Quimioterápico reduz mortes de crianças com anemia
O trabalho, apresentado ontem no congresso da Sociedade Americana de Hematologia, em Orlando, foi feito pelo Hemorio (Instituto Estadual de Hematologia Arthur Siqueira Cavalcanti), do Rio de Janeiro.
Na anemia falciforme, os glóbulos vermelhos, normalmente redondos, assumem a forma de foice e se tornam rígidos. Isso obstrui as artérias e eleva o risco de trombose e AVC, além de causar dores, anemia e pneumonias.
O uso da hidroxiurea em adultos é bem estabelecido. Em crianças, não há consenso, devido à sua toxicidade.
O Ministério da Saúde autoriza o uso do remédio para crianças a partir dos três anos que já tiveram AVC, pneumonia duas ou mais vezes, três ou mais crises de dor ou que não podem receber transfusão. Nesses casos, a droga é oferecido pelo SUS.
No Brasil, a anemia falciforme atinge uma em 1.200 crianças. Na Bahia, a incidência é maior: um caso para 600 crianças, diz Clarisse Lobo, diretora do Hemorio e coordenadora da pesquisa.
A mortalidade no país é alta. Estudo em Minas apontou que 10% das crianças com a anemia falciforme morrem.
"Nos EUA e no Reino Unido, a taxa de mortalidade é de 1%", diz Jane Hankins, do departamento de hematologia do hospital infantil St. Jude, de Memphis (EUA).
O trabalho feito no Hemorio envolveu 1.189 pacientes de três a 18 anos. Entre os que tomaram o remédio, houve redução de 68% na taxa de internação e de 36% nas transfusões. O risco de morte dos que não usaram o remédio foi 4,6 vezes maior.
"O remédio diminui a ocorrência de infecções, principal causa de mortes.
Mas o uso de quimioterápicos para tratar doenças não malignas em crianças exige mais estudos", diz Cármino de Souza, presidente da Associação Brasileira de Hematologia e Hemoterapia.
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