04 de julho de 2009
A expressão "cabeça de gordo" pode soar estranha, mas a emoção é um dos inúmeros fatores responsáveis pela obesidade. De acordo com especialistas, a cabeça mais do que o estômago pode destruir suas tentativas de emagrecimento e pesar na balança.
Isso ocorre quando o estado emocional passa a ser dependente da comida. A alimentação deixa de ser uma forma de sobrevivência para se tornar uma fonte de prazer. De acordo com a psicóloga Silvana Martani, especialista em obesidade da clínica de endocrinologia do Hospital Beneficência Portuguesa, não há nada errado em sentir-se bem depois de devorar uma guloseima. O problema começa quando a alimentação passa a ser a única fonte de prazer.
Nesse caso, um prato de comida é colocado como prioridade máxima e a pessoa passa a se desencantar por outros prazeres, em outras áreas da sua vida. "Até mesmo o sexo pode ser deixado de lado", garante a especialista Silvana Martani.
A obesidade e as emoções
Ninguém ficará mais gordo simplesmente por alguma carência emocional. Porém, é impossível negar como o excesso de peso pode mexer com as emoções. "Os obesos têm mais tendência a comportamentos depressivos, pois há a discriminação", afirma José Carlos Pareja, gastroenterologista e Diretor do CCOC (Centro de Cirurgia da Obesidade de Campinas).
Segundo Pareja, a equipe médica para combater os quilos a mais, e suas conseqüências para a saúde, deve ser multidisciplinar. Isso inclui o trabalho de nutricionistas, educadores físicos, endocrinologistas, cirurgiões gástricos (em alguns casos) e, é claro, psicólogo ou psiquiatra. Para o médico, como a frustração, a ansiedade e a baixa auto-estima podem ser descontadas na comida, se não houver um acompanhamento psicológico, serão maiores as chances do retorno do peso perdido.
A sutil separação entre corpo e mente
Uma das maiores provas da ligação entre os sentimentos e a obesidade é quando o obeso passa por uma redução drástica do peso. Em muitos casos, a mente não acompanha as mudanças do corpo. "Quem sempre foi gordo tem dificuldade de esquecer as formas antigas. Por isso, é comum, mesmo depois de uma cirurgia de redução de estômago, uma pessoa ter a impressão de que não vai passar por uma determinada porta ou que não há espaço suficiente em um assento", explica Pareja.
Trata-se do paciente que o gastroenterologista classifica como "gordo emagrecido". "A cabeça continua gorda, porque a pessoa mantém os mesmos hábitos - inclusive os alimentares - anteriores à perda de peso", define.
Será que você tem a "cabeça de gordo"?
O que a psicóloga Silvana Martani chama de "comprometimento emocional com a comida" pode ser detectado por algumas atitudes. Veja se você vive as situações abaixo e descubra se os seus pensamentos estão deixando a balança mais pesada:
- Só sente prazer extremo, um êxtase, quando come. E não consegue nomear outras atividades que provoquem satisfação elevada; - Não prioriza a qualidade dos alimentos;- Não come verduras, legumes e frutas;- Come escondido, fora dos horários das refeições;- O hábito alimentar inadequado muitas vezes foi herdado da família ou foi desencadeado por problemas pessoais e profissionais, que resultam em perda da auto-estima e, em casos avançados, pode levar à depressão;- Acha que sem os quilos extras a sua vida mudaria totalmente. O correto era pensar que se mudasse de vida, aí conseguiria perder esses quilos; - Quer ser "emagrecido", sem esforço, e ainda responsabiliza somente os alimentos e os médicos pelo fracasso na dieta. Nunca assumi a culpa.
Fonte: Portal Terra
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