As queixas pela falta de companhia chateiam e afastam os amigos
Necessidade de companhia, ciúmes excessivo, crises
de birra e um sentimento de posse, seja pelo namorado, pelos amigos ou
pela família. Reconhece essas características em alguém? Então pode
anunciar: é carência, e das graves. O medo
de ficar só ou de não ser aceito provoca a carência fora de medida.
Esse sentimento tira a paz interna e também prejudica o bem-estar de
quem está por perto, porque é difícil conviver com uma pessoa pegajosa
demais e que não para de fazer cobranças , afirma o psicoterapeuta e
especialista do MinhaVida, Chris Allmeida.
Sentir falta de uma pessoa querida ou sonhar com um relacionamento amoroso não chegam a ser um problema. Os conflitos começam quando isso atrapalha a rotina e também incomoda o dia a dia das pessoas próximas. Ligar para um amigo e dizer que gostaria de vê-lo, por exemplo, é bem diferente de forçar encontros ou obrigá-lo a assumir compromissos desconfortáveis. "Dou plantão a cada quinze dias e gosto de descansar quando estou em casa, aos domingos. Mas uma amiga não entende isso e preciso desligar o celular caso queira um pouco e sossego na minha folga", afirma a médica Fernanda Santos. Ela já tentou explicar a preguiça e até dar desculpas para evitar o desgaste. Mas não adianta, minha amiga entende as recusas como uma agressão e até se ofende com elas .
Esse tipo de reação acaba desencadeando um processo que gera ainda mais carência. Como a Fernanda, muita gente perde a paciência e, aos poucos, vai se distanciando do conhecido ou do familiar com mania de grude. Nisso, tem início um círculo vicioso. As pessoas vão se afastando e o paciente, de fato, começa a ter motivos para se queixar de carência já que ninguém quer ficar perto dele , afirma Chris Allmeida.
No divã dos amigos
Quando um problema desses chega perto de você, há três caminhos: fingir que não liga e alimentar o comportamento pegajoso; sumir e deixar seu amigo na mão ou tentar ajudá-lo a superar o problema. "São poucas as pessoas com coragem para encarar a situação e reclamar das chantagens de um carente. Mas, quando isso acontece, os resultados tendem a ser positivos", afirma Chris.
E não ache que precisa de muita técnica para isso. O que funciona, e não tem erro, é ser transparente. Isso porque, muitas vezes, seu amigo não nota que está perdendo os limites da boa convivência. É preciso um choque inicial, obrigando o paciente a perceber que está fora dos padrões e que isso está perturbando. Se você não contar isso para ele, os limites vão se esgarçando e a exigência de atenção só cresce , afirma o psicoterapeuta. Dê exemplos de frases ou pedidos dele que estremeceram a relação e reclame. Mas, junto disso, lembre situações em que você ofereceu apoio e companhia . Isso serve para mostrar que não se trata de perseguição ou falta de boa vontade sua, mas sim de um excesso de cobrança (e de carência) da outra parte, que nunca se contenta com os cuidados oferecidos.
Se algo relacionado à educação infantil está passando pela sua cabeça, não estranhe. Lidar com uma pessoa com excesso de carência é muito parecido com a forma de tratar uma criança. Por causa de algum trauma ou para camuflar uma realidade difícil, muitas pessoas preferem se esconder na sombra alheia. Elas exigem carinho e atenção para ter certeza de que não serão abandonadas e também porque sentem-se fracas e incapazes de sustentar uma relação (familiar, profissional, amorosa ou de amizade , diz Chris. É como se o paciente não se julgasse suficientemente interessante para merecer a companhia de alguém .
Inventar doenças, criar escândalos e chorar sem motivo, no entanto, são sinais de que o mal passou dos limites e o sofrimento precisa de amparo profissional. Nesses casos, sua melhor ajuda é sugerir uma visita a um psicólogo. Vale até se oferecer para ir junto à clínica ou pagar a primeira consulta, como uma espécie de presente/incentivo.
O chiclete sou eu
Mas há quem consiga perceber sozinho o excesso de carência. Se você faz parte dessa turma, sorte sua: assim, dá para aliviar os sintomas sem atormentar a paciência dos outros. O primeiro passo é entender se você realmente está só ou se as companhias que estão por perto não são suficientes. No segundo caso, é preciso entender os motivos da insatisfação: ela pode surgir porque o perfil dos seus amigos não combina com o seu ou porque sua carência pede mais do que seus amigos estão dispostos a oferecer , afirma Chris.
Nos dois casos, porém, vale a mesma saída: use a franqueza e esteja pronto para ouvir o que vão lhe dizer. Eles podem assumir que estão sem tempo (e, portanto reconhecer que sua queixa faz sentido) ou rebater a reclamação. "O importante é que, após a conversa, vocês vão saber como lidar com o problema, havendo menos chances de desgastar ou até romper a relação", diz o psicoterapeuta. "E, notando que o problema apareceu porque sua turma anda com interesses muito diferentes dos seus, vença o medo de sair sozinho e passe a procurar pessoas que tenham a ver com os seus gostos atuais".
Sentir falta de uma pessoa querida ou sonhar com um relacionamento amoroso não chegam a ser um problema. Os conflitos começam quando isso atrapalha a rotina e também incomoda o dia a dia das pessoas próximas. Ligar para um amigo e dizer que gostaria de vê-lo, por exemplo, é bem diferente de forçar encontros ou obrigá-lo a assumir compromissos desconfortáveis. "Dou plantão a cada quinze dias e gosto de descansar quando estou em casa, aos domingos. Mas uma amiga não entende isso e preciso desligar o celular caso queira um pouco e sossego na minha folga", afirma a médica Fernanda Santos. Ela já tentou explicar a preguiça e até dar desculpas para evitar o desgaste. Mas não adianta, minha amiga entende as recusas como uma agressão e até se ofende com elas .
Esse tipo de reação acaba desencadeando um processo que gera ainda mais carência. Como a Fernanda, muita gente perde a paciência e, aos poucos, vai se distanciando do conhecido ou do familiar com mania de grude. Nisso, tem início um círculo vicioso. As pessoas vão se afastando e o paciente, de fato, começa a ter motivos para se queixar de carência já que ninguém quer ficar perto dele , afirma Chris Allmeida.
No divã dos amigos
Quando um problema desses chega perto de você, há três caminhos: fingir que não liga e alimentar o comportamento pegajoso; sumir e deixar seu amigo na mão ou tentar ajudá-lo a superar o problema. "São poucas as pessoas com coragem para encarar a situação e reclamar das chantagens de um carente. Mas, quando isso acontece, os resultados tendem a ser positivos", afirma Chris.
E não ache que precisa de muita técnica para isso. O que funciona, e não tem erro, é ser transparente. Isso porque, muitas vezes, seu amigo não nota que está perdendo os limites da boa convivência. É preciso um choque inicial, obrigando o paciente a perceber que está fora dos padrões e que isso está perturbando. Se você não contar isso para ele, os limites vão se esgarçando e a exigência de atenção só cresce , afirma o psicoterapeuta. Dê exemplos de frases ou pedidos dele que estremeceram a relação e reclame. Mas, junto disso, lembre situações em que você ofereceu apoio e companhia . Isso serve para mostrar que não se trata de perseguição ou falta de boa vontade sua, mas sim de um excesso de cobrança (e de carência) da outra parte, que nunca se contenta com os cuidados oferecidos.
Se algo relacionado à educação infantil está passando pela sua cabeça, não estranhe. Lidar com uma pessoa com excesso de carência é muito parecido com a forma de tratar uma criança. Por causa de algum trauma ou para camuflar uma realidade difícil, muitas pessoas preferem se esconder na sombra alheia. Elas exigem carinho e atenção para ter certeza de que não serão abandonadas e também porque sentem-se fracas e incapazes de sustentar uma relação (familiar, profissional, amorosa ou de amizade , diz Chris. É como se o paciente não se julgasse suficientemente interessante para merecer a companhia de alguém .
Inventar doenças, criar escândalos e chorar sem motivo, no entanto, são sinais de que o mal passou dos limites e o sofrimento precisa de amparo profissional. Nesses casos, sua melhor ajuda é sugerir uma visita a um psicólogo. Vale até se oferecer para ir junto à clínica ou pagar a primeira consulta, como uma espécie de presente/incentivo.
O chiclete sou eu
Mas há quem consiga perceber sozinho o excesso de carência. Se você faz parte dessa turma, sorte sua: assim, dá para aliviar os sintomas sem atormentar a paciência dos outros. O primeiro passo é entender se você realmente está só ou se as companhias que estão por perto não são suficientes. No segundo caso, é preciso entender os motivos da insatisfação: ela pode surgir porque o perfil dos seus amigos não combina com o seu ou porque sua carência pede mais do que seus amigos estão dispostos a oferecer , afirma Chris.
Nos dois casos, porém, vale a mesma saída: use a franqueza e esteja pronto para ouvir o que vão lhe dizer. Eles podem assumir que estão sem tempo (e, portanto reconhecer que sua queixa faz sentido) ou rebater a reclamação. "O importante é que, após a conversa, vocês vão saber como lidar com o problema, havendo menos chances de desgastar ou até romper a relação", diz o psicoterapeuta. "E, notando que o problema apareceu porque sua turma anda com interesses muito diferentes dos seus, vença o medo de sair sozinho e passe a procurar pessoas que tenham a ver com os seus gostos atuais".
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