Não contem com renúncia', diz Dilma Rousseff à 'BBC'
Presidente voltou a destacar que está sofrendo um golpe parlamentar
Em entrevista ao canal de notícias britânico BBC,
a presidenta Dilma Rousseff voltou a afirmar que está sofrendo um
golpe. "O que acontece num golpe parlamentar? Na prática, geralmente,
[são feitos por] aqueles que não têm votos suficientes e, portanto,
legitimidade suficiente, nem aprovação, nem popularidade suficientes",
disse.
Sobre a possibilidade de afastamento pelo Senado, Dilma
disse que continuará lutando para voltar ao governo. "O que nós iremos
fazer é resistir, resistir e resistir. E lutar para quê? Para ganhar [o
julgamento] no mérito e retornar ao governo".
Ela acrescentou que
não pretende renunciar. "Eu não temo porque eu não devo nada. E por isso
eu sou extremamente incômoda, porque eu sou uma pessoa que seria melhor
que renunciasse. Porque, se eu renuncio, a prova viva de que há um
golpe, de que foi cometida uma injustiça, de que tem uma pessoa que está
sendo vítima porque é inocente, desaparece. Não contem com isso porque
eu não vou renunciar", disse à BBC. "Se a questão fosse popularidade, o vice-presidente [Michel Temer] tem menos aprovação do que eu"Perguntada
se o avanço do processo de impeachment se devia à sua baixa
popularidade, ela respondeu que falta de apoio popular não serve para
justificar seu afastamento.
"Se a questão fosse popularidade, o
vice-presidente [Michel Temer] tem menos aprovação do que eu. Quem não
tem voto suficiente, porque jamais foi eleito numa eleição majoritária,
não teve 54 milhões de votos, o que fazem? Criam essa roupa de
impeachment. Na verdade essa roupa é um disfarce para uma eleição
indireta em que o Parlamento passa a indicar o presidente, e não o voto
direto e secreto das urnas".
Ao comentar a possibilidade de não
estar no cargo durante os Jogos Olímpicos, que ocorrem em agosto, no Rio
de Janeiro, Dilma disse que Temer "usurpa seu cargo". "Não há certeza
se eu comparecerei como presidenta ou não, mas o mero temor de não ser
eu, ser uma pessoa que usurpa o meu lugar, é que dá essa sensação de
tristeza e injustiça".
À BBC, Dilma reafirmou que não teme
investigações. Na terça-feira, o procurador-geral da República, Rodrigo
Janot, pediu ao Supremo Tribunal Federal autorização para iniciar uma
investigação contra ela, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o
advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo. O procedimento tramita de
forma sigilosa.
"Eu aceito qualquer forma de investigação porque
tenho certeza que sou inocente. Então, não será por conta de
investigação [que não voltarei à Presidência]. Não há o menor problema. A
mim, podem investigar", afirmou à BBC * Com informações da BBC
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