Autor: Jussara Seixas
A última edição da revista francesa Courrier dedica sua capa ao presidenteLula e ao papel de partido político assumido pela grande mídia brasileira, que faz oposição ao governo em defesa de seus interesses comerciais.
Com o título “Uma imprensa contra Lula”, a reportagem diz: “Na reta final da campanha, saem faíscas entre os principais jornais e o governo. Esse fenômeno já ocorreu durante a reeleição de Lula em 2006, quando a classe média abastada tinha caído”.
A publicação destaca que quatro grandes famílias dividem entre si o controldas principais mídias e ñunca aceitaram a chegada de um metalúrgico ao poder: “os Marinho, proprietários do jornal diário O Globo e da todo-poderosa Rede Globo de Televisão, os Mesquita, do Estado de S. Paulo, os Frias, da Folha de S. Paulo, e os Civita, da editora Abril, responsável pela principal revista semanal, Veja. Essas grandes famílias nunca assimilaram a eleição de Lula, este presidente pouco instruído, vindo de um estado pobre e saído do sindicalismo”.
A Courrier ressalta que essas mídias recentemente desencadearam uma campanha contra a candidata Dilma Rousseff, “na esperança de remover da Presidência o
Partido dos Trabalhadores, publicaram então muitos balanços negativos dos anos Lula e artigos escandalosos”.
“O tom das acusações algumas vezes é caricatural”, qualifica Courrier, lembrando que a Folha de São Paulo, em setembro, “não hesitou em considerar Dilma Rousseff responsável pela perda de 1 milhão de dólares por ter demorado demais para mudar uma lei do setor elétrico que havia sido aprovada no final do mandato de Fernando Henrique Cardoso (1994-2002)”.
A publicação, continua: “No entanto, o eleitorado não se deixa enganar: em
função dessa matéria circularam maciçamente no Twitter piadas que atribuíam
a Dilma Rousseff todos os males do mundo”, relata.
A revista francesa, aliás, afirma que a imprensa parece ter perdido sua antiga influência de outrora. “A sociedade de agora tem acesso à informação
através de milhares de ONGs e associações, sem esquecer o papel essencial da internet. E as cadeias de televisão de acesso gratuito, que continuam, de
longe, a mais importante fonte de informações, adotaram certa prudência nas críticas ao governo, sem dúvida para evitar a perda de audiência natural, constituída pelos menos favorecidos e pela classe média baixa, que continuam a apoiar um presidente que se assemelha a eles”.
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