3.10.2009

Bulimia e Anorexia nervosa

A bulimia nervosa é uma perturbação caracterizada por episódios recidivantes de apetite voraz seguidos por uma purga (vómitos auto-induzidos ou utilização de laxantes ou diuréticos ou de ambos), regimes rigorosos ou exercício excessivo para contrabalançar os efeitos das refeições abundantes.
Tal como na anorexia nervosa, as pessoas que têm bulimia nervosa são, em geral, mulheres; estão profundamente preocupadas com a sua figura e peso corporal e pertencem a um nível socioeconómico médio e alto. Embora a bulimia nervosa tenha sido considerada como uma epidemia, somente 2 % das mulheres universitárias, consideradas como o grupo de maior risco, são verdadeiramente bulímicas.

Sintomas
A ingestão excessiva (um consumo rápido e compulsivo de quantidades relativamente grandes de comida acompanhado de um sentimento de perda de controlo) é seguida de um intenso sofrimento e da tomada de laxantes, um regime rigoroso e um exercício excessivo. A quantidade de comida consumida de uma vez pode ser bastante grande ou não ser maior que uma refeição normal. O stress emocional desencadeia muitas vezes a ingestão excessiva, que geralmente se faz em segredo. Uma pessoa deverá ter excessos alimentares duas vezes por semana para se diagnosticar bulimia nervosa, mas podem suceder com maior frequência. Embora as pessoas com bulimia exprimam a sua preocupação em ser obesas e algumas o sejam, o seu peso tende a flutuar à volta da normalidade.
Os vómitos auto-induzidos podem causar erosão do esmalte dentário, dilatar as glândulas salivares das maçãs do rosto (glândulas parótidas) e inflamar o esófago. Os vómitos e as purgas podem diminuir os valores de potássio no sangue, provocando ritmos cardíacos anormais. Registaram-se mortes súbitas depois da ingestão repetida de grandes quantidades de ipecacuanha para induzir os vómitos. Em ocasiões raras verificou-se a ruptura gástrica em pessoas que ingeriram quantidades excessivas de alimento.
Comparadas com as pessoas que têm anorexia nervosa, as que têm bulimia nervosa tendem a ter maior consciência do seu comportamento e sentem remorsos ou culpabilidade. São mais propensas a partilhar as suas preocupações com o médico ou outro confidente. Geralmente, estas pessoas são mais extrovertidas e mais propensas a um comportamento impulsivo, como o abuso de drogas ou de álcool, e à clara depressão.

Diagnóstico e tratamento

O médico suspeita de bulimia nervosa se uma pessoa estiver demasiado preocupada com o aumento do seu peso, que apresenta grandes flutuações, em especial se existem sinais evidentes de uma utilização excessiva de laxantes. Outras pistas incluem tumefacções das glândulas salivares das maçãs do rosto, cicatrizes nos nós dos dedos por terem sido utilizados para induzir o vómito, erosão do esmalte dentário devido ao ácido do estômago e um valor baixo de potássio no sangue. No entanto, o diagnóstico dependerá da descrição do doente de um comportamento «comida excessiva-purga».
As duas abordagens de tratamento são a psicoterapia e os fármacos. É melhor que a psicoterapia seja feita por um terapeuta com experiência nas alterações do apetite, podendo ser muito eficaz. Um medicamento antidepressivo pode muitas vezes ajudar a controlar a bulimia nervosa, inclusive quando a pessoa não parece deprimida, mas a perturbação pode reaparecer quando a administração do fármaco é interrompida.
Para os mais curiosos ficam uns links: bulimia nervosa, comportamentos alimentares .

A anorexia nervosa é uma perturbação caracterizada por uma distorção da imagem corporal, um medo extremo da obesidade, a rejeição de manter um peso mínimo normal e, nas mulheres, a ausência de períodos menstruais.
Cerca de 95 % das pessoas que sofrem desta perturbação são mulheres. Geralmente, começa na adolescência, por vezes antes, e menos frequentemente na idade adulta. A anorexia nervosa afecta primordialmente as pessoas de classe socioeconómica média e alta. Na sociedade ocidental o número de pessoas com esta perturbação tem tendência a aumentar.


A anorexia nervosa pode ser ligeira e transitória ou grave e duradoura. Fala-se em taxas letais tão altas como 10 % a 20 %. No entanto, como os casos ligeiros podem não ser diagnosticados, ninguém sabe exactamente quantas pessoas têm anorexia nervosa ou que percentagem morre dela.
A sua causa é desconhecida, mas os factores sociais parecem importantes. O desejo de ser magro é bastante frequente na sociedade ocidental e a obesidade é considerada pouco atraente, doentia e indesejável. Mesmo antes da adolescência, as crianças estão a par destas atitudes e dois terços das adolescentes seguem regimes ou adoptam outras medidas para controlar o peso. No entanto, só uma pequena percentagem destas meninas desenvolvem anorexia nervosa.

Anorexia
A distorção da imagem corporal destas doentes (inclusive depois de um regime dietético prolongado) faz com que tenham sempre a impressão de possuir peso a mais.

Sintomas
Muitas das mulheres que mais tarde desenvolvem anorexia nervosa são meticulosas e compulsivas, com metas muito altas de realização e de êxito. Os primeiros indicadores da iminência de uma perturbação são a crescente preocupação com a dieta e o peso corporal, inclusive entre aquelas que já são magras, como é o caso da maioria das pessoas com anorexia nervosa. A preocupação e a ansiedade intensificam-se à medida que emagrecem. Mesmo quando atinge a emaciação, a pessoa declara que se sente obesa, nega ter qualquer problema, não se queixa da ausência de apetite ou da perda de peso e em geral resiste ao tratamento. A pessoa não costuma ir ao médico até que os familiares a obriguem.
Anorexia significa «ausência de apetite», mas as pessoas com anorexia estão de facto esfomeadas e preocupadas com a alimentação, estudando regimes e calculando calorias; acumulam, escondem e desperdiçam a comida; coleccionam receitas e cozinham pratos elaborados para outros.
Cerca de 50 % das pessoas com anorexia nervosa ingerem uma quantidade excessiva de comida e a seguir provocam a si próprias o vómito ou administram laxantes ou diuréticos. A outra metade restringe simplesmente a quantidade de comida que ingere. A maioria pratica também um excesso de exercício para controlar o peso.
As mulheres deixam de menstruar, por vezes antes de terem perdido muito peso. Regista-se tanto nos homens como nas mulheres uma perda de interesse sexual. Têm caracteristicamente uma frequência cardíaca lenta, pressão arterial baixa, baixa temperatura corporal, inchaço dos tecidos por acumulação de líquidos (edema) e cabelo fino e suave ou então excessiva camada de pêlos nas faces e no corpo. As pessoas com anorexia que emagrecem muito tendem a manter uma grande actividade, incluindo a prática de programas de exercício intenso. Não têm sintomas de deficiências nutricionais e estão surpreendentemente livres de infecções. A depressão é habitual e as pessoas com esta perturbação mentem acerca do que comeram e escondem os seus vómitos e os seus hábitos alimentares peculiares.
As alterações hormonais que resultam da anorexia nervosa incluem valores de estrogénios e de hormonas tiróideas acentuadamente reduzidos e concentrações aumentadas de cortisol. Se uma pessoa está gravemente desnutrida, é provável que todos os órgãos principais sejam afectados. Os problemas mais perigosos são os relacionados com o coração e com os líquidos e os electrólitos (sódio, potássio, cloro). O coração fica débil e expulsa menos sangue. A pessoa pode desidratar-se e ter tendência para o desmaio. O sangue pode acidificar-se (acidose metabólica) e os valores de potássio no sangue podem descer. Vomitar e tomar laxantes e diuréticos pode piorar a situação. Pode ocorrer uma morte súbita devido ao aparecimento de ritmos cardíacos anormais.

Diagnóstico e tratamento
A anorexia nervosa é geralmente diagnosticada com base numa perda de peso acentuada e nos sintomas psicológicos característicos. A anoréctica típica é uma adolescente que perdeu pelo menos 15 % do seu peso corporal, receia a obesidade, deixou de menstruar, nega estar doente e parece saudável.
Geralmente, o tratamento faz-se em duas fases. A primeira é a restauração do peso corporal normal. A segunda é a psicoterapia, muitas vezes completada com fármacos.
Quando a perda de peso foi rápida ou intensa (por exemplo, mais de 25 % abaixo do peso ideal), a recuperação de peso é crucial; essa perda de peso pode pôr em perigo a vida. O tratamento inicial é geralmente levado a cabo num hospital, onde profissionais experimentados animam, calma mas firmemente, a doente a comer. Raramente, a doente é alimentada por via endovenosa ou através de um tubo colocado no nariz e que chega até ao estômago.
Quando o estado nutricional é aceitável, começa-se o tratamento a longo prazo, que deve ser feito por especialistas nas alterações do apetite. Este tratamento pode incluir psicoterapia individual, de grupo e familiar, assim como fármacos. Quando se diagnostica depressão, receitam-se antidepressivos. O tratamento tende a estabelecer um ambiente tranquilo, estável e interessado na pessoa, animando-a a consumir uma quantidade adequada de comida.

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