9.20.2015

Estudo comprova que dança ajuda a combater a depressão e o estresse


Não há restrição para começar, mas é bom procurar um médico antes
O Dia
Rio - Diversão, maior flexibilidade, melhora do condicionamento, aprimoramento da coordenação motora e perda de peso. Os benefícios da dança são muitos. Inspirados no quadro ‘Dança dos Famosos’, do ‘Faustão’, cada vez mais pessoas correm para as academias e escolas de dança.Na academia de Carlinhos de Jesus, em Botafogo, na Zona Sul do Rio, a cada semana pessoas que nunca dançaram na vida vão lá para fazer uma aula experimental grátis, muitas motivadas pelo programa, que passa a ser inspiração.
Um estudo divulgado no ‘International Journal of Neuroscience’ apontou que o movimento da dança, além de melhorar a depressão, também melhora o estresse psicológico por meio da regulação dos níveis de serotonina e dopamina no corpo. “No mundo agitado e de tantas exigências em que vivemos, a dança pode ser único momento para se libertar de tanto estresse e liberar emoções”, afirma a psicóloga Luciane Pereira.
Ana Traiano (ao centro, de vermelho) se sente mais feliz na dança: “Além de conhecer pessoas, levantei a autoestima e só ando de bem com a vida”
Foto: Divulgação
A aposentada Fátima Santana, de 61 anos, descobriu o prazer de dançar para vencer a solidão. “Depois que meus filhos casaram, fiquei muito sozinha porque sou viúva. Há dois anos comecei a entrar em depressão e o médico me recomendou que eu procurasse a dança. Foi quando entrei na dança de salão e não parei mais. Me sinto renovada”, afirma. A médica Anna Traiano, 52, procurou a dança há mais de um ano como forma de estímulo. “Andava muito desanimada com a vida e precisa conhecer gente nova. Como gosto muito de dançar, entrei para a academia do Carlinhos de Jesus. Além de conhecer pessoas, levantei a autoestima, fiquei mais feliz e só ando de bem com a vida”, contou.
“A falta de ginga não deve servir de desculpa para ninguém. Se você é capaz de se levantar, o simples caminhar já é um ritmo. Basta não ter medo de errar”, garante a professora de dança Vera Prieto, 54, que dá aula na academia de Carlinhos de Jesus.
“Temos alunos de todas as idades, algumas que nunca tinham dançado antes”, ressalta o professor Marcelo Dantas, 31. A médica do esporte Elianne Sobreiro, porém, diz que é preciso ter cuidado antes de iniciar uma aula de dança. “Procure um médico e cheque como está sua saúde. Investigue, principalmente, como está o coração antes de iniciar a atividade física”, explica. Sobre pessoas com algum tipo de doença, alerta: “Com o acompanhamento adequado, é possível que qualquer pessoa dance. A dança pode fazer bem para pacientes com doenças como fibromialgia, ou até mesmo cadeirantes”.
Ativa o corpo, a memória e as emoções
O estudo publicado no ‘International Journal of Neuroscience’ mostrou que a dança, por meio da música, permite a expressão do corpo e possibilita a libertação de emoções reprimidas, afastando os sentimentos de isolamento característicos da depressão. Isso se explica porque a dança está no cérebro, segundo um artigo publicado na ‘Scientific American Magazine’. O estudo mostrou que toda vez que uma música ou um ritmo é percebido pelo cérebro, o corpo começa automaticamente a se mexer.
Outro motivo para dançar está associado ao prazer. A quantidade de betaendorfina, substância produzida pelo cérebro que se transforma em endorfina e provoca sensação de prazer, e de ocitocina, hormônio também relacionado ao orgasmo sexual, durante uma dança, é capaz de levar o corpo a um elevado estado de satisfação.
Já um estudo com participantes de terceira idade, publicano no ‘New England Journal of Medicine’, demonstrou que dançar frequentemente ajuda a evitar os efeitos da doença de Alzheimer e outras formas de demência.
Outro estudo realizado pelo ‘Journal of Physiological Anthropology’ demonstrou que um programa de exercício aeróbico de entretenimento, como a dança, é tão útil para a perda de peso e o aumento da potência aeróbica quanto o ciclismo ou a corrida.
“Uma atividade para trabalhar o corpo e a mente”
"Há um ano comecei a ter problemas de saúde e também depressão. Os médicos me recomendaram uma atividade que me fizesse trabalhar o corpo e a mente. Foi aí que busquei uma classe de balé. Agora ganhei um solo no espetáculo de fim de ano, no qual vou interpretar a tristeza. O que, pra mim, é a coroação máxima de superação da fase ruim que passei”.
Stefanie Gomes, professora, 24 anos
Reportagem de Aline Cavalcante

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