2.02.2012

FIGNER: UMA INCRIVEL ESTÓRIA.









Assunto: FW: Enc: FIGNER: UMA INCRIVEL ESTÓRIA.
Enviada por Anibal Pinheiro


FRED FIGNER
OS GRAMOFONES
Frederico Figner nasceu em dezembro de 
1866 em Milewko, na então Tcheco-Eslováquia. 
Ainda muito jovem e buscando ampliar 
seus horizontes migrou para os Estados Unidos,
chegando ao país no momento em que 
Thomas Edison estava lançando um aparelho 
que registrava e reproduzia sons por 
intermédio de cilindros giratórios.
 Fascinado pela novidade, adquiriu um 
desses equipamentos e vários rolos de 
gravação, embarcando com sua preciosa 
carga em um navio rumo a Belém do Pará, 
onde chegou em 1891 sem conhecer 
uma única palavra do Português. 
Naquela cidade começou a exibir 
a novidade para o público, que pagava 
para registrar e escutar a própria voz.
 O sucesso foi imediato e, de Belém, 
Fred se dirigiu para outras praças, 
sempre com o gravador a tiracolo. 
Passou por Manaus, Fortaleza, Natal, 
João Pessoa, Recife e Salvador antes 
de chegar ao Rio de Janeiro, no ano 
seguinte, já falando e entendendo 
um pouquinho do nosso 
idioma e com um razoável pé de meia. 
Na Cidade Maravilhosa Figner abriu 
sua primeira loja, a Casa Edison, 
em um sobrado da Rua Uruguaiana, 
onde importava e comercializava 
esses primeiros fonógrafos.

Comercial da Casa Edison da Rua 
Uruguaiana

CASA EDISON
Por essa mesma época o cientista judeu 
]Emile Berliner tinha acabado de lançar 
nos Estados Unidos um equipamento de 
gravação que utilizava discos revestidos 
com cera, com qualidade sonora superior 
ao do aparelho de Thomas Edison. 
Fred Figner percebeu de imediato o 
potencial da nova invenção e transferiu
seu estabelecimento de um sobrado da 
Rua Uruguaiana para uma loja térrea 
na tradicional Rua do Ouvidor, onde 
abriu o primeiro estúdio de gravação 
e varejo de discos do Brasil, em 1900.

Casa Edison da Rua do Ouvidor
OS PRIMEIROS DISCOS
Os discos fabricados por Figner nessa 
fase inicial utilizavam cera de carnaúba, 
eram gravados em apenas uma das faces 
e tocados em vitrolas movidas a manivela. 
Apesar das limitações técnicas, essa 
iniciativa representou uma verdadeira 
revolução para a música popular 
brasileira, que engatinhava, pois até 
então os artistas só podiam se 
apresentar ao vivo ou comercializar 
suas criações por intermédio de 
partituras impressas. 
O primeiro disco brasileiro foi 
gravado na Casa Edison pelo 
cantor Manuel Pedro dos Santos, 
o Bahiano, em 1902. 
Era o lundu “Isto é Bom”, de autoria 
do seu conterrâneo Xisto da Bahia. 
A partir daí mais e mais artistas 
começaram a gravar suas composições 
em discos que eram distribuídos pela 
Casa Edison do Rio e também pela filial 
que Figner havia aberto em São Paulo.  
A procura pelos discos cresceu tanto 
que em 1913 Fred decidiu instalar 
uma indústria fonográfica de grande 
porte na Av. 28 de Setembro, 
Vila Isabel, dando origem ao 
consagrado selo Odeon.


Discos Odeon
A MANSÃO FIGNER
Fred Figner era um homem à frente do seu 
tempo e para coroar o sucesso nos negócios 
decidiu erguer uma residência que 
spelhasse seu perfil  empreendedor. 
A hoje conhecida Mansão Figner, na Rua 

Marquês de Abrantes 99, no Flamengo,
abriga o Centro Cultural Arte-Sesc e o restaurante Bistrô do Senac.
É considerada um exemplo arquitetônico raro de “casa burguesa do início do século 20” . 
Fred Figner utilizou-a como hospital, 

em 1918, durante a pandemia conhecida 
como Gripe Espanhola.
Apesar dele próprio estar acometido pela 

enfermidade, atuou como um prestativo 
auxiliar de enfermagem, transformando 
seu palacete em uma improvisada 
enfermaria de campanha que chegou 
a abrigar quatorze pacientes em seu 
interior.


Mansão Figner Hoje 
                                        RETIRO DOS ARTISTAS
Fred era um homem generoso e solidário.
Pela própria natureza do trabalho nas suas 

duas gravadoras havia se tornado amigo de muitos músicos e cantores de sucesso.
Em uma época que antecedeu à criação da 

Previdência, ficou consternado com a situação 
de penúria que alguns desses artistas tinham 
de enfrentar ao chegar à velhice.
Sensibilizado com esse verdadeiro drama 

social, não titubeou e decidiu doar o terreno, 
em Jacarepaguá, para a construção da 
modelar instituição Retiro dos Artistas, 
que funciona até os dias de hoje.


Retiro dos Artistas em Jacarepaguá
                                                 
                                              O FINAL
Em 19 de janeiro de 1947, quando faleceu, 
aos 81 anos de idade, ao se abrir seu 
testamento, verificou-se que Fred Figner 
havia destinado parte substancial dos 
seus bens às obras sociais de Chico Xavier. 
O jornal carioca A Noite Ilustrada 
publicou editorial em que o judeu 
Frederico Figner foi honrado, 
post-mortem, com o merecido 
título de o mais brasileiro de 
todos os estrangeiros”.


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