por Rogerio Tuma
Uma medicação que pode, enfim, atacar o Alzheimer antes mesmo dos sintomas
Até
hoje, as medicações que oferecemos aos pacientes com DA, melhoram
apenas os sintomas e de maneira ainda insatisfatória. No encontro de
Washington, foram apresentadas algumas medicações que combatem de
maneira eficiente o acúmulo dessas proteínas no sistema nervoso. A ideia
não é nova, mas o que se mudou foi a utilização dessas medicações nos
estágios iniciais da doença ou até mesmo antes de as pessoas
apresentarem sintomas. Nessas fases já existe o acúmulo das proteínas,
mas as células ainda estão vivas e, portanto, podem ser salvas.
A droga mais eficaz desse grupo parece ser o Solanezumab.
Essa medicação é um anticorpo fabricado para grudar no aglomerado da
proteína beta-amiloide. Seu poder como anticorpo é de identificar a
placa como um corpo estranho e estimular os leucócitos, nossas células
de defesa, a “engolirem” as placas e retirá-las do sistema nervoso.
A droga foi testada em 1.322 seres
humanos por 3,5 anos e reduziu a velocidade da perda de memória nos
pacientes com Alzheimer. Na fase inicial do estudo, que durou 18 meses,
não havia demonstrado um efeito importante, mas na extensão do mesmo
estudo por mais dois anos, quando todos os pacientes passaram a receber a
medicação, os pacientes que tomaram o placebo sofreram com uma evolução
da doença mais rápida do que aqueles que tomaram a droga durante o
período. Nesses, percebeu-se um efeito animador: houve um atraso no
desenvolvimento da doença em 34%. É a primeira medicação que consegue
atrasar a progressão da doença.
A droga é administrada por via endovenosa a cada quatro
semanas, e é muito bem tolerada. Ela esta sendo testada em outro estudo
com pacientes que se apresentam no estágio leve da doença. A experiência
começou em 2012, o resultado será conhecido em 2016 e a droga deve
estar disponível no mercado em 2018.
Outra droga, o Gantenerumab, também é um anticorpo
monoclonal que se liga à placa beta-amiloide e estimula sua retirada no
sistema nervoso. Foi utilizado em indivíduos com Alzheimer leve por dois
anos, mas não conseguiu demonstrar eficácia quando comparada com o
placebo. Porém, nos casos de pacientes que tinham DA de rápida piora, e
que tomaram uma dose maior do remédio, conseguiram atrasar a evolução da
doença.
Um terceiro anticorpo, o Aducanumab, que já havia
demonstrado eficácia antes, foi testado em uma dosagem de 6 mg/kg dose,
por 54 semanas para pacientes com Alzheimer leve ou pré-clínico – quando
o paciente apresenta alterações nas imagens de PET scan compatíveis com
a doença, mas ainda sem perda da memória. Nesses pacientes houve nítido
atraso no desenvolvimento dos sintomas.
Mas nem todas as notícias foram
positivas. Estudos apresentados apontam que a doença de Alzheimer
progride duas vezes mais rápido em mulheres do que em homens. A proteína
beta-amiloide acumula-se mais rapidamente nas mulheres no período da
menopausa, daí a doença atingir com mais frequência as mulheres.
Do 1,5 milhão de pacientes com Alzheimer
no Brasil, 60% são mulheres, e o número de pessoas que sofrem de DA vai
triplicar em 30 anos, já que a nossa população idosa continua
crescendo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário