Mídia mistura quebra de sigilo autorizada por juiz com atentado à liberdade de imprensa
19 dez 2014 Toda
a mídia brasileira começando, é lógico, pelas Organizações Globo da
família Marinho, e seu carro-chefe, o Jornal Nacional, dão imenso
destaque (e já há uns três dias) à quebra de sigilo de todos os
telefones de um jornal do interior de São Paulo – o Diário da Região, de
São José do Rio Preto, e de um de seus jornalistas Allan de Abreu. A quebra do sigilo foi determinada pelo juiz da 4ª Vara da cidade,
Dasser Lettiere Jr. sob a justificativa de que eles divulgaram
informações preservadas por segredo de justiça. Em 2011 eles publicaram
duas reportagens com dados obtidos por escutas telefônicas pela Polícia
Federal (PF) sob um grupo de fiscais do Ministério do Trabalho que teria
exigido propina de empresários para livrá-los de multas trabalhistas. Em maio deste ano o Ministério Público Federal (MPF) já havia
determinado a instauração de inquérito contra jornalistas da TV Tem,
afiliada da Rede Globo em São José do Rio Preto, pelo vazamento da mesma
informação, mas a denúncia foi rejeitada e arquivada. Agora toda a mídia brasileira, como dissemos Rede Globo á frente, sai
em defesa do jornal e contra a decisão judicial. Alegam que a quebra do
sigilo telefônico do Diário jornal e de seu jornalista fere a
Constituição, que protege o sigilo da fonte que passou deu a informação
para o jornalista. Recorrem ao velho chavão de que isso, na prática,
viola a liberdade de imprensa.
O que mídia não diz é que ela e seus parceiros desrespeitam a Constituição O que nossa imprensa não diz – começando de novo pelo Jornal
Nacional da poderosa Rede Globo – é que hoje todos violam o sigilo de
processos que tramitam sob segredo de justiça. Quebram com a maior
frequência, sem cerimônia e sem nenhum respeito às normas legais e à
Constituição o sigilo decretado pelos juízes nas investigações,
inquéritos ou processos em tramitação na justiça. Fazem-no de forma escancarada e aberta. Particularmente a Globo, os
jornais, Folha e Estadão, e as revistas Veja e Época. É o que mais se
vê, ouve e lê. Todos eles têm linha direta com delegados, procuradores e
mesmo com alguns juízes que de forma seletiva e dirigida violam a lei e
a Constituição e vazam informações sigilosas. Logo, praticam um ato criminoso – quem vaza, quem publica e quem
veicula – com objetivo políticos e eleitorais, como vimos ao longo da
última campanha eleitoral e às vésperas da ultima eleição, no caso da
Operação Lava Jato. Aqui neste caso, aliás, com o agravante de que houve
violação do sigilo na delação premiada, o que pode levar a nulidade de
toda operação ou da própria delação. Essa defesa que se vê agora nesse caso de São José do Rio Preto,
claramente corporativa e encoberta com um discurso pró-respeito à
Constituição e ao sigilo, à liberdade de expressão e de imprensa, à
liberdade dos profissionais, esconde, na prática, o fato de que todos os
dias jornalistas e autoridades violam a lei ao trocar informações
sigilosas sobre investigações, inquéritos e processo que correm sob
segredo de justiça.
Vazamentos prejudicam investigações porque alertam criminosos Fora o fato de que neste caso do jornal do interior de São Paulo, o
vazamento prejudicou as investigações alertando os supostos criminosos. A
isso tudo, a esse pseudo exercício jornalístico, a publicação dessas
informações sigilosas obtidas de forma ilegal, a mídia brasileira
aplaude. Já o direito de resposta, também um direito constitucional, na
prática não existe hoje no Brasil e nossa mídia faz de tudo para que
continue assim, sem existir porque, na prática, ela não o cumpre. A
razão é simples: ela quer ser temida para no dia a dia tutelar governos
exercendo o monopólio da informação. Como faz agora ao noticiar de forma
dirigida e parcial os fatos no caso da quebra do sigilo telefônico do
jornalista e do jornal, como forma de pressionar e levar ao servidor
publico que cometeu um crime e vazou uma informação sob segredo de
justiça.
Age dessa forma, também porque quer ser temida para continuar a
manipular, a distorcer o que quiser a seu bel-prazer e, assim, muitas
vezes se impor em troca de favores, obter contratos para imprimir livros
didáticos em suas gráficas, abocanhar verbas publicitárias cada vez
mais vultosas, e obter isenções fiscais e leis que a favorecem Blog do Zé Dirceu
Lula diz que interesses políticos estão por trás de 'vazamento de inquérito'
Ele disse que pessoas e instituições investigadas têm sido alvo do prejulgamento público sem que tenham direito à defesa
Agência Brasil
Brasília - Sem citar diretamente a Operação
Lava Jato, que investiga esquema de corrupção na Petrobras, Lula disse
que pessoas e instituições investigadas têm sido alvo do prejulgamento
público sem que tenham direito à defesa, o que, é uma
ameaça à democracia. “Neste momento em que se realizam investigações
capazes de conduzir ao expurgo de práticas ilícitas e ao juízo de
corruptos e corruptores, há setores que se lançam à manipulação de
denúncias e ao vazamento seletivo de inquéritos com indisfarçáveis
objetivos político-partidários”, afirmou o ex-presidente, um dos
homenageados com a Medalha Nacional de Acesso à Justiça. Foram
homenageadas 37 pessoas e instituições que se destacaram ao contribuir
para a promoção, ampliação e democratização do acesso da população à
Justiça.
Ex-presidente Lula diz que interesses políticos estão por trás de 'vazamento seletivo de inquérito'
Foto: AFP
Lula lembrou o direito dos
investigados à ampla defesa. “Todos nós que lutamos pela democracia e
pelo aperfeiçoamento institucional do nosso país somos defensores
intransigentes da liberdade de imprensa e de manifestação, mas isso não
nos impede de repudiar com vigor a incitação ao linchamento midiático
que em nada contribui para um julgamento necessariamente isento no
âmbito das instituições democráticas. Nem de condenar que esse tipo de
recurso seja utilizado na luta política. O princípio da igualdade de
todos perante a lei deve prevalecer acima de fatores partidários e dos
interesses econômicos e corporativos”.
Ao deixar o Ministério da Justiça, em Brasília,
cercado por jornalistas, seguranças e pessoas que tentavam tirar fotos e
cumprimentá-lo, Lula foi perguntado se considera que, diante das
denúncias contra a gestão da Petrobras, a presidente Graça Foster deve
deixar a direção da estatal petrolífera. “Não acho”, limitou-se a
responder. Lula destacou que, após 2003, quando chegou à
Presidência da República, a Polícia Federal (PF) passou a gozar de
autonomia em relação aos órgãos de governo. “A retomada da democracia,
em 1988, não tinha sido suficiente para garantir autonomia e os
instrumentos necessários para que ela cumprisse sua missão
constitucional”, afirmou o ex-presidente, acrescentando que, até então, a
PF estava subordinada “a interesses partidários dos governos e de seus
poderosos aliados”.
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