Dida Sampaio/AE
Realidade nas escolas. Paulina Duarte, da Senad, o ministro Jorge Armando Felix e André Lázaro, do Ministério da Educação
A relação entre os dois tipos de escolas se inverte quando se analisa o uso frequente da droga, ou seja, seis ou mais vezes no mês anterior à pesquisa. Nesse caso, a rede pública ultrapassa a privada por uma pequena margem - 0,9% contra 0,8%. Quanto ao uso pesado (20 ou mais vezes), os alunos da rede pública superam os da privada (por 1,2% a 0,8%). Ou seja: embora os estudantes das particulares experimentem mais, os das públicas usam com mais frequência.
O estudo do governo federal, feito em parceria com a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), trouxe pela primeira vez os números da rede privada.
Estudantes do ensino fundamental e médio foram submetidos a um questionário de autopreenchimento, aplicado em 789 escolas. Segundo a Senad, cerca de 94% das públicas convidadas aceitaram participar, contra 70% das privadas. "Não entendemos como grave a recusa (das privadas). Pode ter a ver com o fato de ser a primeira vez que se faz uma pesquisa sobre esse tema com elas. A rede pública tem tradição", diz a secretária adjunta da Senad, Paulina Duarte.
Escolas públicas. Os dados da pesquisa anterior, de 2004, permitem uma comparação do cenário na rede pública. O uso de maconha pelo menos uma vez por ano caiu de 4,6% para 3,7%; de solventes ou inalantes (como lança-perfume), de 14,1% para 4,9%; de anfetamínicos, de 3,2% para 1,6%; e de crack, de 0,7% para 0,4%. O uso de cocaína, porém, subiu de 1,7% para 1,9%.
"O aumento em relação à cocaína foi relativamente pequeno e merecerá do governo uma análise mais acurada", disse Duarte. "A redução do consumo de drogas é um fenômeno que não está ocorrendo apenas no Brasil. Há, no mundo, uma tendência de estabilização do consumo e até mesmo de diminuição. Há maior percepção sobre os riscos."
Para a secretária adjunta, os números mostram um pequeno consumo de crack entre os estudantes - na rede privada, o índice foi de 0,2%. Uma possibilidade para o resultado é o fato de os usuários da droga na faixa etária estudada (de 10 a 19 anos) não estarem em sala de aula. "O crack devasta com muito mais rapidez a vida das pessoas, o que pode fazer com que elas não estejam na escola", afirmou Duarte.
Quanto ao uso de tabaco e álcool nos ensinos fundamental e médio, houve redução no consumo entre 2004 e 2010. No primeiro caso, de 15,7% para 9,8%, e no segundo, de 63,3% para 41,1%.
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