O recuo do presidente provisório Michel Temer no projeto de extinguir o Ministério da Cultura, anunciado neste sábado, é sintomático; revela um presidente frágil, sem voto e sem legitimidade, que volta atrás diante de qualquer sinal de perigo; no caso do Ministério da Cultura, os artistas gritaram e venceram; em apenas dez dias de interinidade, já houve vários recuos, em várias áreas, como na CPMF, na Previdência, no SUS e no modelo de gratuidade das universidades públicas; e isso porque grandes batalhas, como a abertura do pré-sal a empresas estrangeiras, ainda nem começaram
247 – Dez dias de
interinidade de Michel Temer no poder foram suficientes para o Brasil
descobrir que tem um governo ioiô. Um dia vai, um dia vem.
O recuo mais recente, anunciado neste sábado, foi a volta do Ministério da Cultura. Os artistas gritaram, ocuparam diversos espaços do Minc e venceram.
Mas este foi o exemplo mais recente. Antes disso, houve vários outros episódios, a saber:
1) Temer garantia que a Secretaria Nacional de Cultura seria ocupada por uma mulher. Depois de cinco nãos, incluindo Daniela Mercury, ele escolheu um homem para a função;
2) Na sua primeira entrevista, Henrique Meirelles preparou os espíritos para a volta da CPMF. Foi podado por vários políticos do entorno de Temer, que decidiram adiar a questão;
3) A reforma da Previdência traria idade mínima para trabalhadores da ativa; como o tema é sensível, também parou em algum buraco negro em Brasília;
4) Mendonça Filho, ministro da Educação, havia anunciado o fim da gratuidade nas universidades públicas. Como não havia combinado com Temer, desdisse o que havia dito.
5) Assim como ele, Ricardo Barros, da Saúde, dissera que o SUS não deveria mais ser universal. Pegou tão mal que ele também voltou atrás.
Todos esses movimentos revelam apenas um governo frágil, de legitimidade duvidosa, que não tem força para fazer valer suas posições.
A continuar nesse ritmo, os que esperam grandes reformas e medidas polêmicas, como a abertura do pré-sal a empresas estrangeiras, sairão frustrados.
Leia, abaixo, reportagem da Agência Brasil sobre a volta do Ministério da Cultura:
O recuo mais recente, anunciado neste sábado, foi a volta do Ministério da Cultura. Os artistas gritaram, ocuparam diversos espaços do Minc e venceram.
Mas este foi o exemplo mais recente. Antes disso, houve vários outros episódios, a saber:
1) Temer garantia que a Secretaria Nacional de Cultura seria ocupada por uma mulher. Depois de cinco nãos, incluindo Daniela Mercury, ele escolheu um homem para a função;
2) Na sua primeira entrevista, Henrique Meirelles preparou os espíritos para a volta da CPMF. Foi podado por vários políticos do entorno de Temer, que decidiram adiar a questão;
3) A reforma da Previdência traria idade mínima para trabalhadores da ativa; como o tema é sensível, também parou em algum buraco negro em Brasília;
4) Mendonça Filho, ministro da Educação, havia anunciado o fim da gratuidade nas universidades públicas. Como não havia combinado com Temer, desdisse o que havia dito.
5) Assim como ele, Ricardo Barros, da Saúde, dissera que o SUS não deveria mais ser universal. Pegou tão mal que ele também voltou atrás.
Todos esses movimentos revelam apenas um governo frágil, de legitimidade duvidosa, que não tem força para fazer valer suas posições.
A continuar nesse ritmo, os que esperam grandes reformas e medidas polêmicas, como a abertura do pré-sal a empresas estrangeiras, sairão frustrados.
Leia, abaixo, reportagem da Agência Brasil sobre a volta do Ministério da Cultura:
Marcelo Brandão – Repórter da Agência Brasil
Após uma série de críticas de
setores da sociedade e da classe artística, o Ministério da Cultura será
recriado. A decisão do presidente interino Michel Temer foi confirmada
pelo ministro da Educação, Mendonça Filho. O ministro da pasta será
Marcelo Calero, que já havia sido escolhido para chefiar a área de
cultura quando ainda se pensava nela como uma secretaria vinculada ao
Ministério da Educação (MEC). A medida provisória que trata da recriação
da pasta será publicada noDiário Oficial da União de segunda-feira (23). A posse de Calero está prevista para terça-feira (23).
A decisão foi tomada após uma conversa de Temer com Mendonça Filho. O presidente expôs sua vontade de recriar a pasta recém-extinta e pediu a opinião do ministro. Mendonça Filho, então, concordou. “É um gesto no sentido de serenar os ânimos e focar no objetivo maior: a cultura brasileira”, disse o ministro, em nota divulgada hoje (21) pelo MEC no Facebook.
Na mesma nota, Mendonça Filho confirmou o nome de Calero como ministro. “Com Marcelo Calero, vamos trabalhar em parceria para potencializar os projetos e ações entre a educação e a cultura”. Calero chefiava, desde o ano passado, a Secretaria Municipal de Cultura do Rio de Janeiro. Ele tem 33 anos e ingressou na carreira diplomática no Itamaraty em 2007.
Críticas e pressão da classe artística
Desde que assumiu interinamente a Presidência da República, em 12 de maio, e anunciou a extinção do Ministério da Cultura, Temer recebeu críticas de personalidades e grupos ligados à produção cultural. No dia de sua posse como ministro, Mendonça Filho chegou a garantir uma política cultural forte, mesmo com a fusão da Cultura e do MEC. “Você pode ter dois ministérios com pouca força e também pode ter duas áreas fundamentais como cultura e educação andando mais fortalecidas”, disse na ocasião.
Mesmo após as declarações, as críticas continuaram, e a pressão pela volta do Ministério da Cultura não diminuiu. Durante encontro com servidores da Cultura, no dia 13 de maio,Mendonça Filho foi vaiado. “Me explica, por favor, como acaba um ministério sem falar com servidor”, gritavam em coro. Durante o seu discurso, o ministro foi interrompido várias vezes pelos protestos.
Na Bahia, também houve atos contrários à extinção do ministério. Manifestantes ocuparam o escritório do Ministério da Cultura em Salvador. Cineastas brasileiros também criticaram a extinção do ministério no tradicional Festival de Cannes. “A extinção do Ministério da Cultura deixou todo mundo em alerta, a gente não faz ideia do que pode vir por aí, e os sinais que têm chegado a nós não têm sido bons”, preocupou-se o cineasta pernambucano Fellipe Fernandes, que exibiu seu curta, O Delírio É a Redenção dos Aflitos, no festival francês.
A decisão foi tomada após uma conversa de Temer com Mendonça Filho. O presidente expôs sua vontade de recriar a pasta recém-extinta e pediu a opinião do ministro. Mendonça Filho, então, concordou. “É um gesto no sentido de serenar os ânimos e focar no objetivo maior: a cultura brasileira”, disse o ministro, em nota divulgada hoje (21) pelo MEC no Facebook.
Na mesma nota, Mendonça Filho confirmou o nome de Calero como ministro. “Com Marcelo Calero, vamos trabalhar em parceria para potencializar os projetos e ações entre a educação e a cultura”. Calero chefiava, desde o ano passado, a Secretaria Municipal de Cultura do Rio de Janeiro. Ele tem 33 anos e ingressou na carreira diplomática no Itamaraty em 2007.
Críticas e pressão da classe artística
Desde que assumiu interinamente a Presidência da República, em 12 de maio, e anunciou a extinção do Ministério da Cultura, Temer recebeu críticas de personalidades e grupos ligados à produção cultural. No dia de sua posse como ministro, Mendonça Filho chegou a garantir uma política cultural forte, mesmo com a fusão da Cultura e do MEC. “Você pode ter dois ministérios com pouca força e também pode ter duas áreas fundamentais como cultura e educação andando mais fortalecidas”, disse na ocasião.
Mesmo após as declarações, as críticas continuaram, e a pressão pela volta do Ministério da Cultura não diminuiu. Durante encontro com servidores da Cultura, no dia 13 de maio,Mendonça Filho foi vaiado. “Me explica, por favor, como acaba um ministério sem falar com servidor”, gritavam em coro. Durante o seu discurso, o ministro foi interrompido várias vezes pelos protestos.
Na Bahia, também houve atos contrários à extinção do ministério. Manifestantes ocuparam o escritório do Ministério da Cultura em Salvador. Cineastas brasileiros também criticaram a extinção do ministério no tradicional Festival de Cannes. “A extinção do Ministério da Cultura deixou todo mundo em alerta, a gente não faz ideia do que pode vir por aí, e os sinais que têm chegado a nós não têm sido bons”, preocupou-se o cineasta pernambucano Fellipe Fernandes, que exibiu seu curta, O Delírio É a Redenção dos Aflitos, no festival francês.
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