
Cerca de seis em cada dez mamografias realizadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil contêm erros. Sujeiras, impressões digitais, revelações mal feitas, chapas tremidas ou riscadas, filmes inadequados e o uso errado do aparelho são alguns dos problemas mais comuns, que dificultam o diagnóstico correto do câncer de mama, de acordo com um projeto-piloto de Qualidade dos Serviços de mamografia do SUS realizado em 53 unidades nos municípios de Porto Alegre, Belo Horizonte e Goiânia, e no estado da Paraíba.
Hoje, o Instituto Nacional do Câncer (INCA) entrega ao Ministério da Saúde uma proposta para a criação de um Programa Nacional de Qualidade de Mamografias, com uma portaria de credenciamento e do monitoramento dos exames.
“De nada adianta incentivarmos os exames de detecção precoce se eles não forem precisos, apontarem exatamente o que se passa no corpo da mulher”, disse Lírio Cipriani, diretor-executivo do Instituto Avon, que apoiou financeiramente o projeto, realizado pelo Inca, Colégio Brasileiro de Radiologia (CBR) e Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Principais erros encontrados
De acordo com o levantamento realizado nos 53 postos do Sistema Único de Saúde (SUS) nos municípios de Porto Alegre, Belo Horizonte e Goiânia, e no estado da Paraíba as falhas são muitas. O estudo analisou a qualidade dos equipamentos, das avaliações de radiologistas e dos profissionais envolvidos no exame.
Ficou constatado que apenas 66% dos serviços de mamografia estavam com a infra-estrutura de acordo com as normas e padrões de qualidade recomendados pela Anvisa e pelo Colégio Brasileiro de Radiologia (CBR).
Para os processos que controlam a qualidade da imagem e dose de radiação a conformidade foi de 76%. Em relação às mamografias, o percentual de conformidade para os exames apresentados pelos serviços foi de 93% para o posicionamento correto e de 90% para a qualidade da imagem. Em relação à interpretação, pelos radiologistas dos serviços, das imagens radiológicas de um conjunto de exames, o grau de concordância foi de 72% em relação a interpretação dos especialistas do Colégio Brasileiro de Radiologia.
O que deve melhorar no SUS
Segundo o estudo, aspectos relacionados à infra-estrutura, dose de radiação e qualidade da imagem precisam ser aprimorados em muitos serviços. É necessário também implantar ações de capacitação continuada de técnicos e radiologistas com o objetivo de melhorar a qualidade dos exames (posicionamento da paciente e técnica radiográfica) e da interpretação radiológica.
“O câncer de mama tem cura e o diagnóstico precoce garante que 98% dos casos sejam curados”, destaca a mastologista Rita Dardes, diretora-médica do Instituto Avon. “Mamografias feitas regularmente reduzem em até 35% o risco de mortalidade”, explica a diretora médica, ciente da importância da qualidade das mamografias.
De acordo com o INCA, que não se pronunciou sexta-feira sobre os resultados do projeto-piloto, serão entregues a representantes das vigilâncias sanitárias dos estados que participaram do projeto kits de equipamentos de avaliação da qualidade das várias etapas da realização do exame.
Fonte:O dia
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