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3.10.2009
CONTROLE DAS INFECÇÕES HOSPITALARES : VELHOS HÁBITOS X NOVAS ATITUDES
Higiene das mãos
1 - Porque é que a higiene das mãos é importante?
O contacto é a via de transmissão mais comum de germes através das mãos. A maioria dos germes são inofensivos para o homem mas alguns podem provocar doenças, como por exemplo, constipações, gripes, diarreias.
Lavar as mãos correctamente com água e sabão é a forma mais simples e eficaz de você ajudar a reduzir a transmissão da infecção e proteger-se a si e aos que o rodeiam.
É de vital importância que as crianças saibam os benefícios e a importância da correcta lavagem das mãos. Encorajá-las a lavar as mãos na altura certa vai ajudar a garantir que esta prática se vai tornar um hábito ao longo da vida.
Voluntários
Todas as pessoas que cuidam de amigos ou familiares que perderam essa capacidade, é igualmente importante que apliquem a técnica correcta de lavar as mãos na altura certa.
Desta forma está a ajudar significativamente a reduzir a transmissão de infecções a pessoas mais susceptíveis à infecção devido ao seu estado de saúde.
Visitar amigos ou familiares no Hospital
Ao visitar um amigo ou familiar no Hospital ou outra instituição onde se prestam cuidados, é importante assegurar que você lavou as mãos de forma a prevenir a disseminação de infecções.
Cinco dicas importantes como visita:
Pense na segurança dos doentes antes de os visitar. Se você, ou alguém em casa, estiver constipado ou não se sente bem - especialmente se tiver diarreia - mantenha-se afastado até se sentir melhor.
Pense no que vai levar ao doente. A comida é um prazer que fica melhor guardada em casa até o seu regresso. Não se sente na cama dos doentes e mantenha o número de visitas ao mínimo de um de cada vez.
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O gesto mais importante que pode fazer é lavar e secar as suas mãos antes de entrar na enfermaria (ou quarto), especialmente após ter utilizado a casa-de-banho. Não tenha receio de utilizar a solução alcoólica para as mãos se estiver acessível na entrada do quarto ou junto à cama.
Nunca mexa nos pensos, soros, drenagens ou outros equipamentos que rodeiam a cama.
Não tenha receio de causar constrangimento aos profissionais que trabalham no hospital. Os médicos atarefados podem por vezes esquecer coisas simples tal como lavar as mãos antes de examinar os doentes. Nenhum profissional deve ficar ofendido de o lembrarem de lavar as mãos de uma forma simpática e educada.
2 - Como lavar as mãos?
Apenas demora cerca de 60 segundos para lavar as mãos correctamente. É o mesmo tempo que levamos a cantar "Parabéns a você" duas vezes seguidas.
Encorajar as crianças a lavar as mãos correctamente mostrando como se faz, servindo-lhes de exemplo.
Siga os passos correctos de lavagem das mãos:
3 - Quando lavar as mãos?
Lavar as mãos deve fazer parte da rotina de todos nós,
especialmente quando:
• Antes de comer ou manusear os alimentos
• Após ter utilizado a casa-de-banho
• Após assoar o nariz, tossir ou espirrar
• Após tocar em animais ou nos seus dejectos
• Após manusear resíduos
• Após mudar fraldas
• Antes e após tocar em doentes ou feridas
• Antes e após ir de visita a uma enfermaria (lembrar que também estão disponíveis soluções-alcoólicas para as mãos como alternativa)
Profissionais de saúde
• sempre que as mãos estejam visivelmente sujas
• antes e após contactar com os doentes
• após contactos contaminantes (exposição a fluidos orgânicos)
• após contactar com materiais e equipamentos que rodeiam o doente
• antes de técnicas assépticas (recomenda-se a desinfecção das mãos)
• antes e após usar luvas[/size]
CONTROLE DAS INFECÇÕES HOSPITALARES - AVANÇOS TECNOLÓGICOS: VELHOS HÁBITOS X NOVAS ATITUDES
A história dos hospitais é a própria história da Medicina. A Infecção hospitalar é a própria história dos hospitais. Como toda história, tem seu início marcado por uma série de fatos que de uma maneira ou de outra mudaram as vidas das pessoas, da sociedade e do mundo. Esta história é alimentada em sua evolução por outras ocorrências que traçam o curso e define objetivos a serem alcançados. Muito se aprende com o passado e ao se vivenciar o presente se constrói o futuro - o presente do amanhã.
Na história das infecções hospitalares,como não podia deixar de ser,fatos marcaram o início deste presente que estamos vivendo agora,refletindo sobre os conhecimentos que nos legaram os profissionais da saúde com suas observações, pesquisas, dedicação e sacrifício da própria vida.
Torna-se imperioso, neste momento, nos voltarmos à figura de IGNAZ SEMMELWEISS, médico húngaro, que instituiu no ato de "LAVAR AS MÃOS" a medida de eleição no controle das infecções hospitalares. Nesta galeria ilustre, surge HOLMES, na Universidade de Havard, nos Estados Unidos, afirmando que a "Febre Puerperal não era um infortúnio e sim um crime", ao implantar a prática da Lavagem das Mãos no controle das Infecções Cruzadas nos hospitais.
Ambos, duas vozes em continentes diferentes e à mesma época, ressaltavam o mesmo gesto simples como poderoso antídoto para as infecções hospitalares. Isto se dava na 2º metade do século XIX quando o desconhecimento era total no tocante às bactérias, fungos e vírus, quando as técnicas de anti-sepsia não eram conhecidas e inexistia o desenvolvimento das comunicações.
LAVAR AS MÃOS - um pequeno gesto uma grande atitude, que sobrevive ao desenvolvimento tecnológico dos nossos dias, como medida mais eficaz na prevenção deste mal. Este ato simples, longe de ser um ritual é uma atitude inerente ao processo educativo do ser humano, foi e sempre será realizado com água, sabão e bom senso. As mãos que levam a cura não podem transmitir a morte.
Na galeria dos nossos heróis, surge a figura da FLORENCE NIGHTINGALE, enfermeira inglesa, precursora dos conhecimentos que hoje detemos na Administração Hospitalar, na Enfermagem como profissão, implantando as medidas de higiene e limpeza no hospital que assistia os militares feridos na Guerra da Criméia. Esta figura de mulher, frágil na aparência, detentora de uma vontade férrea e de uma obstinação sem precedentes, ajudou a mudar a realidade dos hospitais da sua época.
O ambiente hospitalar tem na FLORENCE NIGHTINGALE um divisor. São duas realidades: o hospital antes da FLORENCE - casa de repouso, onde a Morte convivia confortavelmente com a Vida, onde os insetos e roedores disputavam o alimento com os pacientes, onde os mortos e vivos permaneciam no mesmo leito. O hospital depois da FLORENCE, onde a saúde é o maior bem produzido, onde a morte é um visitante fortuito e indesejável e onde a melhoria da qualidade de vida é uma busca constante.
Após LISTER e PASTEUR, já no final do século XIX e no início do século XX, com o conhecimento sobre as bactérias, fungos e vírus, com o desenvolvimento da MICROBIOLOGIA como ciência de apoio no combate ás infecções, surgiram procedimentos hospitalares que se acentuaram especialmente na 2º metade de século XX, mais precisamente em nosso País, nas décadas de 70 e 80: a procura desordenada dos microrganismos no ambiente hospitalar, na prática, exteriotipada com a distribuição de Placas de Cultura nos diversos setores dos hospitais, na Coleta de Material dos ralos de pias através do uso de Swabs, num processo ritualístico sem fundamentação científica para provar o óbvio : os micróbios convivem conosco nos hospitais. E o que fazer com estes resultados?... Não havia nem há resposta para esta indagação.
De prático em tudo isto, houve sobrecarga de trabalho nos laboratórios de Microbiologia e elevação dos custos hospitalares, Nos últimos dez anos, os profissionais de controle de infecção hospitalar vêm realizando todo um trabalho para mudar estes conceitos, enfatizando a aplicação de medidas realmente eficazes no controle da qualidade do ambiente hospitalar, orientando os profissionais de saúde nas utilização das medidas de higiene e limpeza, desinfecção e esterilização, esclarecendo a comunidade hospitalar da inocuidade destas práticas desordenadas que oneram o atendimento hospitalar sem resultados satisfatórios.
Ainda no início século XX, as medidas inovadoras na técnica operatória implementadas por HALSTED , cirurgião americano, introduziu o uso de Luvas nos procedimentos hospitalares. Prática esta sem duvida que contribuiu na redução das infecções nosocomiais, mas que devido aos novos direcionamentos adotados na sua utilização, merece de nossa parte uma análise acurada quanto ao uso de luvas na substituição da Lavagem das Mãos, pelos profissionais de saúde; o reprocessamento de luvas estéreis permitindo o reuso em procedimentos cirúgicos; a utilização de luvas pelas equipes do Serviço de Limpeza Hospitalar sem orientação, sem trocas e sem limites de situações.
As LUVAS passaram a funcionar, nestas situações, como verdadeiros vetores, conduzindo os germes hospitalares, contribuindo para aumentar a contaminação e a disseminação dos processos infecciosos.
Necessário se faz citar a grande descoberta do século XX:a PENICILINA seguida pelos demais antibióticos numa corrida vertiginosa da potente indústria farmacêutica. Mas não podemos nos esquecer que o mundo bacteriano também segue de perto, muitas vzes paralelamente, outras vezes correndo por fora, levando consigo o troféu da Resistência Bacteriana.
O Antibiótico tornou-se uma arma que muitas vezes se volta contra o próprio paciente. Seu uso indiscriminado, em todos os Países, gera cada vez mais dificuldades que anulam os esforços envidados na recuperação dos nossos pacientes.
Neste universo de inadequações dos avanços tecnológicos, observamos muitas vezes, em situações semelhantes, o descaso caminhar lado a lado com o exagero no que concerne à utilização de Máscaras, Gorros, Propés, evidenciando desconhecimento da correta utilização dessas Medidas de Proteção Individual, mais uma vez onerando os custos hospitalares sem bases científicas que respaldem tais atitudes. Soma-se a isto, a prática disseminada, durante anos de "Formolização de Ambientes" causando efeitos danosos aos profissionais de saúde e passando por longe no combate aos germes hospitalares. A origem desta prática se confunde talvez com os miasmas hospitalares e com a supervalorização dos odores emanados nos hospitais em detrimento das medidas eficazes de higiene e limpeza.
Convivemos com o avanço tecnológico no nosso dia a dia nos hospitais. Novas descobertas surgem a todos os momentos. A Medicina Robótica já substitui a mão do homem no campo cirúrgico. Os Monitores com seu festival de luzes e botões se interpõem entre o profissional de saúde e o doente. Foi-se o tempo em que o paciente podia contemplar a face do seu médico e segurar com confiança na mão do seu enfermeiro de cabeceira. Perde-se no tempo o olhar de esperança que o paciente busca naqueles que lhe aplicam os tratamentos. Cada vez mais a máquina vem assumindo estas funções. Paga-se alto preço nas unidades de tratamento intensivo por se prolongar a vida dos pacientes.
O aumento das taxas de infecção hospitalar nestas circunstâncias é um sinalizador que a melhoria da qualidade de vida nem sempre é uma verdade. Os procedimentos invasivos, muitas vezes desordenados, se transformam em mais uma agressão ao templo sagrado do corpo. Necessário se faz que reflitamos ao se colocar a tecnologia ao nosso serviço. Fazê-la correr paralelamente conosco não permitindo que o computador engesse nosso raciocínio e nossas ações quando se trata de oferecer cuidados aos nossos pacientes.
Que possamos usufruir do maravilhoso Mundo Novo Tecnológico com parcimônia, sem nos esquecermos que a máquina não transmite o calor humano, não oferece o olhar de esperança.
Nesta história que estamos escrevendo agora devemos ter presentes os exemplos dos nossos antepassados devemos aplicar sobretudo as lições que eles nos legaram, evitando rituais e ações cabalísticas no trato com doente. Usar o bom senso lado a lado com a tecnologia na construção de um mundo melhor.
Dra. Glória Maria Andrade - (Fonte: Agência Nacional de Vigilância Sanitária)
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