4.05.2009

Combinações perigosas

Misturar remédios com outros medicamentos ou com certos alimentos pode produzir efeitos colaterais graves
Durante a consulta médica, o paciente muitas vezes se esquece de uma pergunta básica: "O que não se deve misturar com os remédios indicados?"
Esse pequeno descuido pode dar muita dor de cabeça e até comprometer o tratamento. Alimentos aparentemente inocentes, como queijo ou chocolate, algumas taças de vinho ou um simples analgésico podem interagir com o medicamento indicado, causando efeitos colaterais que eventualmente levam até a uma arritmia cardíaca, convulsões e, em casos mais graves, a morte.

Alerta sobre esses riscos, a dentista Malu Antunes, 48, que toma broncodilatadores durante suas crises periódicas de asma, evita café e chocolate.
"Foi por acaso. Quando comia chocolate, chegava a ter taquicardia e falta de ar e passei a prestar atenção. Descobri que era a mistura com o remédio".

O álcool é outra substância que pode interferir perigosamente na ação de um remédio, e não apenas "cortar o efeito", como se costuma dizer. Misturado com tranquilizantes, pode diminuir drasticamente a performance mental e motora. Consumido com alguns antiparasitários ou antifúngicos, pode causar até desmaios e convulsões.

"Os alimentos podem potencializar o efeito de um remédio, diminui-lo ou anulá-lo", explica Dirceu Raposo de Mello, presidente do Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo. "Qualquer interferência na função do medicamento é grave. Um antibiótico com a ação reduzida à metade, em vez de combater, pode criar bactérias mais resistentes".

Os medicamentos também podem interagir com outros medicamentos, causando falha do tratamento, aumento do efeito esperado ou um efeito tóxico. "Os antiácidos, por exemplo, muito usados sem receita médica, ao reduzir a acidez do estômago, interferem na absorção de outros medicamentos, podendo modificar seu efeito",
As interações variam de acordo com as condições específicas de cada um. Idade, estilo de vida e genética estão entre os fatores que fazem diferença. Crianças e idosos são mais suscetíveis -principalmente os últimos, que costumam tomar vários remédios ao mesmo tempo.

"Algumas alterações a pessoa percebe, mas não sabe que está relacionada com o medicamento. Embora muita gente não dê importância, todo efeito adverso que ocorrer durante a utilização de um remédio deve ser comunicado ao médico", alerta Anthony Wong, responsável pelo Centro de Assistência Toxicológica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.



Perguntar com a receita na mão
1 - Se o medicamento está com nome fantasia, existem outros com o mesmo princípio ativo (principal substância)?
2 - Como atua este medicamento? Ele vai me curar ou somente aliviará os sintomas?
3 - De que forma e quando devo tomá-lo?
4 - Como posso saber se o medicamento está atuando e o que devo fazer se não notar melhoras?
5 - Quais são os efeitos colaterais ou indesejáveis mais comuns?
7 - O que devo fazer se esquecer de tomar o medicamento?
8 - Posso usar outros medicamentos ao mesmo tempo? Posso tomar bebidas alcoólicas? Existem alimentos que devo evitar?
9 - Há risco de ficar dependente deste medicamento?

Fonte: Health Action International/Sociedade Brasileira de Vigilância de Medicamentos

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