Um teste genético lançado há três semanas no Brasil promete indicar o "mapa da mina" de cada pessoa e oferecer orientações personalizadas de dieta e exercícios.
Os resultados podem indicar quatro tipos de dieta (mediterrânea, com pouca gordura, com pouco carboidrato e balanceada) e dizer se a pessoa tem tendência a recuperar os quilos já eliminados.
O teste também pode dizer se o paciente tem deficiência de vitaminas e se ele se beneficiaria mais de exercícios de resistência ou de força, entre muitos outros resultados.
"É como um GPS próprio do paciente, que vai direto ao ponto", compara o endocrinologista Tércio Rocha, que já começou a prescrever o teste para seus pacientes.
"Até existir o Pathway, os médicos indicavam a dieta meio no escuro. E a genética explica por que algumas pessoas respondem a certas dietas e outras, não. Agora, podemos saber quais alimentos aceleram ou diminuem o metabolismo de cada um."
O exame está disponível no laboratório Sérgio Franco, da rede Dasa, no Rio. Deve ser oferecido também em São Paulo, mas ainda não há previsão de data.
Aqui o exame recebeu o longo nome de "perfil genômico para condicionamento e preparação física". Segundo Rocha, custa cerca R$ 950.
De acordo com Monica Freire, diretora médica dos laboratórios Dasa, o teste ajuda os médicos a tratar seus pacientes.
Ela afirma que o exame é baseado em estudos que mostram que pessoas com determinados genes respondem melhor ou pior a determinadas ações ou dietas.
E reforça que não se trata de um teste "cosmético", que qualquer pessoa poderia fazer apenas para emagrecer.
"Tudo é personalizado a partir do que o paciente quer. E são necessárias solicitação e interpretação médicas."
O ator Jayme Periard, 50, recebeu a recomendação de seu médico para fazer o teste. "Meu corpo é minha ferramenta de trabalho. Não busco só o emagrecimento, mas saúde em geral. No teatro, é preciso uma boa condição física", afirma ele, que recentemente atuou na novela do SBT "Amor e Revolução".
"Essa espécie de raio-X pode fazer com a gente tenha mais saúde para aproveitar a vida de forma mais intensa", diz o ator, que ainda não recebeu seu "perfil" genético.
DÚVIDAS
Segundo o cientista Stevens Rehen, professor do Instituto de Ciências Biomédicas da UFRJ, é inevitável que testes como esse comecem a ser cada vez mais comercializados -já há diversos exames que mapeiam o risco de doenças genéticas, como cânceres hereditários.
"A base teórica parece ser sólida, mas é difícil dizer até que ponto o teste consegue predizer o que promete."
Ele diz ainda que só com o tempo e com a análise populacional de quem fez o teste será possível ver se houve impacto na qualidade de vida.
Ele faz outra ressalva: o exame foi baseado em estudos com populações brancas e, segundo o site do teste, "há fatores genéticos e não genéticos em diferentes etnias que podem produzir diferentes resultados em populações não caucasianas".
Rehen questiona a eficácia do exame em uma população diversificada. "No Brasil, as pessoas terão que ser bem informadas sobre a variação."
Freire lembra que estamos expostos a fatores ambientais que podem mudar o que está determinado pela genética. "Não há 100% de certeza."
Folha
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