A nanotecnologia como um
todo deve revolucionar os parâmetros da ciência, principalmente na área
da saúde. Diante disso, Farmanguinhos aposta em dois estudos nesse
campo, a fim de tratar duas doenças que afligem milhões de pessoas em
todo o mundo: Esquistossomose e Aids.
O
físico Flávio Plentz, à frente da coordenação de micro e
nanotecnologias do Ministério da Ciência e Tecnologia, traça potenciais
econômicos para o setor. "Tecidos sem cheiro para fazer roupa de cama,
vestimentas para hospitais, bactericida para empresas de tapete..." Tudo
seria possível com a manipulação em laboratório de nanopartículas.
Dessa forma, mais uma vez, Farmanguinhos demonstra sua vocação em
inovação tecnológica.
Uma
das pesquisas realizadas em Farmanguinhos é sobre uma nova formulação
para o Praziquantel (PZQ), medicamento indicado para o tratamento da
Esquistossomose. Popularmente conhecida como Barriga-d’água, é uma das
principais doenças negligenciadas - afeta cerca 200 milhões de pessoas
em todo o mundo e oito milhões no Brasil. Protegido numa cápsula
microscópica, o PZQ atravessa ileso o ácido do estômago e o fígado. Já
na corrente sanguínea, ele encontra o local onde deve agir, quando então
uma pequena molécula entra em ação e abre a cápsula, lançando um
bombardeio certeiro contra o exército de parasitas que ocupa o organismo
do paciente. Uma espécie de míssil farmacêutico teleguiado.
O
medicamento será fabricado na nova planta de nanopolímeros da
Coppe/UFRJ, inaugurada em outubro. Resultado de um investimento de R$ 11
milhões, a Planta Piloto de Polímeros ocupa uma área de 740 m2
no Laboratório de Engenharia de Polimerização da Coppe. A instalação é a
primeira do país capaz de produzir micro e nanopartículas com
aplicações nas áreas médica, biotecnológica e farmacêutica.
Outra
pesquisa de Farmanguinhos com o uso de nanotecnologia está voltada para
o tratamento da Aids. Trata-se do desenvolvimento de um
antirretroviral. Apesar de estar ainda em fase embrionária, o estudo tem
apresentado resultados promissores.
Na mira do governo – Enquanto
a microrrobótica ainda é invisível no Brasil, com iniciativas isoladas e
investimentos pulverizados, a nanotecnologia como um todo entrou no
radar do governo. O Ministério da Ciência e Tecnologia aumentará em 20
vezes o orçamento para esse campo em 2013: R$ 101 milhões. Além disso,
formou-se neste ano um comitê de dez ministérios para avaliar novas
políticas de incentivo.
O
ministério deve anunciar ainda este mês quais laboratórios receberão
verbas federais, dentro de um programa chamado SisNano. Uma
contrapartida: os beneficiados devem disponibilizar 15% de seu tempo
para usuários externos, como empresas. "Para que ganhem maior robustez",
afirma o físico Plentz.
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