“O que você faria se tivesse poucos meses de vida?”
Um livro me surpreendeu com esta pergunta e me deixou inquieta.
Na
rotina diária de acordar, trabalhar e cumprir nosso papel social, mal
paramos para pensar nessa questão. A não ser que descubramos uma doença
fatal, não pensamos no dia em que morreremos. Afinal, estamos vivos. Mas
aí vem alguém e lhe joga esta pergunta, assim, do nada…
O que você faria se soubesse que em breve morreria?
Acredito
que pediríamos perdão a alguém que magoamos ou perdoaríamos de verdade
aqueles que já se desculparam. Faríamos aquilo que a vida toda tivemos
vontade, mas não o fizemos por medo. Alguns de nós declarariam uma
paixão secreta, outros fariam as pazes. Tem aqueles que viajariam o
mundo e os que ficariam mais tempo em casa.
E por que a brevidade da vida nos liberta para o amor?
Não
deveria ser o contrário, porque estamos vivos — independentemente da
hora que chegar a nossa morte — é que sentimos o amor em sua plenitude?
Isso
nos faz pensar que, às vezes, as coisas não estão do jeito que
gostaríamos. O ser humano é um insatisfeito por natureza e não vejo isso
como defeito, mas como um estímulo à aprendizagem. O problema são
aqueles que nunca estão satisfeitos e só reclamam, e não fazem esforço
algum para mudar e evoluir. Mas nós seguimos em frente, pois sabemos que
é possível ser feliz na incompletude, e procuramos preencher o vazio
temporário das tristezas com esperança.
Onde
o amor nasce ele cresce à medida que se doe mais do que se pede, e o
inverso disso deve ser o que separa tanta gente. Nesse mundo de gente
individualista e pegada a aparências, cada vez mais pessoas confundem
amor com posse ou status social.
Quando
começamos a perceber nossas reais vontades e quão grande é o nosso amor
por nós mesmos, o compartilhamento de sentimentos bons e sinceros
florece espontaneamente. Amor e liberdade caminham juntos. Precisamos
amar sem querer nada em troca e ser livres porque temos amor.
Como
amamos as risadas simples, os abraços inesperados e os pequenos
detalhes. O nosso pai sentado no chão da sala brincando com os
cachorros, e a nossa mãe cozinhando a mesma receita que a mãe dela
fazia. É como o olhar carinhoso por nossos sobrinhos; e nossos irmãos,
hoje, sendo amados duplamente quando amamos os filhos deles. O amor tem
cheiro de pão, união e saudade.
Esse
sentimento também está no olhar de nossos amigos quando estamos tristes
e na festa que eles fazem quando ficamos alegres. Tem amor nos livros
que ganhamos com dedicatória escrita à mão e nas cartas guardadas, nos
desejos secretos e na esperança de amanhã. É como a espera ansiosa para
encontrar alguém; e o sonho que nunca acaba.
Vamos! Vamos sem medo e sem segredos.
Sem certezas absolutas, faremos desta conversa uma libertação.
Uma dança entre as amarguras e as saudades, uma nova ponte do hoje para o amanhã.
Na escuridão de nossos medos, abriremos as janelas do nosso coração.
Vamos nos amar porque ainda temos tempo!
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