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De novas técnicas de transplante a exame de sangue que detecta depressão; veja quais foram as grandes descobertas que revolucionaram a ciência médica neste ano
A máquina batizada de 'coração em caixa' permitiu aos médicos manter o coração de paciente morto próprio para transplante . Foto: Divulgação1/9O ano de 2014 foi marcado pela maior epidemia de ebola da história. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, cerca de 6 mil pessoas morreram por causa do vírus. Fora a tragédia provocada pelo vírus, o ano também contou com diversas notícias positivas sobre novas técnicas de transplante, um exame de sangue para diagnosticar a depressão e ainda uma promissora vacina contra o ebola, ainda em testes.
O tempo é um fator importante para o transplante de orgãos, mas cirurgiões na Austrália realizaram o primeiro transplante cardíaco usando um coração tecnicamente morto. Os médicos ressuscitaram o orgão 20 minutos após ele parar de bater. Normalmente, os corações usados em transplantes são retirados de pacientes com morte cerebral, mas ainda com batimentos cardíacos. A nova técnica permite aumentar o número de transplantes cardíacos.Médicos recorrem a impressora 3D para primeiro transplante de crânioA cirurgia, que durou 23 horas, entrou para a história. Uma holandesa se tornou a primeira pessoa a receber uma prótese plástica em reposição total ao crânio. A mulher sofria de uma condição rara que fazia com que o crânio ficasse mais espesso. Isso causava fortes dores de cabeça e fazia com que o cérebro fosse pressionado pelo crânio. De acordo com os neurocirurgiões, a técnica pode ser usada também em pacientes com danos severos ao crânio, ou tumores.Exame de sangue detecta depressão“O diagnóstico da saúde mental finalmente chegou ao século XXI”, comemorou Eva Redei, da Universidade Northwestern ao divulgar o primeiro teste de sangue a diagnosticar a depressão. A técnica utiliza marcadores biológicos para detectar a doença como também indicar o tratamento mais adequado para cada paciente.Implante de vagina desenvolvida em laboratórioUm grupo de médicos americanos conseguiu implantar vaginas criadas em laboratório em quatro mulheres que sofriam de má formação dos órgãos genitais. Os médicos usaram uma tecnologia pioneira retirando amostras de tecido das mulheres e construindo em laboratório a parte implantada a partir de um molde biodegradável. Depois do implante, as pacientes relataram níveis normais de "desejo, excitação, lubrificação, orgasmo e satisfação", além de não terem relatado dor durante a relação.
Dieta mediterrânea é boa para viver maisTodo mundo já indicava a dieta mediterrânea como a melhor para uma vida saudável, porém cientistas conseguiram provar que ela é a mais apropriada para quem quer viver bastante. Existe uma explicação genética para issto. A mistura de vegetais, azeite, peixe fresco e frutas pode impedir o nosso código de DNA de despedaçar à medida que envelhecemos, de acordo com um estudo publicado este ano no British Medical Journal.
Veja matéria completaVacina contra ebola se mostra promissoraAinda é cedo para comemorar , mas tendo em vista a tragédia ocorrida em 2014 por conta da maior epidemia de ebola da historia, a possibilidade de uma vacina contra a doença já enche a todos de esperança. Testes iniciais de uma nova vacina contra a doença tiveram resultados positivos no Mali. O esforço envolve a Organização Mundial de Saúde (OMS), os Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos e a farmacêutica britânica GlaxoSmithKline.Células-tronco se transforam em assassinas de tumor cerebralCientistas encontraram uma forma de transformar células-tronco em "máquinas" contra o câncer cerebral. Em uma experiência com ratos, as células-tronco foram geneticamente modificadas para produzir toxinas que podem matar tumores no cérebro sem matar as células normais. Pesquisadores dizem que o próximo passo será testar o processo em seres humanos.A um passo da cura do diabetes tipo 1Uma equipe de pesquisadores usou células-tronco para produzir milhares de células que controlam o nível de açúcar no sangue, capazes de secretar insulina. O estudo deu esperanças para uma possível cura da diabetes tipo 1, pacientes que tiveram as células produtoras de insulina destruídas por um processo autoimune.Nasce primeiro bebê em útero transplantadoUma sueca foi a primeira mulher do mundo a dar à luz um menino saudável depois de passar por um transplante de útero, abrindo a possibilidade para que milhares de mulheres inférteis possam ter filhos. o parto ocorreu dois anos depois de a paciente receber um útero doado por uma mulher sem vínculos com ela, de 61 anos de idade.Leia matéria completa
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'Pele de réptil'
Nadia, 8 anos, nasceu com uma película transparente cobrindo todo o corpo, como a pele de um réptil.
Apenas 28 pacientes foram diagnosticados com esse problema no mundo todo, caso de Nádia é um dos mais raros entre eles
A espanhola Nadia Nerea Blanco tem apenas 8 anos, mas já passou por muitas dificuldades: ela nasceu com uma película transparente cobrindo todo seu corpo, como a pele desprendida por um réptil."Era como aqueles plásticos finos que embrulham alimentos para congelar", disse à BBC mundo Fernando Drake Blanco, pai da menina.
O susto dos pais foi tão grande quanto o dos médicos. "Estavam tão perdidos como nós. Não sabiam o que era, nunca tinham visto nada assim", lembra Blanco.
Só depois de um ano meio de avaliações eles descobriram o que Nadia tinha: tricotiodistrofia, uma doença genética degenerativa considerada rara, cujos sintomas são, entre outros, o envelhecimento prematuro e a lentidão no desenvolvimento físico e mental.
Outro caso: "Meus três filhos têm uma doença rara"
Consequentemente, a menina tem dificuldades para andar, falar, sofre de catarata e outros problemas comuns em pessoas já de idade avançada. "Metade de suas células são como as células (do corpo) de uma pessoa de 70 anos", afirmou Blanco.
Os pais e os médicos de Nadia afirmam que apenas 28 pacientes foram diagnosticados com esse problema no mundo todo, e o caso de Nadia é um dos mais raros entre eles. "Em uma escala de um a dez, Nadia tem a doença no grau mais alto", afirmou o pai da menina.ÚnicaAna Patiño, diretora da Unidade de Genética Clínica da Clínica Universitária de Navarra, na Espanha, afirma que o caso de Nadia é realmente único. "É o primeiro e único que já vi", disse.No entanto, a médica afirma que, apesar da raridade do caso, a patologia está bem documentada. Ana foi a médica que diagnosticou a menina, fazendo o estudo genético que determinou que Nadia sofria de tricotiodistrofia. "Tivemos sorte. O genoma humano está formado por mais de 20 mil genes e, apesar de a doença estar bem documentada e se saber bastante quais são os possíveis genes responsáveis por ela, a lista não é pequena", disse.
A equipe que realizou o estudo descobriu a alteração no primeiro gene investigado. Essa sorte fez com que a equipe e os pais da menina economizassem dinheiro, já que o estudo genético é "muito sofisticado e caro" e também leva tempo.
Tempo
A médica lembra que os pais não sabiam com quanto tempo poderiam contar, ou seja, qual seria a expectativa de vida da filha, já que os médicos calculam que uma criança com a doença viva entre cinco e dez anos.
O principal objetivo dos pais é aumentar o tempo de vida de Nadia. "Porque ela não vai se curar. Quero vê-la crescer. Vê-la pela casa, já mais velha, com namorados. E, com certeza, não vou gostar de nenhum deles", disse o pai da menina.
Luta: Mães de crianças com doenças raras lutam pela ampliação do teste do pezinho
Blanco e a mãe de Nadia, Marga Garau, estão dedicando a vida à filha e economizando o que podem para o tratamento. "Vendemos tudo. Ficamos com um colchão na sala", disse Marga.
Com os US$ 870 mil (cerca de R$ 2,2 milhões) que conseguiram depois de vender seus pertences, continuaram percorrendo o mundo, buscando médicos que pudessem ajudar a aumentar o tempo e a qualidade de vida de Nadia - algo que eles tinham começado a fazer antes mesmo do diagnóstico.
A família esteve em vários países, inclusive no Brasil, para conversar com médicos. Blanco disse que, durante a conversa com médicos brasileiros, conseguiram pistas de como ajudar Nadia a mover as pernas.
Luta
Por conta de suas dificuldades de aprendizado e a fragilidade de sua saúde, dos oito meses do ano letivo na Espanha, Nadia frequenta apenas três. "É que, por exemplo, se ela tem catapora (...) deixa de andar, caminhar, falar e é preciso voltar a ensiná-la", conta o pai. E para evitar que ela desaprenda, a menina está sempre acompanhada.
Além dos pais, pessoas do mundo dos espetáculos, artistas e jornalistas acompanham a vida de Nadia. Os pais diariamente enviam cartas para pedir apoio.
Há dois anos, 25 músicos espanhóis gravaram uma versão da música dos Beatles, All You Need Is Love, para Nadia. Com a campanha, eles conseguiram arrecadar cerca de US$ 20 mil (mais de R$ 52 mil) necessários para a última das cinco operações que a menina já teve que enfrentar.Agora, acaba de ser publicado o livro Alas de Mariposa ("Asas de Borboleta", em tradução livre), escrito por Marisa López Soria e ilustrado por Javier Mariscal, para continuar arrecadando dinheiro para Nadia. A Associação Nadia Nerea para a Tricotiodistrofia vai destinar os fundos para aumentar o tempo de vida de Nadia e para ajudar outras crianças com doenças raras. "Vamos vencer a batalha", disse Blanco.
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12.27.2014
Conquistas da Ciência e da Saúde em 2014
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