3.08.2009

ERRO MÉDICO


Morte após erro médico

Equipe do Hospital Getúlio Vargas opera lado errado do cérebro de mulher que tinha coágulo
Mariana Muller
Rio - Dois cirurgiões foram afastados do Hospital Getúlio Vargas, na Penha, por suspeita de erro médico: o chefe do Centro de Neurocirurgia, Thorkil Xavier de Brito, e o médico concursado em 2001 Pedro Ricardo Mendes. O procedimento se deve à morte, na madrugada de ontem, da dona-de-casa Verônica Cristina do Rêgo Barros, 31 anos, moradora de Irajá, depois de ela ter sido operada, equivocadamente, no lado direito do cérebro, quando o correto seria no esquerdo.

Foram abertas três sindicâncias, uma feita pelo hospital, outra da Secretaria de Estado de Saúde e Defesa Civil e a terceira pelo Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj). O drama de Verônica começou na manhã de segunda-feira, quando ela caiu no banheiro e foi levada às pressas para o Hospital Getúlio Vargas por seu marido, Giovane de Matos Dorneles. Lá, foram feitos exames que apontaram urgência para intervenção cirúrgica no lado esquerdo do cérebro. Mas o cirurgião Pedro Ricardo Mendes realizou o procedimento no lado direito, onde não havia o coágulo.

O suposto erro médico foi avisado à família em denúncia anônima feita por um dos integrantes da equipe de cirurgia. Parentes afirmaram que a “consciência do informante pesou”. Por isso, ele procurou direto a família em vez da diretoria do hospital.

LAUDO APONTA ERRO

Segundo o prontuário médico, durante a operação, Verônica sofreu cinco paradas cardíacas. Quinta-feira, após a denúncia, a família comunicou à direção do hospital e a paciente passou por nova intervenção, comandada pelo mesmo médico que a operara na primeira vez para, enfim, retirar o coágulo do lado esquerdo. Mas ela não resistiu.

Segundo o diretor do hospital, Cesar Fontes Rodrigues, o afastamento é necessário, mesmo antes da investigação proposta, porque o laudo médico já determinava o erro no procedimento: “Tudo aponta para um possível erro médico, mas expliquei aos familiares que, mesmo ocorrendo a cirurgia correta, a paciente teria poucas chances de viver”.

NO RIO E EM SÃO PAULO, FALHA HUMANA

Dois casos de erros médicos recentes tiveram tristes desfechos. No Rio de Janeiro, o Supremo Tribunal de Justiça (STJ) condenou a Prefeitura do Rio a pagar indenização de R$ 300 mil a criança que teve o braço direito amputado devido a um erro médico na Maternidade Herculano Pinheiro, em Madureira. O erro médico ocorreu em 2001, quando o garoto, hoje com sete anos, tinha 11 dias de vida.

Em novembro de 2006, Adriana Perote de Oliveira, 33 anos, deu entrada na Santa Casa de Sorocaba, em São Paulo, para operar o tornozelo fraturado. No dia seguinte, ela descobriu que o hospital havia operado seu útero e não o tornozelo.

A família pediu à direção do hospital uma sindicância para apurar o caso. A Santa Casa de Sorocaba atribuiu o erro médico a duas coincidências: a primeira é que estaria marcado um procedimento ginecológico em paciente com o mesmo nome de Adriana, que não compareceu. A segunda é que a dona-de-casa, ao ser examinada, teria apresentado pequenas feridas no útero.

O Dia

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