12.17.2010

DROGAS NAS ESCOLAS

 estudantes de escolas particulares experimentam drogas mais que os da rede pública, revela levantamento da Secretaria Nacional de Políticas Sobre Drogas (Senad) divulgado ontem. Mapeamento feito com 50.890 alunos de todas as capitais constatou que, na faixa de 16 a 18 anos, 54,9% dos que estudam na rede particular já usaram psicotrópicos, como maconha, cocaína e crack, pelo menos uma vez. Na pública o porcentual é de 40,3%.
Dida Sampaio/AE
Dida Sampaio/AE
Realidade nas escolas. Paulina Duarte, da Senad, o ministro Jorge Armando Felix e André Lázaro, do Ministério da Educação
Em todas as faixas etárias, do ensino fundamental ao médio, 30,2% dos alunos da rede privada já experimentaram psicotrópicos, contra 24,2% dos da pública.
A relação entre os dois tipos de escolas se inverte quando se analisa o uso frequente da droga, ou seja, seis ou mais vezes no mês anterior à pesquisa. Nesse caso, a rede pública ultrapassa a privada por uma pequena margem - 0,9% contra 0,8%. Quanto ao uso pesado (20 ou mais vezes), os alunos da rede pública superam os da privada (por 1,2% a 0,8%). Ou seja: embora os estudantes das particulares experimentem mais, os das públicas usam com mais frequência.
O estudo do governo federal, feito em parceria com a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), trouxe pela primeira vez os números da rede privada.
Estudantes do ensino fundamental e médio foram submetidos a um questionário de autopreenchimento, aplicado em 789 escolas. Segundo a Senad, cerca de 94% das públicas convidadas aceitaram participar, contra 70% das privadas. "Não entendemos como grave a recusa (das privadas). Pode ter a ver com o fato de ser a primeira vez que se faz uma pesquisa sobre esse tema com elas. A rede pública tem tradição", diz a secretária adjunta da Senad, Paulina Duarte.
Escolas públicas. Os dados da pesquisa anterior, de 2004, permitem uma comparação do cenário na rede pública. O uso de maconha pelo menos uma vez por ano caiu de 4,6% para 3,7%; de solventes ou inalantes (como lança-perfume), de 14,1% para 4,9%; de anfetamínicos, de 3,2% para 1,6%; e de crack, de 0,7% para 0,4%. O uso de cocaína, porém, subiu de 1,7% para 1,9%.
"O aumento em relação à cocaína foi relativamente pequeno e merecerá do governo uma análise mais acurada", disse Duarte. "A redução do consumo de drogas é um fenômeno que não está ocorrendo apenas no Brasil. Há, no mundo, uma tendência de estabilização do consumo e até mesmo de diminuição. Há maior percepção sobre os riscos."
Para a secretária adjunta, os números mostram um pequeno consumo de crack entre os estudantes - na rede privada, o índice foi de 0,2%. Uma possibilidade para o resultado é o fato de os usuários da droga na faixa etária estudada (de 10 a 19 anos) não estarem em sala de aula. "O crack devasta com muito mais rapidez a vida das pessoas, o que pode fazer com que elas não estejam na escola", afirmou Duarte.
Quanto ao uso de tabaco e álcool nos ensinos fundamental e médio, houve redução no consumo entre 2004 e 2010. No primeiro caso, de 15,7% para 9,8%, e no segundo, de 63,3% para 41,1%.

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