Fiocruz desenvolveu larvicida e agora aguarda autorização da Anvisa para comercialização
Rio - Um inseticida biológico será a
mais nova arma contra o mosquito transmissor da dengue no próximo verão.
O larvicida desenvolvido pela Farmanguinhos da Fundação Oswaldo Cruz
(Fiocruz) já está pronto e aguarda a liberação da Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (Anvisa) para chegar ao mercado. O preço estimado
do Dengue Tech é R$ 30 por dez pastilhas. Cada uma poderá ser dissolvida
em até 50 litros de água.
A pesquisadora Elizabeth
Sanches explica que o comprimido está na fase de consulta pública, a
última a ser aprovada pela Anvisa, antes de chegar ao consumidor.
O método, garante ela, é simples. “A pastilha é colocada dentro da
caixa d’água. Duas horas depois de ingerir o inseticida, a larva fica
paralisada e impossibilitada de alimentar-se, morrendo depois de 24
horas”, diz
Segundo a Superintendência de
Vigilância Epidemiológica da Secretaria Estadual de Saúde, 52.167
pessoas tiveram dengue este ano no Estado do Rio. O Brasil
registrou 1,3 milhão de casos da doença. O levantamento no Rio revela
um aumento de 650% no número de ocorrências nos primeiros oito meses do
ano. Em todo o ano de 2014, foram notificados 7.819 casos suspeitos de
dengue e dez óbitos. Este ano, 13 pessoas morreram, sendo dez na região
Sul Fluminense.
Morador do bairro Verbo Divino, no Centro de Barra Mansa, no Sul Fluminense,
o aposentado José Evaristo Alves, de 78 anos, contraiu dengue clássica
há quatro meses. “Achei que fosse só uma gripe, mas o quadro foi
piorando, com prostração, vômitos, tonturas, dor atrás dos olhos,
manchas semelhantes ao sarampo e perda de apetite ”, lembra.
Ele e os parentes acreditam que o
foco do mosquito estava num terreno baldio cheio de lixo e matagal na
rua Maximiano Alves. “ O terreno virou também criadouro de cobras, ratos
e escorpiões”, lamenta José, ressaltando que ele mesmo roça o mato do
lugar. A Prefeitura intimou o proprietário a fazer a capina, mas ele só
cumpriu a determinação uma vez.
Há quatro anos, o aposentado José
Cantizano Sobrinho, de 72 anos, passou por uma enorme aflição. O neto
adolescente contraiu dengue hemorrágica, o tipo mais grave da doença.
“Foi um susto muito grande. Mas graças a Deus ele sobreviveu”, recorda o
morador de Tubiacanga, na Ilha do Governador. A preocupação com a saúde
o levou a se engajar em um projeto pioneiro de combate ao mosquito
desenvolvido, há um ano, pela Fiocruz na Ilha, Urca, Vila Valqueire, e
Jurujuba, em Niterói.
Em setembro do ano passado, o
pesquisador Luciano Moreira, líder do projeto no Brasil, iniciou a
soltura de 200 mil mosquitos Aedes aegypti infestados com a bactéria
Wolbachia, que reduz a transmissão do vírus pelo mosquito. A captura e o
monitoramento é feito na casa dos moradores.
“Este ano só uma pessoa pegou dengue no bairro. Nos outros anos, havia cinco casos por rua”, comemora José Cantizano.
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