Segundo MPF, detido assumiu a responsabilidade pela propina na área de Engenharia e Serviços da estatal; defesa não quis se manifestar.
Roberto Gonçalves sucedeu Pedro Barusco – condenado na operação por
lavagem de dinheiro, associação criminosa e corrupção – como
gerente-executivo da área de Engenharia e Serviços da Petrobras, onde
atuou no período de março de 2011 a maio de 2012. "Na sucessão do cargo
também se passou o bastão da propina", afirmou o procurador Roberson
Pozzobon. Segundo a investigação, Gonçalves usava offshores na China e
nas Bahamas para dissipar valores de propina recebidas.
Gonçalves já vinha sendo investigado pela força-tarefa da Lava Jato a
partir de apurações internas na Petrobras e também por depoimentos
prestador por delatores. Em novembro de 2015, ele havia sido preso
temporariamente na Lava Jato. Na época, segundo Pozzobon, Gonçalves
negou ter contas no exterior.
Dessa vez, a investigação recebeu documentos das autoridades suíças
que, segundo o Ministério Público Federal (MPF) no Paraná, apontam que
Gonçalves teria contas no país para ocultar o recebimento de propina.
Com essas provas, foi solicitada a prisão preventiva do ex-gerente da
Petrobras. Diferentemente da prisão temporária, na prisão preventiva,
não há prazo para liberação do suspeito.
Ricardo Pessoa, dirigente da UTC, e Mario Goes, operador financeiro do
esquema, disseram nas delações premiadas que pagaram propina para
Gonçalves. Segundo o MPF, eles apresentaram documentos de quatro
depósitos de US$ 300 mil feitos no exterior, a partir de uma conta em
nome da offshore Mayana Trading, mantida por Goes.
Nesta nova fase da Lava Jato também foram usadas informações das
delações premiadas de ex-executivos da Odebrecht e de Pedro Barusco.
De acordo com o despacho do juiz federal Sérgio Moro, responsável pelos
processos da Operação Lava Jato na primeira instância, Rogério Santos
de Araújo – delator da Odebrecht – disse que Roberto Gonçalves repassava
à Odebrecht informações sigilosas em outros contratos da Petrobras.
Nesta decisão, Sérgio Moro autorizou a deflagração da 39ª etapa da
operação.
Além de Roberto Gonçalves, o MPF informou que pessoas físicas e
jurídicas ligadas à corretora de valores Advalor Distribuidora de
Títulos e Valores Mobiliários Ltda. também são alvos da operação.
Segundo o MPF, Goes, Barusco e o ex-gerente da área internacional da
Petrobras Eduardo Musa afirmaram que usaram serviços da Advalor para
receber propinas de contratos da estatal.
O advogado de Roberto Gonçalves, James Walker, afirmou que não vai se
manifestar sobre as acusações porque ainda não teve acesso a todas as
peças dos autos do caso. Segundo ele, Gonçalves estava visitando
familiares em Roraima e foi surpreendido pela operação. O advogado disse
que chegará em Curitiba nesta quarta-feira (29) para ter acesso aos
autos e, só depois, vai se pronunciar.
Propinas
Pozzobon afirmou que Gonçalves, enquanto atuava na Petrobras, recebeu
da UTC e da Odebrecht propina por obras no Complexo Petroquímico do Rio
de Janeiro (Comperj). Segundo a força-tarefa da Lava Jato no PR, foram
identificadas cinco contas na Suíça. Uma delas tinha como beneficiário
Rogério Araújo, executivo da Odebrecht, que tinha emprestado a conta, a
pedido de Gonçalves, para recebimento de propina.
Outra conta, registrada em nome da offshore Fairbridge Finance S.A. e
que tem Roberto Gonçalves como beneficiário final, recebeu, só em 2011,
cerca de US$ 3 milhões de offshores ligadas ao "setor de propinas" da
Odebrecht, afirmou o MPF.
O MPF apurou ainda que outra conta, em nome da offshore Silverhill
Group Investment Inc., que também tem Gonçalves como beneficiário final,
recebeu mais de US$ 1 milhão em 2014, provenientes da conta em nome da
offshore Drenos Corporation, vinculada ao ex-diretor da Petrobras Renato
Duque.
A soma dos valores de vantagens recebidas seria superior a US$ 5
milhões, segundo os procuradores. Pozzobon afirmou que, até o momento,
foi identificada parte dos pagamentos que teriam sido recebidos por
Gonçalves. Algumas das contas tiveram valores bloqueados para serem
apurados. Segundo o MPF, foi feito sequestro de mais de US$ 4 milhões de
conta ligada a Gonçalves.
Na decisão, Sérgio Moro afirmo que "os pagamentos efetuados no Brasil,
em espécie, ainda não foram rastreados e é possível que existam outros
pagamentos no exterior não identificados, assim como ativos criminosos
não identificados no exterior e inclusive no Brasil, onde ele teria
recebido valores em espécie".
Segundo o procurador, o esquema afetou diversas gerências da Petrobras
ao longo dos anos e "ainda há muito a ser investigado" na estatal.
A informação inicial era de que Gonçalves estava no Rio, mas ele foi
preso em Roraima, onde tem familiares. Segundo o procurador, não havia
indícios de que ele estaria fugindo. Gonçalves deve passar esta noite em
Boa Vista e ser transferido para Curitiba nesta quarta-feira (29). Ele é
investigado pelos crimes de lavagem de dinheiro e corrupção.
As ordens judiciais da 39ª fase foram expedidas pelo juiz Sérgio Moro,
da 13ª Vara Federal de Curitiba. O nome da operação foi dado em razão da
ação clandestina no mercado financeiro por parte dos investigados.
Um comentário:
Será que esses almofadinhas da Procuradoria vão botar a culpa no Lula, ou o golpista Temer não sabia?
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