por Alysson Muotri |
A notícia circulou na web, canais de TV e o vídeo do garoto gordinho croata de 6 anos, sem camisa e cheio de colheres e panelas grudadas ao corpo virou um viral. Agora aconteceu de novo, dessa vez no Brasil. Mais um relato de um garoto com capacidades de atrair metais. As manchetes de tabloides bizarros postavam que o menino-magneto tinha um “poder extraordinário” de atrair objetos metálicos.
Pode acreditar: não existe nada de magnético nesses superpoderes.
Se realmente fosse um magnetismo, ele não teria que dar uma “ajeitadinha” na postura ou ficar quieto pras coisas não caírem. Os objetos tendem a grudar no peito, na parte de cima, aproveitando-se da curvatura do corpo. Na verdade, ele poderia até pular que as colheres e moedas deveriam continuar presas ao corpo. Além disso, os objetos são lisos, com ampla superfície de contato. O garoto deveria ser capaz de atrair objetos não lisos ou com pouco contato, como uma moeda de ladinho. Outra observação que denuncia os poderes não-magnéticos é sua habilidade de grudar objetos não metálicos como um aparelho celular e o controle remoto da TV. Esses objetos são em sua maioria constituídos de plástico. Então concluo que os poderes do garoto não são relacionados com magnetismo.
Mas então como explicar o fenômeno? O segredo está na pele pegajosa.
Sim, o garoto é muito “grudento”. Substâncias grudentas, como adesivos ou gosma de lesma, são caracterizados por sua propriedade viscoelástica. Imagine aquela gosminha colorida que as crianças adoram, a geleca (perdão aos mais novos, não sei se isso ainda existe!). A geleca é sólida e elástica mas também flui como um líquido viscoso se você grudá-la na parede. A fluidez é conseguida porque o material tem a capacidade de penetrar nos pequenos orifícios da superfície, permitindo que se estabeleçam pontes químicas entre a geleca e a parede. Substâncias pegajosas são aquelas que conseguem estabelecer esse contato químico íntimo com uma superfície, mas que também possuem uma rigidez interna capaz de deformar sem quebrar facilmente.
Nossa pele é, por definição, viscoelástica. E algumas peles são mais grudentas do que outras. Se por um lado você não consegue prender um colher na barriga, já deve ter tido a sensação pegajosa ao se levantar depois de sentar num sofá de plástico na casa de praia da tia. É a experiência natural confirmando a propriedade adesiva da sua pele.
A pele humana é coberta de gordura e óleos, fatores responsáveis pela elasticidade e proteção contra micro-organismos. Quando um objeto liso entra em contato com essa oleosidade da pele, estabelece pontes químicas favorecendo a união pele-objeto. É exatamente isso que aconteceu no caso do garoto croata, do brasileiro e de tantos outros relatos que chamaram menos a atenção da mídia.
A pele desses garotos é jovem, bem mais lisa do que a dos adultos. Os garotos também têm pouco pelos, o que deixa tudo mais grudento. Os objetos grudam. Aliás, o garoto croata relatou que os poderes são melhores quando ele acorda – nada como um suor ao acordar pra dar uma ajudinha.
Pra mim, não existe mistério algum. Quem já viu o truque da colher no nariz já presenciou isso antes. Os casos parecem ser raros ou inusitados porque poucas pessoas gastam seu tempo tentando pendurar colheres na barriga.
G1
Pode acreditar: não existe nada de magnético nesses superpoderes.
Se realmente fosse um magnetismo, ele não teria que dar uma “ajeitadinha” na postura ou ficar quieto pras coisas não caírem. Os objetos tendem a grudar no peito, na parte de cima, aproveitando-se da curvatura do corpo. Na verdade, ele poderia até pular que as colheres e moedas deveriam continuar presas ao corpo. Além disso, os objetos são lisos, com ampla superfície de contato. O garoto deveria ser capaz de atrair objetos não lisos ou com pouco contato, como uma moeda de ladinho. Outra observação que denuncia os poderes não-magnéticos é sua habilidade de grudar objetos não metálicos como um aparelho celular e o controle remoto da TV. Esses objetos são em sua maioria constituídos de plástico. Então concluo que os poderes do garoto não são relacionados com magnetismo.
Mas então como explicar o fenômeno? O segredo está na pele pegajosa.
Sim, o garoto é muito “grudento”. Substâncias grudentas, como adesivos ou gosma de lesma, são caracterizados por sua propriedade viscoelástica. Imagine aquela gosminha colorida que as crianças adoram, a geleca (perdão aos mais novos, não sei se isso ainda existe!). A geleca é sólida e elástica mas também flui como um líquido viscoso se você grudá-la na parede. A fluidez é conseguida porque o material tem a capacidade de penetrar nos pequenos orifícios da superfície, permitindo que se estabeleçam pontes químicas entre a geleca e a parede. Substâncias pegajosas são aquelas que conseguem estabelecer esse contato químico íntimo com uma superfície, mas que também possuem uma rigidez interna capaz de deformar sem quebrar facilmente.
Nossa pele é, por definição, viscoelástica. E algumas peles são mais grudentas do que outras. Se por um lado você não consegue prender um colher na barriga, já deve ter tido a sensação pegajosa ao se levantar depois de sentar num sofá de plástico na casa de praia da tia. É a experiência natural confirmando a propriedade adesiva da sua pele.
A pele humana é coberta de gordura e óleos, fatores responsáveis pela elasticidade e proteção contra micro-organismos. Quando um objeto liso entra em contato com essa oleosidade da pele, estabelece pontes químicas favorecendo a união pele-objeto. É exatamente isso que aconteceu no caso do garoto croata, do brasileiro e de tantos outros relatos que chamaram menos a atenção da mídia.
A pele desses garotos é jovem, bem mais lisa do que a dos adultos. Os garotos também têm pouco pelos, o que deixa tudo mais grudento. Os objetos grudam. Aliás, o garoto croata relatou que os poderes são melhores quando ele acorda – nada como um suor ao acordar pra dar uma ajudinha.
Pra mim, não existe mistério algum. Quem já viu o truque da colher no nariz já presenciou isso antes. Os casos parecem ser raros ou inusitados porque poucas pessoas gastam seu tempo tentando pendurar colheres na barriga.
G1
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