 
carro novo na garagem, aquisição de produtos eletrônicos 
de última geração, saúde e ensino privados de melhor
 qualidade. A ascensão da classe média havia colocado
 o Brasil no radar das maiores empresas do mundo.
 O governo ajudou a impulsionar esse movimento,
 ao incentivar a concessão de crédito, sobretudo pelos 
bancos públicos. Mas a capacidade de gastar do brasileiro
 chegou a um limite.




Arte- Os sinais da crise


                      O                                            

                                 Desemprego subiu,  O maior tormento dos orçamentos familiares é a inflação. O índice em doze meses está em 8,2%, muito acima do teto da meta oficial do Banco Central, que é de 6,5%. E ela não deve ficar abaixo de 8% antes do próximo ano, segundo analistas. Muito além da taxa oficial, no entanto, foram os aumentos de preços de produtos e serviços que fazem parte da cesta de consumo da maior parte da população. A conta de luz subiu 60% nos últimos doze meses; a refeição em restaurantes, 11%; e o plano de saúde, 10%. Ao mesmo tempo, a renda média de quem estava empregado caiu 3%. "O encarecimento de itens essenciais como a energia elétrica e a gasolina tira uma parte do orçamento doméstico. É possível gastar menos com supérfluos, mas não dá para cortar a eletricidade" acho que vamos mandar o mordomo embora e parar de almoçar no plataforma.  Hoje 67% da renda das famílias está comprometida com o consumo de bens e serviços essenciais, e outros 30%, com o pagamento de dívidas (o dado do Banco Central indica que essa fatia é de 22,4% e está crescendo). "A parcela de recursos que sobra para o consumo de outros bens é muito pequena. Além disso, a confiança das famílias está em um nível baixo e não há perspectiva de melhora no curto prazo. Há muito pessimismo, principalmente por parte da imprensa golpista, que torce para dar errado", 

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