Ministério divulga pesquisa com beneficiários de
planos de saúde
RIO- Os índices de excesso de peso e obesidade no Brasil são
crescentes e alarmantes.
É o que mostra uma pesquisa feita pelo Ministério da Saúde e
pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), ao longo
de 2016. Desta vez, os números do Vigitel trazem os resultados
do estudo realizado com beneficiários de planos de saúde.
A proporção de adultos com excesso de peso aumentou de 46,5%
para 53,7%, um crescimento de 15,5%, na comparação entre 2008,
quando a pesquisa foi feita pela primeira vez, e 2016.
Em relação à obesidade, o percentual foi de 12,5% para 17,7%,
um aumento de 41,6%. Foram realizadas 53.210 entrevistas
por telefone, sendo 20.258 com homens e 32.952, com mulheres,
em todas as capitais e no Distrito Federal, entre os meses de
fevereiro e dezembro de 2016.
— O aumento dos dois índices está diretamente relacionado com
doenças crônicas não transmissíveis, como diabetes e hipertensão,
além de alguns tipos de câncer. Isso afeta diretamente os sistemas
de saúde e as operadoras de planos — explica Karla Coelho,
diretora de Normas e Habilitação dos Produtos da ANS.
— Por mais que a pesquisa mostre que as pessoas estão comendo
mais verduras e legumes, por exemplo, há também um aumento
no consumo de comidas industrializadas e de bebidas alcoólicas
e ainda o fato de a população fazer pouca atividade física.
De fato, o Vigitel mostra que, entre os beneficiários de planos de saúde,
o consumo de frutas e hortaliças passou de 27% para 30,5%,
de 2008 para 2016, um aumento de 13%. O índice de indivíduos
fisicamente inativos teve uma redução de 26%, com uma taxa
que foi de 19,2% para 14,2%. Isso, no entanto, não é suficiente,
explica Maria Edna de Melo, presidente do departamento de Obesidade da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia.
— Falta, no Brasil, uma política de prevenção. A obesidade é
uma doença crônica e progressiva, seus fatores desencadeantes
são múltiplos e variam de um indivíduo para outro. Temos uma
perspectiva de modificação na rotulagem dos alimentos, para que
eles tenham advertência frontal, e isso se arrasta desde 2014 na
Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária)
— explica Maria Edna. — Sabemos que, quando os indivíduos
veem um sinal de advertência, eles pensam duas vezes antes de
consumir o produto. É fundamental a população receber uma
orientação efetiva.
Outro ponto destacado pela médica é a importância de um trabalho
focado nas crianças e nas mães, antes mesmo da gestação:
— É na primeira infância que devemos começar a prevenção.
Os bebês precisam ter um período de aleitamento adequado,
e é fundamental que a introdução dos alimentos seja feita
com compromisso com a saúde da criança. Muitas vezes
a população não sabe o quanto é danoso oferecer bebidas
açucaradas ou bolachas doces com alto índice de gordura
para elas. Isso dificulta a formação de um paladar para
verduras e legumes.
Pela primeira vez desde que começou a ser feito, o Vigitel
incluiu indicadores relacionados ao tempo livre gasto diante
de telas de computador, tablets e celulares. Entre aqueles que
foram entrevistados, 19,5% afirmaram utilizar esses equipamentos
por três ou mais horas por dia. Já os dados sobre tabagismo trazem
um bom resultado: o percentual de fumantes, que em 2008 era de
12,4%, no último ano da pesquisa passou para 7,3%, o que representa
uma diminuição de 26%.
Lei
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