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11.29.2008
CÂNCER: MITOS E VERDADES
A própria palavra câncer ainda assusta muita gente, isto porque ainda existem muitas idéias erradas sobre a doença e, infelizmente, a maioria das pessoas ainda pensa que câncer é sinônimo de morte. A palavra câncer tem origem latina e significa, literalmente, caranguejo. Tem esse nome, pois as células doentes atacam e se infiltram nas células sadias como se fossem os tentáculos de um caranguejo.
Até hoje há quem evite pronunciar a palavra “câncer” e atribui à doença alguns, digamos, apelidos. Portanto, parece-nos que própria palavra câncer já traz em si alguns mitos. Muitas vezes uma má interpretação de fatos relacionados ao câncer ou uma generalização de um caso isolado da doença assim como especulações acabam por fazer com que idéias e até mesmo crenças se apresentem como verdades. Vejamos, a partir de algumas dúvidas comuns, o que é mito e o que é verdade em relação ao câncer.
O câncer é contagioso?
Mito. Mesmo o câncer causado por vírus não é contagioso, ou seja, não passa de uma pessoa para a outra por contágio como ocorre com resfriados, por exemplo. No entanto, alguns vírus oncogênicos, isto é, capazes de produzir câncer, podem ser transmitidos através do contato sexual, de transfusões de sangue ou de seringas contaminadas utilizadas para injetar drogas.
Desenvolver um câncer é um castigo?
Mito. Há várias causas para o câncer, sobretudo tabagismo, consumo exagerado de álcool, maus hábitos alimentares, sedentarismo que são os principais responsáveis pelos casos de câncer.
Pessoas na minha família tiveram câncer, terei também porque o câncer é hereditário?
Mito. Em geral, o câncer não é hereditário. Há apenas alguns raros casos que são herdados, tal como o retinoblastoma, um tipo de câncer de olhos que ocorre em crianças. Entretanto, existem alguns fatores genéticos que tornam determinadas pessoas mais sensíveis à ação de carcinógenos, isto é, agentes que provocam o desenvolvimento de um câncer ou tumor maligno no organismo, o que explica por que algumas delas desenvolvem câncer e outras não, quando expostas a um mesmo carcinógeno ambiental. Mas, repetimos: o câncer não é comprovadamente hereditário.
Pessoas afro-descendentes não correm risco de ter câncer de pele?
Mito. Qualquer pessoa pode ter câncer de pele, no entanto aquelas com maior concentração de melanina na pele, como as pessoas afro-descendentes, apresentam menor incidência de tumores de pele. Embora seja raro, podem ter câncer de pele, principalmente na palma das mãos ou na planta dos pés. Por isso, todos devem proteger-se do sol usando chapéus e filtros solares adequados.
Câncer de pele é mais comum em pessoas com idade acima de 40 anos?
Verdade. Os efeitos nocivos do sol são cumulativos, por isso é comum que o câncer de pele e suas lesões apareçam após os 40 anos.
Charutos e cachimbos provocam menos câncer de pulmão que cigarros comuns?
Mito. Tanto os cigarros como os charutos e fumo para cachimbos consistem em folhas de tabaco secas, além de outras substâncias. Dentre aquelas já identificadas no tabaco e na sua fumaça, 43 são comprovadamente cancerígenas. Como há mais fumantes de cigarros do que de charutos e cachimbos, a ocorrência de câncer por cigarro é maior, no entanto charutos e cachimbos são igualmente perigosos.
O tabaco causa apenas câncer de pulmão?
Mito. O hábito de fumar é a principal causa do câncer de pulmão, laringe, faringe, cavidade oral e esôfago. Também contribui para o surgimento do câncer de bexiga, pâncreas, útero, rim e estômago, além de algumas formas de leucemia.
A destruição da camada de ozônio aumenta as chances de se desenvolver algum tipo de câncer, principalmente o câncer de pele?
Verdade. Com a destruição da camada de ozônio, os raios UV-B e UV-C aumentam sobre a Terra. Os raios UV-B estão diretamente relacionados ao surgimento do câncer de pele e os raios UV-C são potencialmente mais carcinogênicos do que os UV-B.
Desodorante antiperspirante pode causar câncer de mama?
Mito. De forma alguma. Esse é um boato que circula na Internet, mas nada tem de verdadeira. Na axila nem existem células mamárias. Não existem pesquisas ou estudos que demonstrem haver qualquer ligação entre as duas coisas. O que pode acontecer é o entupimento de algumas glândulas sudoríparas, mas isso não afeta a mama.
Um tumor pode ser causado por um trauma, por exemplo, uma pancada durante uma batida de automóvel?
Mito. A batida pode formar um caroço, que, em exames rotineiros, se assemelha a um câncer, mas é benigno. Outra coisa comum é que, a partir do choque, a preocupação da pessoa aumente e, através do toque mais freqüente ou outro exame, ela descobre um nódulo que já estava presente em seu corpo.
A maior incidência de câncer de pele ocorre na cabeça, no rosto e no pescoço?
Verdade. Isto porque estas são as áreas mais expostas à radiação.
O uso de filtro solar protege contra todos os raios ultravioleta?
Mito. Nem todos os filtros solares oferecem proteção completa para os raios UV-B e UV-A. Como eles disfarçam os sinais de excesso de exposição ao sol, as pessoas não vêem as queimaduras e continuam se expondo. O problema é que radiações como as infravermelhas não são bloqueadas pelos filtros solares.
Encontrei um nódulo em meu pescoço. Estou com câncer?
Mito. O auto-exame da tireóide é muito importante para detectar nódulos precocemente. No entanto, localizar um nódulo na tireóide não significa que você esteja com câncer. Procure seu médico que irá solicitar exames para verificar a importância do nódulo encontrado. A maioria dos caroços encontrados na tireóide é benigna.
Hipotireoidismo ou hipertireoidismo podem ser sintomas do câncer de tireóide?
Mito. Todas as pessoas que têm alguma alteração na atividade da tireóide devem consultar um médico e realizar os exames para verificar a causa desta alteração. Nesta avaliação, a ultra-sonografia pode detectar um nódulo. E muitos nódulos da tireóide são benignos.
É melhor ter vários nódulos que um só?
Mito. Estudos indicam que o fato de ter um ou vários nódulos não influencia na gravidade da doença. É importante lembrar também que nódulo nem sempre é câncer.
O câncer tem cura?
Verdade. Embora a medicina indique, sempre, o tratamento individualizado e cada paciente responda de uma maneira particular às terapias, o câncer é curável, desde que diagnosticado precocemente e acompanhado corretamente.
Andar muito de avião ou ficar sempre perto de antenas de celulares aumenta o risco de desenvolver câncer?
Mito. Não há nenhuma comprovação científica de que radiação de celulares, microondas, aviões possa causar tumores. Telefones celulares emitem doses pequenas de radiação eletromagnética. Até o momento, os estudos feitos para determinar a relação dessa radiação com o aparecimento de câncer não mostraram nenhuma evidência de que isso ocorra, mas o assunto permanece “em aberto” e mais pesquisas são necessárias para se chegar a uma conclusão. Convém ressaltar que radioatividade em altas concentrações representa riscos para desenvolver um câncer.
Alimentos cozidos em forno de microondas podem provocar câncer?
Mito. As microondas não tornam o alimento radioativo, nem apresentam risco de exposição à radiação desde que usadas de acordo com as instruções. A exposição a altas doses de radiação por microondas pode ocasionar queimaduras ou cataratas nos olhos, mas a pequena quantidade que pode vazar de um forno caseiro não causa problemas.
O câncer de próstata causa diminuição de virilidade?
Mito. O toque retal não afeta o desempenho sexual de quem é submetido ao exame. Se a doença for descoberta ainda no início, o tratamento não influenciará a atividade sexual do paciente. Portanto não haverá riscos de perda de apetite ou desempenho sexual.
Um paciente com câncer de próstata pode ter perda da masculinidade?
Mito. A única alternativa médica possível para verificar se a próstata está normal ou se há alterações é realizar o exame de toque retal (pois o reto é a via natural de acesso à próstata por ter sua parede ligada a esse órgão). O exame em nada influencia a orientação sexual do paciente.
A freqüência sexual interfere na ocorrência de câncer?
Mito. Imaginar que uma vida sexual mais ou menos ativa influencia a ocorrência da doença. Especialistas afirmam que não há relação alguma entre a freqüência sexual e o surgimento de câncer. Cabe aqui informar que a atividade sexual não ajuda a proteger as mamas contra o câncer. O que pode protegê-las contra doenças mamárias é a gravidez e a lactação.
Se eu faço o auto-exame de mamas todos os meses não preciso fazer mamografia?
Mito. Normalmente, se você fizer o auto-exame todos os meses e visitar seu médico anualmente, uma mamografia por ano é suficiente. Nem o auto-exame, nem o exame médico, nem a mamografia são eficientes sozinhos. Alguns cânceres de mama são detectados apenas com a mamografia. Outros são detectados apenas com exame médico, por esta razão, a American Cancer Society (ACS) recomenda a mamografia, junto com o auto-exame e o exame físico feito por um profissional de saúde.
Anemia transforma-se em leucemia?
Mito. A leucemia causa anemia, devido à diminuição do número da fabricação das células vermelhas. Quase todas as crianças que têm leucemia apresentam anemia. Mas nem todas as que têm anemia vão desenvolver leucemia. A anemia tem diversas causas como o excesso de menstruação e má alimentação.
Amamentar protege o peito do câncer de mama?
Verdade. Quando o bebê mama, as células mamárias ficam ocupadas com a produção de leite e se multiplicam menos, o que reduz o risco de contrair a doença.
Como toda doença, alguns tipos de câncer têm cura e outros não. Tudo depende essencialmente do tipo de tumor maligno e do estágio em que esse câncer se encontra. As possibilidades de cura estão diretamente relacionadas com tempo em que tumor é detectado no paciente. Quanto mais cedo for feito o diagnóstico, mais chances de o tratamento dar certo. Se o diagnóstico for feito tardiamente, o índice de cura do câncer diminui e complicações podem aparecer mesmo depois de esse tumor ter sido tratado.
É importantíssimo lembrar que mesmo pacientes que não têm cura podem viver por muitos anos com boa qualidade de vida, com a doença controlada e tratada, como qualquer doença crônica. Isto é comum em oncologia, portanto, ainda mais por esta razão, todo caso de câncer, mesmo em fase adiantada, deve ser visto por um oncologista.
Lembre-se que muitos tipos de câncer podem ser curados e outros podem ter tratamento que proporciona uma vida relativamente normal. Geralmente, o câncer necessita de um tratamento prolongado. A doença não tratada pode agravar-se, invadindo órgãos do corpo de maneira generalizada, impedindo o funcionamento normal do organismo e levando à morte.
Nos primórdios do século XX, a sociedade enxergava o câncer como uma condenação à morte o que fez com que muitas pessoas não acreditassem que um tratamento adequado pode levar, sim, à cura do câncer. A Medicina e outras ciências, nos últimos anos, acumularam conhecimentos suficientes para chegar à cura de vários tipos de câncer. O importante é descobrir o câncer no início e tratá-lo adequadamente.
O surgimento de novas técnicas de diagnóstico e os esforços de pesquisadores das mais diversas áreas sobre o câncer permitiram que avanços voltados para a cura do câncer fossem atingidos. Basta olharmos para a situação que ocorria há 10 ou 20 anos. Atualmente, é importante lembrar que o câncer é uma doença que, em alguns casos, só tem cura se detectado no início. No entanto, a alta incidência de câncer e o estágio em que, infelizmente, é detectada a maioria deles fazem com que o câncer continue sendo um estigma ou mesmo um tabu para muita gente. A falta de informação aliada à crença de que o câncer não tem cura acaba por gerar uma atitude de medo. Esse receio faz com a pessoa não queira saber se tem algum tumor maligno logo no começo da doença. É uma pena porque nos estágios iniciais as possibilidades de cura do câncer são bem maiores.
Se pensarmos em termos estatísticos, podemos afirmar que o câncer é a doença crônica mais curável atualmente. Cerca de 50% dos casos, nos países desenvolvidos, são curados. No Brasil estima-se que este número seja menor, devido ao fato de que os diagnósticos são feitos bem mais tardiamente.
Podemos, portanto, concluir que há casos de câncer que têm cura e outros não. A probabilidade de cura depende basicamente do tipo de câncer e do seu estágio. Alguns tumores malignos têm alto índice de cura mesmo em fases avançadas. Outros tipos de tumores malignos que se espalham rapidamente pelo sangue, para outros lugares do corpo ou insistem em voltar, apesar dos tratamentos disponíveis já são mais difíceis e apresentam baixo índice de cura e mais complicações.
Fonte: ONCOGUIA
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