Diminuição dos gases causadores do efeito estufa e menor uso do solo, com preservação de vegetação nativa, explicam a relação, relatam pesquisadores.
Uma dieta mais saudável em países ricos contribui para a redução de
gases causadores do efeito estufa, diminui o uso do solo e corta taxas
de eutrofização (quando o excesso de matéria orgânica na água a polui).
Estudo publicado no PNAS analisou dados de 37 paises (64% da população
global). Para chegar aos resultados, pesquisadores compararam a adoção
de dietas recomendadas por órgãos de saúde com impactos ambientais. A
pesquisa teve como primeiro autor Paul Behrens, da Universidade de
Leiden (Holanda).
A partir da comparação, pesquisadores encontraram que a adoção da dieta
em países de renda alta contribuiu para uma diminuição de 13% a 24% de
gases causadores do efeito estufa; de 9,8% a 21,3% em eutrofização; e de
5,7 a 17,6% de uso do solo.
Já nos países de renda média alta, as diminuições foram,
respectivamente, de 0,8 a 12,2%; de 7,7 a 19,4%; e de 7,2% a 18,6%. Foi
considerado como ponto de partida para o estudo o momento imediatamente
anterior à adoção das diretrizes dietéticas em cada país.
O Brasil, por exemplo possui uma diretriz do Ministério da Saúde para a nutrição, primeiramente publicada em 2006: o "Guia Alimentar da População Brasileira".
No guia, que tem a última edição de 2014, há indicações para que a
alimentação tenha como base alimentos frescos (frutas, carnes, legumes) e
minimamente processados (arroz, feijão e frutas secas).
Também há recomendações para que o brasileiro evite, ao máximo, os
alimentos ultraprocessados, como macarrão instantâneo, salgadinhos de
pacote e refrigerantes.
Efeito nos países pobres depende das diretrizes
Segundo o estudo, a maioria das recomendações dietéticas no mundo
recomenda reduções de açúcar e óleos. Quanto à ingestão de calorias, as
taxas variam: na Índia, a recomendação é de maior ingestão de caloria --
enquanto os Estados Unidos focam em redução.
Também em países mais pobres, como Índia e Indonésia, há a recomendação
para o aumento do consumo de carne (ao contrário do restante do mundo,
que possui tendência de diminuição do consumo). Ainda, em regiões de
renda baixa, há preocupações com subnutrição em algumas -- o que
justifica a adoção de diretrizes com maiores calorias.
Ainda, talvez seja essa variação na recomendação que tenha levado a uma
tendência oposta nos efeitos das recomendações dietéticas em países
mais pobres -- neles, a adoção das diretrizes contribuiu para um aumento
na produção de poluentes: de 12,4 a 17,0% nos gases causadores de
efeito estufa; de 24,5 a 31,9% na eutrofização; e de 8,8 a 14,8% no uso
do solo.
Produtos de origem animais poluem mais
Pesquisadores mostram que produtos de origem animal (carne, peixe e
derivados do leite) estão mais frequentemente associados à poluição do
meio ambiente. Eles respondem por 22% da emissão de gases causadores do
efeito estufa em países pobres; por 65% em países de renda média alta; e
por 70% em países de renda alta.
O estudo cita que países como o Brasil e a Austrália distoam do
restante do grupo ao qual pertencem, com emissões ligadas à dieta cerca
de 200% maiores que a média do grupo. "Isso acontece provavelmente pelo
alto consumo de carne", escreveram.
Produtos de origem animal costumam ter impacto mais alto pelo
desmatamento para as pastagens, que libera CO2 para atmosfera e pelos
gases emitidos como produto da digestão desses animais.
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