Eles se encontram na mira dos cientistas por estarem relacionados a tumores e males cardiovasculares. Sorte que o exercício físico é uma boa tática para vencê-los
Recentemente, médicos vêm fazendo uma marcação cerrada sobre o time dos radicais livres. E isso não é à toa. Essa molécula oxidante pode reagir com lipídios, proteínas e até com o nosso código genético. Em outras palavras, possui a habilidade de alterar estruturas do corpo, causando todo tipo de dano (veja alguns deles no quadro ao lado). Por isso que qualquer ação capaz de controlá- la é aplaudida pela torcida organizada dos especialistas. E, para alegria deles, pesquisas mostram que uma estratégia bem eficiente é praticar atividade física — ao contrário do que se apostava antes.Um desses estudos foi realizado pelo fisiologista Orlando Laitano, da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf ), em Petrolina, Pernambuco. Ele analisou o sangue de voluntários após sessões de exercícios. “Os indivíduos ativos desenvolvem uma grande proteção antioxidante”, atesta Laitano. Uma das razões disso está na mitocôndria. Alojada dentro da célula, ela é uma espécie de usina geradora de energia para as tarefas diárias. Para essa produção, usa como matéria-prima o oxigênio. O problema é que, no processo, esse elemento químico pode formar o protagonista desta reportagem.
Mas, quando você caminha ou nada com frequência, por exemplo, faz com que essa usina intracelular trabalhe com maior eficiência. “A pessoa treinada melhora o aproveitamento de oxigênio e isso, em médio prazo, diminui a produção de radicais livres”, observa a fisiologista Maristela Padilha, do Centro Universitário Metodista do Instituto Porto Alegre, no Rio Grande do Sul.
“O interessante é que, durante a atividade física, há uma produção maior de radicais livres”, conta Orlando Laitano. “Isso porque naturalmente usamos mais oxigênio quando nos esforçamos”, completa. Mas calma: nem por isso exercitar-se é sinônimo de risco para as células. O corpo acaba se adaptando, criando estoques extras de enzimas com o poder de neutralizar os efeitos desse adversário. “Além disso, em quem se exercita, essas enzimas funcionam de modo mais efi- caz”, acrescenta a fisiologista Maristela Padilha (veja o infográfico ao lado). É como se ficassem mais velozes.
RECOMENDAÇÕES
Para que as nossas defesas estejam sempre prontas para entrar no jogo, é essencial treiná-las com regularidade. Mais especificamente, três vezes por semana, por cerca de 45 minutos. Contudo, deve-se ficar atento à intensi- dade do exercício, que — note bem — precisa ser moderada. “Práticas muito vigorosas dão origem a um número excessivo de moléculas oxidantes”, contrapõe a educadora física Fabiana Andrade Machado, da Universidade Estadual de Maringá, no Paraná. Aí, não conseguimos ativar enzimas suficientes para nos resguardarmos. Resultado: danos celulares em vez de mais saúde.
Por outro lado, é necessário que o corpo seja estimulado. Uma passada muito lenta não fará com que a equipe dos antioxidantes seja reforçada. “Até por isso, conforme a pessoa vai se adaptando, costumamos aumentar um pouco a carga da atividade para evitar a estagnação”, diz Fabiana.
Outra coisa: até o momento a maioria dos estudos foi realizada com os chamados esportes aeróbicos. Mas surgem cada vez mais indícios de que a musculação pode, sim, nos proteger também. O importante mesmo é não parar de ralar, seja qual for a modalidade escolhida. Do mesmo jeito que a melhora aparece rapidamente, poucas semanas de sedentarismo mandam grande parte do nosso esforço para escanteio. “Ninguém sustenta o que não é trabalhado”, arremata Maristela Padilha. Logo, o jeito é fazer de tudo para sempre se manter ativo. Só assim sua equipe de defesa não dará chances a seus oponentes. Vitória da saúde.
› Membrana celular: o radical livre reage com os lipídios que constituem essa espécie de parede das células. Com isso, dificultam a passagem de substâncias vitais e contribuem para o seu envelhecimento.›› DNA: o oponente em questão também modifica a maneira como o código genético se expressa. Esse é o primeiro passo para o aparecimento de tumores, só para citar um exemplo.
›› Músculos: o radical ainda dificulta o desenvolvimento da musculatura. De quebra, pode ser o responsável pelo enfraquecimento desse tecido e por aquele cansaço aparentemente inexplicável.
Até os radicais livres podem ser benéficos para nós — desde que seu time não seja mais numeroso do que deveria. “Eles desestruturam a parede celular de certos fungos e bactérias”, exemplifica Momtchilo Russo, imunologista da Universidade de São Paulo. Ou seja, nossas defesas os utilizam para superar os micróbios. “Por isso, se um indivíduo ingerir suplementos para diminuir a produção dessas moléculas sem prescrição, poderá comprometer suas defesas”, alerta Patrícia Ferraz, nutricionista do Instituto Vita, em São Paulo. Esses suplementos são indicados apenas a atletas de alta performance, cujo esforço exacerbado gera radicais além da conta.
A DISPUTA
Depois de algum tempo, o esporte consegue dar um chega pra lá nos radicais livres. Veja como isso ocorre.
1 APITA O ÁRBITRO!
O time de vermelho é composto dessas moléculas perigosas. No momento em que puxamos mais oxigênio em decorrência de uma ligeira sobrecarga física, ele fica com um pouco mais de jogadores em quadra. Então, parte para cima de um membro valioso — e frágil — da equipe de azul: a célula.
2 A VIRADA
A célula, quando ameaçada, chama reforços. Rapidamente, as enzimas entram na partida e vão de encontro aos seus antagonistas. A marcação delas consiste em uma série de reações químicas que, no final, vão transformar seus rivais em substâncias inofensivas, como a água. Refresco para o corpo.
3 O PLACAR FINAL
No término do embate, as moléculas oxidantes são varridas do jogo. Vitória de lavada das defesas do organismo, que agora terão um esquadrão enzimático sobressalente para não dar colher de chá aos seus oponentes no futuro. E, desde que você se mantenha ativo, essa seleção de benfeitores continuará firme e forte para levar o campeonato — ou, como diriam os especialistas, para manter sua saúde em dia.
O BANCO DE RESERVAS
Para deixá-lo repleto de aliados, consuma fontes de proteína, matéria-prima das enzimas antioxidantes. “Elas também precisam de minerais como o zinco, dos frutos do mar, e o selênio, das castanhas, para realizar seu trabalho”, diz a nutricionista Patrícia Campos Ferraz. Alimentos que são eles próprios antioxidantes, como os ricos em vitamina C, também inutilizam o adversário de uniforme vermelho.
NÃO OS DEIXE ENTRAR NO JOGO
Para impedir que os radicais livres lotem a quadra, evite fumar, beber em excesso, ingerir alimentos industrializados, ficar estressado com frequência, dormir pouco ou até… exagerar na academia.
›› Músculos: o radical ainda dificulta o desenvolvimento da musculatura. De quebra, pode ser o responsável pelo enfraquecimento desse tecido e por aquele cansaço aparentemente inexplicável.
Até os radicais livres podem ser benéficos para nós — desde que seu time não seja mais numeroso do que deveria. “Eles desestruturam a parede celular de certos fungos e bactérias”, exemplifica Momtchilo Russo, imunologista da Universidade de São Paulo. Ou seja, nossas defesas os utilizam para superar os micróbios. “Por isso, se um indivíduo ingerir suplementos para diminuir a produção dessas moléculas sem prescrição, poderá comprometer suas defesas”, alerta Patrícia Ferraz, nutricionista do Instituto Vita, em São Paulo. Esses suplementos são indicados apenas a atletas de alta performance, cujo esforço exacerbado gera radicais além da conta.
A DISPUTA
Depois de algum tempo, o esporte consegue dar um chega pra lá nos radicais livres. Veja como isso ocorre.
1 APITA O ÁRBITRO!
O time de vermelho é composto dessas moléculas perigosas. No momento em que puxamos mais oxigênio em decorrência de uma ligeira sobrecarga física, ele fica com um pouco mais de jogadores em quadra. Então, parte para cima de um membro valioso — e frágil — da equipe de azul: a célula.
2 A VIRADA
A célula, quando ameaçada, chama reforços. Rapidamente, as enzimas entram na partida e vão de encontro aos seus antagonistas. A marcação delas consiste em uma série de reações químicas que, no final, vão transformar seus rivais em substâncias inofensivas, como a água. Refresco para o corpo.
3 O PLACAR FINAL
No término do embate, as moléculas oxidantes são varridas do jogo. Vitória de lavada das defesas do organismo, que agora terão um esquadrão enzimático sobressalente para não dar colher de chá aos seus oponentes no futuro. E, desde que você se mantenha ativo, essa seleção de benfeitores continuará firme e forte para levar o campeonato — ou, como diriam os especialistas, para manter sua saúde em dia.
O BANCO DE RESERVAS
Para deixá-lo repleto de aliados, consuma fontes de proteína, matéria-prima das enzimas antioxidantes. “Elas também precisam de minerais como o zinco, dos frutos do mar, e o selênio, das castanhas, para realizar seu trabalho”, diz a nutricionista Patrícia Campos Ferraz. Alimentos que são eles próprios antioxidantes, como os ricos em vitamina C, também inutilizam o adversário de uniforme vermelho.
NÃO OS DEIXE ENTRAR NO JOGO
Para impedir que os radicais livres lotem a quadra, evite fumar, beber em excesso, ingerir alimentos industrializados, ficar estressado com frequência, dormir pouco ou até… exagerar na academia.
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