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4.01.2009
CARNE VERMELHA FAZ MAL À SAÚDE?
Um novo estudo sobre os efeitos da carne sugere que ela pode ser nociva - mas apenas em excesso.
É o argumento que faltava para quem adora um filé. A carne vermelha faz bem ou faz mal? Essa é uma das mais apetitosas discussões de quem se preocupa com o que coloca no estômago.
Ela não envolve apenas os representantes de dois extremos: os vegetarianos que dizem viver muito bem sem proteína animal e os gourmets para os quais uma vida sem carne não merece ser vivida. Um importante estudo médico divulgado na semana passada reacendeu a polêmica, que diz respeito também ao consumidor mediano, aquele que se preocupa com a saúde mas não está disposto a recusar a picanha fumegante que o garçom acabou de pôr na mesa.
A novidade: os carnívoros moderados parecem não ter razão para se preocupar. A notícia é um alívio para quem aprecia as boas receitas e tem vivido, com água na boca, o renascimento culinário que os grandes chefs de cozinha produziram nos últimos anos em torno da carne vermelha.
Financiada pelo Instituto Nacional do Câncer e publicada no Archives of Internal Medicine dos Estados Unidos, a pesquisa analisou dados de 500 mil americanos entre 50 e 71 anos. Os cientistas concluíram que o consumo elevado de carne vermelha (68 gramas a cada 1.000 calorias ingeridas, o equivalente a um bife por dia) aumenta o risco de morte por câncer e doenças cardiovasculares. Segundo os pesquisadores, 11% das mortes em homens e 16% das mortes em mulheres poderiam ser adiadas se o consumo de carne fosse reduzido para 9 gramas do produto a cada 1.000 calorias ingeridas. Isso equivale a míseros 126 gramas de carne vermelha por semana - menos da metade que a Organização Mundial da Saúde (OMS) considera aceitável.
Conclui-se que o estudo recomenda um consumo bastante moderado. "O trabalho é importante porque mostrou que um fator isolado (o excesso de carne vermelha) é capaz de aumentar o risco de câncer", diz Fábio de Oliveira Ferreira, cirurgião oncológico do Hospital A.C. Camargo, em São Paulo. "Mas ninguém precisa deixar de comer carne." Segundo Ferreira, o importante é seguir uma dieta equilibrada, fazer atividade física e consumir fibras. Ou seja: investir em outros hábitos que têm uma função protetora contra o câncer e ajudam a neutralizar os eventuais danos que a carne possa produzir.
A preocupação com a saúde é o principal argumento que costuma ser usado para condenar o consumo de carne vermelha. Estudos médicos culpam a dieta carnívora até pela degeneração da retina dos olhos. Nos últimos anos, porém, os adversários da carne se multiplicaram. Grupos que defendem os animais e ambientalistas intensificaram a propaganda vegetariana. O alerta para a crueldade dos métodos de abate foi o começo.
Em seguida, a carne vermelha entrou na mira das pesquisas sobre o aquecimento global. Um relatório recente do Greenpeace afirma que a produção de 1 quilo de filé bovino emite gases causadores do efeito estufa equivalentes ao de um avião num voo de 100 quilômetros.
Quem é capaz de verificar esse tipo de estimativa? Diante dessa avalanche de má vontade, a carne parecia destinada a se tornar uma coisa tão fora de moda quanto o cigarro. Mas algo ocorreu. Ao contrário do indefensável cigarro, a carne começou a ser reabilitada. Um de seus defensores de maior sucesso é o ex-vegetariano Tom Mylan, que hoje ganha a vida como açougueiro (leia a entrevista na última página).
Há um ano, quando passou a dar aulas sobre cortes no açougue Marlow & Daughters, em Nova York, Mylan parecia condenado ao desemprego. Hoje, há 60 pessoas na fila de espera. Segundo sua filosofia, é preciso ver bem de perto uma carcaça animal para apreciar o melhor das carnes.
A cada aula, o açougueiro fatia um porco de 200 quilos para mostrar como se extrai dali os pedaços mais saborosos.
Apesar da carnificina, há uma preocupação ambiental: todos os animais que ele esquarteja foram criados em fazendas com certificado de manuseio humanitário. Eram porcos felizes, segundo seus criadores.
A filosofia parece um tanto cruel, mas faz sentido quando se descobre que Mylan é um ex-vegetariano que odeia carne industrializada. Quando a aula do açougueiro termina, os alunos se veem diante de uma pirâmide de pedaços de porco - sem uma gota de sangue. Quase tudo é aproveitado. Para Mylan e outros adeptos do "neocarnivorismo", consumir todos os cortes possíveis, da cabeça ao rabo, seria uma maneira de justificar a morte do animal, pois nada é desperdiçado.
A lógica também vale para os restaurantes. Nos Estados Unidos, alguns estabelecimentos deixaram de comprar carnes porcionadas e passaram a encomendar animais inteiros para garantir cortes precisos e economia. -
Fonte: ÉPOCA – Portal Médico
Que carnes são consideradas “vermelhas”? As mais consumidas no Brasil são as carnes de boi, porco, cordeiro e veado.
O ideal para o ser humano é ser vegetariano?
A cada dia cresce o número de pessoas que optam por tirar a carne do cardápio. Pode ser uma questão de saúde ou de filosofia de vida.
Mas todos têm de prestar atenção na dieta para garantir a quantidade e também a qualidade dos nutrientes que o corpo precisa.
A carne vermelha realmente pode acarretar doenças coronarianas? O consumo elevado de carne vermelha tem sido associado a maior risco de doenças coronarianas, provavelmente devido aos seus altos níveis de colesterol e gordura saturada. Posições:
1) Dietas ricas em gorduras monoinsaturadas (como o óleo de oliva) reduzem o risco de doença cardíaca;
2) Dietas ricas em gorduras saturadas (como a carne vermelha) aumentam muito pouco o risco de doença coronariana, quando comparadas com dietas ricas em carboidratos, como pão, macarrão e doces.Que cortes de carne vermelha são considerados magros e que cortes são considerados gordos?Magros: filé mignon e a alcatra.Gordos: picanha e a costela.
Por que as carnes vermelhas sempre são taxadas de vilãs? Elas realmente podem causar doenças a longo prazo, como câncer?
As carnes vermelhas podem ser ricas em gorduras saturadas, que fazem mal ao organismo e em excesso são inflamatórias. Além disso, alguns animais recebem antibióticos e hormônios que são potencialmente nocivos ao organismo dos seres humanos, por isso é importante saber comprar as carnes.
Sobre o câncer: evite as carnes de churrascarias, pois entram em contato com carvão, que libera uma substância muito tóxica e cancerígena ao organismo.Qual quantidade de carne vermelha é saudável para ser consumida, semanalmente?O consumo não deve ultrapassar 3 vezes por semana, intercalando com outras fontes proteicas.Quais são os benefícios da carne vermelha?A carne vermelha nos oferece proteínas que são essenciais à vida, e a falta delas faz com que nosso corpo tenha envelhecimento precoce e produção reduzida de anticorpos.
Carne de boi, porco, cordeiro e veado são excelentes fontes de proteína e aminoácidos necessários à regeneração celular, além disso, são fonte de ferro heme*, que é mais facilmente absorvido pelo organismo e que também ajuda na renovação da célula.
Além do ferro, as carnes são as principais fontes de vitamina B12, essencial na proteção contra as anemias. A presença de nutrientes essenciais em sua composição faz com que o nosso organismo esteja sempre equilibrado, sem carências nutricionais.Com relação aos teores de gordura e colesterol, a carne bovina é menos saudável que o frango?
É sempre melhor optar pelo frango em vez da carne?
Sim, pois a carne de frango possui menor índice de gordura, melhor metabolização no organismo, não exige que o nosso fígado (órgão responsável pela desintoxicação do organismo) tenha tanto trabalho para eliminar toxinas e hormônios, isto é, diminui o nível de armazenamento das toxinas circulantes.
Dar preferência a carnes sem hormônios.As vitaminas e nutrientes da carne vermelha são substituíveis?O mais comum quando não se come carne é a carência das vitaminas do complexo B, como a vitamina B12, assim como de ferro e proteínas para produção de colágeno (trazendo flacidez).
Para quem opta por não comer carne, pode ingerir fontes proteicas animais provindas de peixes, aves, ovos ou fontes vegetais completas (que possuam todos os aminoácidos existentes), como a soja e o grão de quinua.
Dra. Daniela Jobst
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