
Morales mastiga folha de coca na ONU ao defender planta
11 de março de 2009
Com uma folha de coca na mão, que depois mastigou, o presidente da Bolívia, Evo Morales, pediu nesta quarta à ONU, em Viena, que retire a planta da lista de entorpecentes proibidos pelas convenções internacionais.
"Isto é uma folha de coca, não é cocaína. Não é possível que esteja na lista de entorpecentes da ONU", declarou Morales com a planta na mão, arrancando aplausos de várias delegações.
"A mastigação é isto. Não faz mal a ninguém. Não é porque mastigo que sou viciado em drogas. Se for assim, (Antonio María) Costa (responsável da ONU para a luta antidrogas e presente na sala) deveria me levar preso", acrescentou Morales, que voltou a ser aplaudido pelos participantes de uma reunião da Comissão de Narcóticos (CDN, na sigla em inglês) da organização.
"Eu sou produtor desta folha de coca. Não é porque sou produtor que sou narcotraficante", acrescentou Morales, pedindo à legislação internacional que se adéque a uma nova realidade.
"Esta folha de coca é medicina para os povos. Não é prejudicial para a saúde humana em seu estado natural", frisou.
"Venho com muito respeito pedir que corrijam um erro histórico", disse Morales, ao criticar o fato de a folha de coca ter sido incluída no Convenção de Entorpecentes da ONU de 1961.
Durante a reunião, o presidente boliviano relatou sua experiência pessoal como usuário da folha de coca para provar aos presentes que a planta não causa danos nem dependência.
"Consumi intensamente folha de coca durante dez anos, quando trabalhava na agricultura, e não me sinto desnutrido. E tenho 50 anos", declarou.
O chefe de Estado também disse que o consumo de folha de coca já era comum três mil anos antes de Cristo e que não é possível eliminar uma prática tão antiga.
Morales argumentou que proibir a folha de coca "constitui um atentado contra os direitos dos povos indígenas", que a planta não tem efeitos negativos e que, "como presidente", não pode "pedir algo que faça dano à humanidade".
Além disso, o presidente e líder cocaleiro reafirmou que lutará "de maneira frontal contra a cocaína, o narcotráfico e as drogas".
EFE - Agência EFE
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