A profilaxia da úlcera gástrica por estresse é hoje amplamente difundida dentro da prática médica. Estima-se que 52% dos pacientes admitidos nas enfermarias fazem algum tipo de profilaxia, enquanto as taxas dentro da terapia intensiva chegam a 90%. Apesar desses números, faltam na literatura evidências que sustentem tal prática. Os inibidores de bomba de próton, uma das principais medicações empregadas com este fim, nunca demonstraram ser efetivos na diminuição do sangramento por úlcera de estresse.
Mas a grande pergunta é: porque esta prática se tornou tão corriqueira? Uma explicação se deve ao fato de que no passado, o sangramento gastrointestinal por estresse foi uma importante causa de morbi-mortalidade dentro da terapia intensiva, e que nas últimas duas décadas sua incidência tem decaído significativamente. Provavelmente, isto se deve a melhora na ressuscitação e ao início precoce da alimentação enteral. Messori et al demonstrou numa meta análise recente que a ranitidina é ineficaz na prevenção do sangramento gastrointestinal além de que o seu uso foi associado ao aumento do risco de pneumonia. Num estudo randomizado controlado Kantorova et al comparou nos pacientes com alto risco (coagulopatia e insuficiência respiratória com ventilação mecânica >48h) 3 classes diferentes de profilaxia de úlcera gástrica com o placebo. Não houve significância estatística nas taxas de sangramento entre o grupo controle e o tratado. Entretanto, as taxas de colonização bacteriana e pneumonia associada à ventilação mecânica foram maiores no grupo com intervenção. Bonten et al demonstrou que a nutrição enteral contínua foi mais eficaz em reduzir o pH gástrico (>3,5) quando comparado com os bloqueadores de receptor de histamina e inibidores de bomba de próton.
Numa revisão sobre os estudos controlados randomizados que demonstraram o benefício da terapia de supressão gástrica identificou-se que a alimentação pós-piloro aumenta o risco de sangramento nas ulceras por estresse. Isto se deve a um estimulo da secreção gástrica sem mecanismo de neutralização. Como já estipulado nos consensos de terapia nutricional, o atraso no inicio da nutrição enteral ou o inicio da nutrição parenteral foi associada ao aumento da morbi-mortalidade dos pacientes críticos.
Pelo aspecto infeccioso, a terapia de supressão gástrica esta associada a uma incidência de 30% a mais de pneumonia associada à ventilação mecânica. Além disso, o uso de antibiótico de grande espectro concomitante foi associado ao aumento de risco de infecção por Clostridium difficile.
Nos pacientes com insuficiência renal, Bem-Joseph et al demonstrou maior incidência de alteração do status mental (>80%), neutropenia e trombocitopenia nos pacientes que fizeram uso de bloqueadores dos receptores histamínicos. Os inibidores de bomba de próton possuem altas taxas de interações medicamentosas. O omeprazol é responsável por alteração no metabolismo da ciclosporina, diazepam, fenitoina, varfarina e diversos antipsicóticos. O clopidrogrel, uma pró-droga com ativação mediada pelo citicromo P450, tem seu metabolismo alterado quando administrado em associação com bloqueadores de bomba de próton. Há relatos, inclusive, de maiores eventos coronarianos nos pacientes que fazem uso desta associação do que naqueles que fazem uso isolado do clopidogrel.
Como sugestão, acredito que deveríamos avaliar mais as medicações empregadas no nosso dia a dia com enfoque nos seus reais benefícios.
Marcelo Grandi
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Muitas vezes no senso comum, costuma-se confundir estresse com ansiedade, porém a ansiedade é anterior a ele, a ansiedade é que faz que se tenha o estresse. A ansiedade é comum, e de certa forma é bom que se tenha, pois é ela que fará que a pessoa fique em estado de alerta frente a alguma situação perigosa que possa vir a acontecer, entretanto quando ela for em excesso, acabará acarretando o estresse.
O estresse é uma resposta a acontecimentos externos, que acarretará em reações físicas, psicológicas e comportamentais no indivíduo, e ele pode ser dividido em estresse agudo e patológico. O stress agudo é aquele que a pessoa fica exposta a uma situação aversiva por um curto período de tempo, já no estresse patológico a pessoa perde a capacidade de adaptação, o que ajudaria a sair da situação aversiva e isso se prolonga por um longo período de tempo.
Quando em uma situação estressante a pessoa sofrerá diversas modificações fisiológicas, primeiramente a pessoa receberá:
Os sinais do ambiente à cérebro à hipotálamo à hipófise à glândula supra-renal.
Quando esse sinal externo chega á glândula supra-renal disparará a adrenalina e o cortisol e esses irão fazer um feedback com o hipotálamo, e por sua vez o hipotálamo disparará o sistema nervoso simpático que terá seus efeitos na glândula supra-renal que disparará a adrenalina e o cortisol e assim agirá formando um ciclo.
O sistema nervoso simpático é importante nesse caso pois é ele que faz com que a pessoa reaja perante as mais variadas situações como alerta emocional, reação de luta ou fuga, medo, raiva, ansiedade, alegria entre outras, já o sistema nervoso parassimpático irá totalmente contra a esses efeitos pois ele causará tranqüilidade, reações de relaxamento, calma, meditação entre outros. O ideal é que se tenha perfeita homeostase entre os dois sistemas para que o stress não venha a causar danos ao organismo.
"O stress, é produzido cada vez que o indivíduo depara-se com a eminência de enfrentar um novo ambiente, já que consiste em primeira instância, de um fenômeno de adaptação à mudança" (ALBERT; URURAHY, 1997, p. 36-37), e por sua vez essa mudança tanto pode ser boa ou má, lógico que as situações ruins tenderão a serem mais estressantes, porém as situações que são consideradas como tranqüilas também serão estressantes, desde que elas sejam muito repetitivas. O estresse em si, não é ruim, pois o tempo todo temos que nos adequar as mais variadas situações ele só se tornará ruim desde que não consigamos nos adaptar à essas mudanças.
O estresse crônico ocasionará vários danos ao indivíduo, como distúrbios metabólicos de: proteínas, carboidratos, lipídeos, células sangüíneas, tecido linfático, sistema nervoso central, sistema muscular esquelético, tecido ósseo, sistema cardiovascular, olhos, testículos/ovários e gastrointestinais (ao último que daremos ênfase).
Em decorrência ao excesso de cortisol que é liberado no organismo, dentre esses diversos danos, destaca-se o sistema gastrointestinal, que terá sua secreção de ácido clorídrico e pepsinogênio aumentadas e em virtude disso ocorrerá à diminuição do muco protetor intestinal, já o excesso de adrenalina terá como efeito as doenças do trato digestivo, como: úlceras, gastrites, doenças inflamatórias, colites e diarréias crônicas.
Algumas manifestações fisiológicas gastrointestinais em detrimento do stress.
Úlcera:ela é o distúrbio mais mencionado, ao relacionar com o psicológico, ela pode ser chamada de úlcera gástrica ou péptica, essa úlcera gastrointestinal é uma lesão que ocorre na membrana mucosa que é típica do estômago pela hipersecreção do suco gástrico, que é bastante ácido, e ele ocasiona novas lesões ou pode também reativar as úlceras já cicatrizadas. É um distúrbio que ocasiona dor, e essa pode variar de um leve desconforto ou uma dor crônica, a dor tende a se relacionar com o ciclo digestivo, em geral antes do desjejum ela é ausente e no decorrer do dia se intensifica, e essa dor, com freqüência é aliviada pela ingestão de alimentos leves e antiácidos e pode ter seu efeito intensificado por ingestão de alimentos muito temperados e também pelo álcool.
Gastrite:é uma inflamação no estômago, esse estado tem muita relação às situações específicas em que ocorre uma constante exposição a situações aversivas o que pode a tornar crônica. Esse distúrbio pode ter vários sintomas como: indigestão, hiperacidez, eructação, flatulência e náuseas, ele pode também varias de intensidade podendo ser fraco ou a um estado grave. Na gastrite superficial crônica a maioria das pessoas relatam ter sensações de queimadura epigástrica (no popular-azia) e ela pode ocasionar náuseas e vômitos, já a gastrite aguda pode ser considerada uma conseqüência direta da ativação do sistema nervoso simpático, ocorrem reações autônomas à tensão, podendo ocasionar desorganizações das funções digestivas, distúrbio do equilíbrio de acidez-alcalinidade e interrupções do movimento peristáltico e essas reações acorrem perante a determinadas situações tensas para o indivíduo.
Colite:é a inflamação do cólon, e ela pode se apresentar de duas diferentes formas, uma delas é a colite ulcerosa crônica, é um estado do cólon ulceroso, inflamatório, não especificado e persistente, se assemelha muito a úlcera péptica, em certos casos ele pode ocasionar hemorragia ou perfuração do cólon, quando em estado mais avançado, todo o revestimento mucoso do cólon pode se desintegrar-se sendo necessária a remoção parcial do cólon; já a segunda forma é a colite da mucosa, ele é um estado menos grave e se caracteriza, pelo distúrbio da atividade motora e das atividades secretoras de muco do cólon. O sistema nervoso parassimpático tem uma atuação aqui também promovendo a facilidade das atividades do canal intestinal, promovendo o fluxo sanguíneo, a secreção mucosa, o peristaltismo, e outras atividades do processo digestivo.
Diarréia crônica:é um estado de freqüência ou fluxo anormal de descargas fecais, em muitas vezes devido a casos emocionais, há casos em que as pessoas podem ter cerca de 40 ou 50 movimentos do intestino por dia.
Algumas manifestações psíquicas em detrimento do stress:
Hiper-reatividade ao meio ambiente, irritabilidade, sensação de expectativa, visão pessimista, dificuldade de concentração, ansiedade, depressão, isolamento, impulsividade, perda ou excesso de apetite e pânico.
Algumas manifestações comportamentais em detrimento do stress:
Alcoolismo, bulimia, tabagismo, consumo de drogas ilícitas, uso de calmantes e ansiolíticos, automedicação (para suprimir sintomas específicos), aumento de ingestão de café ou bebidas do tipo cola e comportamento autodestrutivo.
O estresse pode ter seus efeitos potencializados por alguns elementos que se denomina ciclo dos excitantes, são eles: o fumo, o álcool, o próprio stress, café, sedentarismo e alimentos açucarados; já na tentativa de se controlar o nível de stress temos o ciclo controladores dos excitantes, ou seja alguns comportamentos como: alimentação balanceada, beber bastante líquido, atividade física regular e respeitar os ritmos biológicos (como dormir bem por exemplo), ou seja uma mudança em hábitos diários já ajudaria a manter o nível de stress regular.
Em dezembro de 1996 foi feita uma pesquisa, em uma clinica de check-up médico no Rio de Janeiro, entre dez mil executivos e profissionais liberais na faixa de 30 a 75 anos, em que demonstrou:
- Alimentação desequilibrada............................80%
- Estilo de vida competitivo e obsessivo por resultados, determinando alto nível de stress...............................................................70%
- Vida sedentária...............................................60%
- Pacientes com o peso acima do ideal.............60%
- Uso de bebidas alcoólicas regularmente........50%
- Fumantes........................................................40%
- Lesões cutâneas por stress..............................26%
- Insônia............................................................26%
- Altos níveis de colesterol...............................25%
- Auto-medicação.............................................20%
- Hipertensão arterial........................................19%
- Gastrite/Úlcera...............................................16%
- Fadiga............................................................15%
Diante desses dados pode-se notar que há muita interferência da forma que se vive com os sintomas que se apresentam no físico das pessoas, e é nesse meio que o psicólogo poderá atuar, pois ao detectar, por meio das sessões psicoterápicas, qual será o sintoma ou sintomas que se apresentam, ele poderá buscar a melhor forma de tratamento, para que possa alterar as contingências aversivas que estão atuando sobre o indivíduo e buscar modificá-las.
O psicólogo atuará nas manifestações psíquicas e comportamentais do stress para que assim possa melhorar a qualidade de vida das pessoas e reduzindo assim as conseqüências que se acarretam no físico dos indivíduos diminuindo assim também seu sofrimento físico e psicológico.
Tem-se como acréscimo a partir deste estudo que o estresse em longo prazo é extremamente prejudicial à saúde tanto física quanto psíquica do indivíduo. Um olhar mais atento foi dado ao sistema gastrointestinal mesmo que ocupe uma pequena parcela das manifestações sentidas pelos indivíduos (como foi relatado na tabela) considerados estressados não deve ser lhe tirada a devida importância. Além disso, destacou-se um ponto diferencial sobre o estresse, o seu contexto, ou seja, o ambiente onde os indivíduos interagem, e o "surgimento" do seu termo no contexto histórico a partir do relato sobre as novas formas de trabalho dentro do sistema capitalista. E como a cultura confirma os valores como a atividade e a produtividade dentro de um mercado competitivo.
autor:Paula Marsolla
Fonte: http://www.webartigos.com/articles/29949/1/ESTRESSE-E-LESOES-GASTRICAS/pagina1.html#ixzz18DpmnZ9D
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