O procurador geral da República, Rodrigo Janot,
demonstrou preocupação neste sábado com o "aparato do Estado para
intimidar a atuação das autoridades", em nota oficial por meio da qual
comentou a informação de que a Agência Brasileira de Inteligência, a
pedido de Michel Temer, estaria investigando a vida do ministro Edson
Fachin, relator do inquérito contra ele no Supremo Tribunal Federal; "É
com perplexidade que se toma conhecimento de suposta utilização do
aparato estatal para desmerecer um membro da mais alta corte do país,
que tem pautado sua atuação com isenção e responsabilidade. O Ministério
Público Brasileiro repudia com veemência essa prática e mantém seu
irrestrito compromisso com o regime democrático e com o cumprimento da
Constituição e das leis", disse Janot
O procurador fez coro à crítica da presidente do Supremo, ministra Cármen Lúcia, que publicou nota oficial horas antes criticando a hipótese de que "devassa ilegal" estivesse sendo conduzida sobre a vida do ministro Fachin. Enquanto Cármen Lúcia falou em "prática própria de ditaduras", Janot critica "práticas de um Estado de exceção".
O procurador também criticou o meio político. "A se confirmar tal atentado aos Poderes da República e ao Estado Democrático de Direito, ter-se-ia mais um infeliz episódio da grave crise de representatividade pela qual passa o país. Em vez de fortalecer a democracia com iniciativas condizentes com os anseios dos brasileiros, adotam-se práticas de um Estado de exceção".
Janot fez referência a uma ideia que vem sendo defendida pelo ministro Gilmar Mendes, de que "não se pode converter o Estado de Direito em Estado Policial". Enquanto Gilmar alega abuso na condução de investigações pela PGR e pela PF, Janot afirma que as investigações fora dos procedimentos legais é que devem ser repudiadas.
"Há uma colossal diferença entre investigar dentro dos procedimentos legais, os quais preveem garantias aos acusados, e usar o aparato do Estado para intimidar a atuação das autoridades com o simples fito de denegrir sua imagem e das instituições a qual pertencem. O desvirtuamento do órgão de inteligência fragiliza os direitos e as garantias de todos os cidadãos brasileiros, previstos na nossa Constituição da República e converte o Estado de Direito, aí sim, em Estado Policial", disse Janot na nota.
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