4.05.2012

Mulheres Olímpicas

As mulheres começaram a competir nos Jogos Olímpicos em 1900. Ao longo de 112 anos, acumularam uma série de conquistas. Destacamos algumas delas

O Jogos Olímpicos, disputados na cidade grega de Olímpia por volta do século VIII a.C, buscavam verdadeiros heróis – o atleta mais forte, mais rápido, mais habilidoso. As competições eram uma verdadeira celebração da potência humana. Ou masculina, mais precisamente. Registros indicam que as mulheres não eram autorizadas sequer a assistir às competições, embora não se saiba se essa proibição era respeitada. Apesar das restrições, algumas mulheres desempenharam papel importante e foram listadas como campeãs olímpicas, por serem donas de cavalos que competiam nos Jogos.
Em 1896, o barão Pierre de Coubertin recuperou a tradição grega para a Era Moderna. Coubertin acreditava que a educação formal e a prática esportiva deveriam caminhar lado a lado. Apesar do tom progressista, o aristocrata francês preferiu ser fiel a velhos preceitos, e as mulheres acabaram de fora da nova versão dos Jogos.

A despeito das ressalvas de Coubertin, a proibição não durou muito. Em 1900, 22 mulheres competiram na Olimpíada de Paris, em meio a 975 atletas homens. Competiram no tênis, vela, croquete, hipismo e golfe.

Apesar do avanço, a participação das mulheres continuou a ser vetada em algumas modalidades. Elas eram consideradas mais fracas e mais sensíveis, e acreditava-se que o esforço físico iria masculinizá-las ou provocar envelhecimento precoce. Em 1928, seis mulheres desmaiaram depois de correr a prova de 800 metros nos Jogos de Amsterdã. O incidente deu força aos detratores: o jornal The New York Times publicou que “mesmo essa distância exigia de mais das capacidades femininas”. Àquela altura, as atletas já marcavam presença nos Jogos há quase 30 anos. Mas corridas de longa distância não eram recomendadas. Com isso, a maratona feminina entrou para os Jogos somente em 1984, na Olimpíada de Los Angeles.

De 1900 a 2012, quase toda edição olímpica assistiu à introdução de uma modalidade feminina – das 30 edições dos Jogos ocorridas neste período, apenas 9 não passaram por isso. Desde 1991, todo novo esporte a ser incluído deve vir acompanhado pelo seu equivalente feminino.

Mas ainda há espaço para avanços. Este ano, o Qatar vai enviar atletas para as competições pela primeira vez: a nadadora Nada Arkaji e a velocista Noor al-Maliki. Em fevereiro, a organização de defesa dos direitos humanos Humans Rights Watch publicou um relatório pedindo o banimento da Arábia Saudita da Olimpíada de Londres. O motivo? O país nunca teve uma representante mulher.

Ao longo de 112 anos, diversas mulheres se destacaram, pelo seu desempenho e pioneirismo. Época destacou 10 delas, entre brasileiras e estrangeiras. Quem você adicionaria a essa lista?

No Brasil
Maria Lenk (Los Angeles, 1932) – Nascida em São Paulo, em 1915, Maria Lenk se tornou a primeira mulher latino-americana a participar dos Jogos Olímpicos. A nadadora tinha apenas 17 anos quando seguiu para Los Angeles em 1932.Lenk ainda participaria dos Jogos em 1936, e planejava voltar às piscinas em 1940 caso a edição não tivesse sido cancelada em virtude da 2ª Guerra Mundial. Ela é a única brasileira imortalizada no Swimming Hall of Fame, o Hall da fama da natação.

Jacqueline Silva e Sandra Pires (Foto: Divulgação/ CBV)
Jacqueline Silva e Sandra Pires (Atlanta , 1996)– nos Jogos de Atlanta, em 1996, duas duplas brasileiras disputaram a final do vôlei de praia. Jacqueline e Sandra enfrentaram Mônica Rodrigues e Adriana Samuel. O resultado foi o primeiro ouro olímpico feminino para o Brasil.



Hortência (Foto: Divulgação/ CBB)
Hortência Marcari (Atlanta, 1996) - Hortência chegou à seleção brasileira aos 16 anos e por ali ficou por 21 anos, para tornar-se uma das maiores jogaras do basquete brasileiro em todos os tempos.Nos Jogos de 1996, a equipe liderada por ela e Maria Paula Gonçalves (a Magic Paula) conquistou a medalha de prata em uma disputa acirrada contra a seleção norte-americana.



           
Maurren Maggi (Foto: Getty Images)
Maurren Maggi (Pequim, 2008)
2008 foi um ano bom para o esporte brasileiro – o país levou uma delegação recorde para Pequim (277 atletas) e o vôlei feminino foi campeão. Mas o grande destaque foi Maurren Maggi – ao saltar a 7,04 m de altura, a atleta se tornou campeã da modalidade e garantiu o primeiro ouro feminino em um esporte individual.




Ketleyn Quadros (Foto: Getty Images)
Ketleyn Quadros (Pequim, 2008) - a atleta, nascida em 1987 em Ceilândia, cidade satélite de Brasília, foi responsável por uma das grandes conquistas da delegação brasileira em Pequim: o bronze de Keytlen no judô foi a primeira medalha femina em um esporte individual.


No mundo

Charlotte Cooper (Paris, 1900) –
a tenista inglesa foi a primeira campeã olímpica da história. Nos jogos de 1900, em Paris, as mulheres competiram em 4 modalidades: tênis, vela, croquete, hipismo e golfe. Mas apenas golfe e tênis tiveram competições exclusivamente femininas. Além da medalha Olímpica, a atleta ainda venceria o tradicional torneio de Wimbledon cinco vezes entre 1895 e 1908.
Alice Coachman (Londres, 1948) – nascida no estado Americano da Georgia em 1923, Coachman foi a primeira mulher negra a se tornar campeã olímpica, ao vencer a competição de salto em altura nos Jogos de Londres de 1948. Seu salto atingiu a marca de 1,68m de altura. Apesar do feito, ao voltar para os Estados Unidos ela continuou a ser proibida de treinar junto das atletas brancas.

Nadia Comaneci (Montreal, 1976) - a ginasta romena Nadia Comaneci tinha apenas 14 anos quando encantou o mundo nos Jogos de Montreal. Foram sete notas dez, as primeiras da história do esporte em Jogos Olímpicos. A novidade foi tão inusitada que os placares sequer estavam equipados com caracteres suficientes para exibir os três dígitos do resultado (10.0).


Nawa foi a primeira muçulmana campeã olímpica (Foto: Getty Images)
Nawa El Moutawakel (Los Angeles, 1984) – Nawa foi a primeira mulher muçulmana a conquistar uma medalha de ouro em uma disputa olímpica. Nascida no Marrocos em 1964, a atleta venceu a competição dos 400m com barreiras nos Jogos de Los Angeles em 1984. Atualmente, Nawa preside a Comissão de Coordenação dos Jogos Olímpicos do Rio 2016.



Editora Globo na Olimpíada de Londres (Foto: reprodução)

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