A velocidade de perda de peso não tem impacto na capacidade de se manter o benefício alcançado
por Riad Younes
—
Shutterstock
A luta contra o sobrepeso e contra a obesidade
tornou-se uma obsessão nos dias atuais. Bastam pequenos descuidos que
logo o indivíduo percebe as calças não fechando mais e a barriga
insistindo em transbordar entre os botões das camisas. O senso comum,
entre médicos e especialistas em nutrição, é de que as pessoas que
queiram perder peso serão mais bem- sucedidas se adotarem medidas ou
programas que reduzam o peso de forma lenta e gradual.
Estudos no passado têm favorecido essa
abordagem, sob a explicação lógica de que a perda gradual de peso
permite ao corpo adaptar-se ao novo peso. A tendência de reacumular
gorduras e reganhar o peso perdido ficaria, dessa forma, muito menor.
Por isso se recomendam nos consultórios dietas, famosas ou não, que
seguem essa linha de pensamento.
Na tentativa de
provar essa teoria médica, um grupo de pesquisadores universitários na
Austrália, liderados pela doutora Katrina Purcell, publicou recentemente
um estudo elegante na revista Lancet, realizado no hospital
metropolitano de Melbourne. Sortearam 200 pessoas obesas em grupos. O
primeiro grupo seria submetido ao programa de perda de 15% do peso, em
ritmo rápido, durante 12 semanas. O segundo grupo, perderia a mesma
quantia lentamente, em 36 semanas.
Todos os voluntários que conseguiram
atingir redução de peso maior que 12,5% permaneceram no estudo. Foram
observados durante 144 semanas subsequentes, para saber quantos
reganhariam o peso original ao cabo desse período. Na primeira fase,
muito mais obesos atingiram a meta de perder peso no grupo de perda
rápida (81%), comparados com a perda gradual (50%). Quando esses
vencedores completaram o período de observação de 144 semanas, um mesmo
número de pessoas recuperou o peso original, engordando tudo novamente.
Do grupo de perda
de peso rápida 70,5% recuperaram sua forma inicial, e o mesmo ocorreu
em 71,2% do grupo de perda lenta. Os cientistas concluíram que a
velocidade de perda de peso não tem impacto a longo prazo na capacidade
de as pessoas manterem o benefício alcançado. Sugerem, portanto, aos
médicos e aos nutricionistas que adaptem a orientação de forma
individual. Ao gosto e à preferência do freguês.
Ao mesmo tempo, nos frustra observar que
somente 30% dos indivíduos gordos que conseguem, a duras penas, perder
15% de seu peso efetivamente evitam ganhar os quilos perdidos ao cabo de
três anos. A maioria sucumbe à tentação e mergulha de volta no mundo
dos obesos.
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