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7.14.2009
SEU FILHO ESTÁ ASSISTINDO TELEVISÃO DEMAIS?
Foi-se o tempo em que uma hora ou duas horas da TV ligada na sala de casa servia para compartilhar um entretenimento ingênuo entre familiares, amigos e vizinhos.
Desde a sua popularização nos anos 50 e 60 até nossos dias, a presença da televisão em nossas casas e o seu efeito sobre nossas vidas tomou proporções que clamam por reflexão e debate de vários setores da sociedade.
Os principais impactos negativos da TV atingem, principalmente, crianças e adolescentes, e estão relacionados tanto com os conteúdos das programações, quanto com a intensidade com que são assistidas (esta intensidade é avaliada pela quantidade de horas despendidas por dia em frente ao aparelho).
Revisão recente dos principais estudos científicos dos últimos cinquenta anos, que analisam os efeitos do excesso de mídia sobre crianças e adolescentes e suas repercussões na vida adulta, descortina um cenário preocupante. Vários aspectos da saúde, desenvolvimento e amadurecimento de crianças e adolescentes são afetados.
Vejamos um resumo deste quadro:
Os estudos demonstram uma relação direta entre exposição à violência na mídia (e aqui conta TV, DVD, Internet e vídeo games) e comportamento violento. A violência na mídia contribui para comportamento agressivo de adolescentes e futuros adultos, para a banalização da violência, pesadelos em crianças e medo de ser agredido. Os estudos de mais longa duração mostram que crianças e adolescentes que cresceram assistindo mais TV por dia são mais prováveis de cometer atos de violência, mesmo quando adultos, do que aqueles que cresceram assistindo menos TV.
A enxurrada de violência na mídia está quantificada: uma criança americana média terá assistido a 200.000 (é duzentos mil mesmo) atos violentos e 16.000 assassinatos na TV até os 18 anos. Cabe lembrar que a média de tempo das crianças brasileiras defronte a TV não é muito diferente das americanas.
Dois terços de toda a programação contém algum tipo de violência. A maioria dos atos violentos não são punidos e, frequentemente, são acompanhados por humor. As consequências de sofrimento humano e perdas são raramente abordadas.
Não raro, infelizmente, o que ocorre é a glamorização da violência. É importante salientar que crianças até oito anos têm dificuldade de distinguir fantasia de realidade, tornando-as mais vulneráveis ao aprendizado da violência e de adotar como realidade a violência que elas vêem na TV.
Adolescentes que assistiam, quando crianças, programas com temas de adultos na TV, tornaram-se sexualmente ativos mais cedo que adolescentes da mesma idade que não assistiam estes programas. A incidência de gravidez na adolescência também foi maior. No último congresso da Associação Americana de Pediatria, em maio de 2009, foram apresentados resultados de um estudo demonstrando que, para cada hora por dia de média de programação para adultos, assistidos por crianças de 6 a 8 anos, a chance deste grupo ter relação sexual no início da adolescência (de 12 a 14 anos) aumentou 33%.
Quanto mais jovem, mais imaturo, maior é a influência da mídia. A mídia passa a ser “a” referência muito cedo. Este aprendizado fica arraigado, difícil de ser desfeito mais tarde. E, além disso, obscurece o aprendizado que vem mais tarde com os colegas e amigos, com a família e com normas sociais, diminuindo o impacto destes últimos.
Com respeito ao uso de álcool e cigarro, os estudos também são conclusivos. A visualização de cenas de fumo e de consumo de álcool em filmes são as principais causas de fumo e uso de álcool entre adolescentes.
Crianças que assistem mais TV começam a fumar mais cedo e a TV tem um efeito maior do que pais e colegas que fumam. Um estudo europeu com 3.000 adolescentes mostrou que a intensidade de exposição à mídia esta associada ao uso de álcool na adolescência.
Infelizmente os problemas não param por aqui.
Vários estudos internacionais, conduzidos por períodos de 25 a 30 anos, mostram que quanto mais a criança assiste TV, maior a possibilidade de tornar-se obesa. Existe uma associação significativa entre o número de horas despendidas defronte a TV, no período da infância de 6 a 11 anos, e obesidade 6 anos mais tarde.
Uma prova adicional do impacto da TV no desenvolvimento da obesidade é dada por alguns estudos nos quais a redução do tempo de TV causou diminuição de peso dos indivíduos com sobrepeso ou obesos. Ainda na área do comportamento alimentar, deve ser mencionada a contribuição da mídia para a formação da autoimagem do corpo dos adolescentes, que geralmente é difundida com padrões fora da média da população.
No que tange à performance escolar e ao desenvolvimento da linguagem, os resultados indicam que a exposição precoce à mídia (e precoce aqui significa que bebes são expostos à TV e DVD) apresentam atraso na linguagem. O excesso de mídia contribui para o baixo desempenho escolar e déficit de atenção.
Além disso, adolescentes que assistem a 3 horas ou mais de TV por dia têm mais risco de desenvolver problemas de sono quando adultos.
Todas estas evidências indicam que o excesso de mídia produz danos à saúde.
E então, o que fazer?
Todos estes dados se referem a excesso e inadequação de conteúdo. Os especialistas recomendam que a exposição à mídia não supere 2 horas por dia (e aqui estão contadas todas as mídias como TV, Internet, vídeo games).
Não permitir que crianças e adolescentes assistam programas inapropriados para suas idades.
A Academia Americana de Pediatria recomenda fortemente que crianças abaixo de 2 anos não sejam expostos à TV ou DVD.
Um dado que não foi mencionado é o de que crianças que assistem muita TV são de famílias cujos pais também assistem muito TV. O primeiro passo é se auto-disciplinar. Tendo sempre presente que o hábito dos pais tem muita influência sobre as crianças.
Apesar de todas as mazelas da TV aqui descritas, deve-se salientar que a TV possui um enorme potencial positivo que pode ser transferido para a saúde da população desta geração e das gerações futuras. Menos violência, maior responsabilidade sexual, menos uso de droga, cigarro e álcool nas programações certamente produzirão este impacto positivo.
Fonte:ABC - Saúde
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