Loures é acusado de receber R$ 500 mim em propina da JBS em nome de Temer. O suposto suborno seria a primeira parcela de uma propina de R$ 480 milhões a ser paga ao longo de 20 anos, conforme o sucesso das transações da empresa. Temer e Loures são investigados por corrupção, obstrução de justiça e organização criminosa em inquérito aberto no Supremo Tribunal Federal a pedido do procurador-geral Rodrigo Janot. Para o procurador-geral, Loures era o longa manus, um faz-tudo do presidente.
As investigações sobre Temer e Loures começaram a partir da delação premiada do executivos da JBS, entre eles Joesley Batista, um dos donos da empresa. Numa conversa gravada com Temer no porão do Palácio do Jaburu na noite de 7 de março deste ano, Batista disse que, com o ex-ministro Geddel Vieira Lima investigado e fora de circulação, precisaria de um outro interlocutor que falasse em nome do presidente. O empresário fez a pergunta depois de discorrer sobre vários crimes e interesses da JBS em cargos e decisões estratégicas governo. Temer indicou Loures.
O empresário, então, perguntou se poderia tratar de "tudo" com Loures. "Tudo", respondeu Temer. Dias depois, Loures foi gravado acertando com Batisa acertando cargos e decisões do governo federal mediante pagamento de propina. Na cena seguinte, o ex-assessor é flagrado recebendo uma mala de R$ 500 mil entregue a ele por Ricardo Saud a mando de Batista. Um dos executivos da JBS a fazer delação, Saud era um dos operadores da propina da empresa.
No sábado, Loures foi preso em Brasília por ordem do ministro Edson Fachin, relator da Lava-Jato no STF. Para o ministro, os crimes atribuídos ao ex-assessor de Temer são gravíssimos. Ele deve ser mantido preso para evitar que continue em atividade criminosa. Ele só não foi preso dia 18 de março, quando teve início a fase pública da Operação Patmos, porque ocupava a vaga de deputado do ex-ministro da Justiça Osmar Serraglio. Com o retorno de Serraglio à Câmara, Fachin entendeu que não haveria mais obstáculos a prisão do ex-assessor.
Há duas semanas, um emissário do ex-deputado se reuniu com procuradores da Lava-Jato em Curitiba e, durante o encontro, quis saber sobre a possibilidade de Loures fazer um acordo de delação. Em resposta ouviu que, para obter benefícios, teria que delatar "toda organização criminosa". Na semana seguinte, Cezar Bitencourt foi chamado para defesa do ex-assessor e adotou um discurso ambíguo Bitencourt disse que, por principio é contra delação, mas não descartaria a medida, se esta for melhor para o cliente.
Rocha Loures não é o único foco de tensão. O operador financeiro Lúcio Bolonha Funaro já manifestou interesse em fazer um acordo de delação com a Procuradoria-Geral da República, segundo disse ao GLOBO uma pessoa vinculada ao caso. As informações oferecidas pelo operador poderiam potencializar as investigações sobre Temer e Loures. O operador estaria, inclusive, recolhendo documentos para provar as acusações, caso o pedido de colaboração seja aceito.
O Ministério Público Federal suspeita de vínculos entre Funaro com Temer e com o ex-deputado Eduardo Cunha. Na conversa que teve com Temer no porão do Palácio do Jaburu, Joesley Batista disse que estava pagando com regularidade suborno a Cunha e Funaro para que os dois ficassem em silêncio. Ou seja, para que não fizessem delação premiada. Os dois já estão presos. Cunha em Curitiba. Funaro na Papuda, para onde vai Loures.
Nenhum comentário:
Postar um comentário