"Nos quatro cantos do País, o recado foi dado por quem saiu às ruas
para pular o Carnaval. O Brasil exige a volta da democracia. Mais do que
simplesmente pedir 'Fora, Temer', o que importa é construir uma saída
legítima para o maior impasse institucional da história do País, que
arrastou a economia para o fundo do poço. Em dois anos, 7 milhões de
brasileiros perderam seus empregos e o PIB afundou 10% – o que só
acontece com países em guerra", diz o jornalista Leonardo Attuch, editor
do 247; "Só assim, com o reencontro do Brasil com a democracia, será
possível recompor o tecido social no País. A hipocrisia, a seletividade e
os duplos padrões morais só servirão para aprofundar as divisões entre
os brasileiros, que criam o risco até de uma ruptura institucional,
abrindo espaço para o fascismo. Ainda há tempo para salvar a democracia.
Mas ele é cada vez menor"
Nos quatro cantos do País, o
recado foi dado por quem saiu às ruas para pular o Carnaval. O Brasil
exige a volta da democracia. Mais do que simplesmente pedir "Fora,
Temer", o que importa é construir uma saída legítima para o maior
impasse institucional da história do País, que arrastou a economia para o
fundo do poço. Em dois anos, 7 milhões de brasileiros perderam seus
empregos e o PIB afundou 10% – o que só acontece com países em guerra.
Na quarta-feira de Cinzas, com o
depoimento de Marcelo Odebrecht ao ministro Hermann Benjamin, do
Tribunal Superior Eleitoral, o Brasil conheceu as primeiras pílulas do
que vem por aí. De um lado, o empreiteiro disse ter dado cerca de R$ 150
milhões, via caixa dois, à chapa Dilma-Temer. E também afirmou que o
senador Aécio Neves (PSDB-MG) lhe pediu R$ 15 milhões. Um dia depois, o
número dois da Odebrecht, Benedicto Júnior, relatou um pedido do próprio
Aécio para receber mais R$ 9 milhões por fora. Tudo isso, sem mencionar
a estranhíssima história dos R$ 11 milhões pagos ao PMDB, num caso que
envolve José Yunes, ex-assessor de Temer, e Eliseu Padilha.
Com o sistema político brasileiro
apodrecido, o ministro Benjamin certamente apresentará um relatório
duríssimo aos demais ministros do TSE, propondo a cassação da chapa
Dilma-Temer. E o julgamento só não será colocado em pauta se o
presidente do TSE, Gilmar Mendes, não permitir. A Temer, resta apenas
sonhar com a improvável divisão da chapa, que permitiria punir Dilma e
salvá-lo. No entanto, a tendência aponta para a indivisibilidade da
dupla, até porque o PMDB comandava sete ministérios no governo Dilma,
incluindo o de Minas e Energia, que concentrava as obras mais
importantes para as empreiteiras.
Na hipótese de cassação, o Brasil
teria eleições indiretas, conduzidas por um Congresso também
contaminado. Em seu depoimento ao Ministério Público, José Yunes relatou
que 140 deputados estavam sendo pagos pelo grupo de Eduardo Cunha,
preso há quatro meses em Curitiba. Portanto, esta também não seria uma
solução legítima nem aceitável.
Resta, portanto, um único caminho:
a realização de eleições gerais no País, não apenas para a presidência
da República, mas para a Câmara e o Senado, acompanhadas de uma ampla
reforma política. O ponto central, evidentemente, é proibir os
financiamentos empresariais de campanha, que permitiram que a agenda
pública fosse sequestrada pelas empreiteiras e outros interesses
privados. Mas é também essencial reduzir o custo eleitoral, com questões
como o voto distrital e a redução do papel do marketing político.
Só assim, com o reencontro do
Brasil com a democracia, será possível recompor o tecido social no País.
A hipocrisia, a seletividade e os duplos padrões morais só servirão
para aprofundar as divisões entre os brasileiros, que criam o risco até
de uma ruptura institucional, abrindo espaço para o fascismo. Ainda há
tempo para salvar a democracia. Mas ele é cada vez menor.
( #FORATEMER)
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