Dilma cortou em 43% contrato da propina da Odebrecht ao PMDB
O contrato da Petrobras com a Odebrecht que gerou propinas para o PMDB, segundo a delação de executivo Márcio Faria, que mencionou uma reunião com Michel Temer, Eduardo Cunha e o lobista João Augusto Henriques para tratar do tema, foi reduzido em 43% pela presidente deposta Dilma Rousseff, quando a Petrobras era comandada por Graça Foster; o superfaturamento teria sido de nada menos que US$ 360 milhões; de acordo com o delator, na reunião com Temer, Cunha e Henriques, ficou acertado que as doações ao PMDB teriam como contrapartida contratos na Petrobras; conspiração contra Dilma pode ter tido origem no combate à corrupção
247 – Na
noite de ontem, uma nova delação premiada da Odebrecht atingiu Michel
Temer. Ela foi feita pelo executivo Márcio Faria, ex-vice-presidente da
empreiteira, que relatou um encontro no escritório de Michel Temer, em
São Paulo, com Eduardo Cunha e o lobista João Augusto Henriques, às
vésperas da eleição presidencial de 2010.
No encontro, segundo o
delator, teria ficado acertado que a Odebrecht faria doações ao PMDB,
tendo como contrapartida contratos na área internacional da Petrobras,
que era comandada pelo partido. Ou seja: a doação era propina (leia mais
aqui).
Sem ter como negar o
encontro, Temer o confirmou, mas disse que, se alguém pediu dinheiro,
foi Cunha, não ele. E o contrato em questão dizia respeito à manutenção
de plataformas da Petrobras no exterior pelo PMDB.
Pois bem: em 2013, após
uma auditoria interna, a gestão da ex-presidente Graça Foster na
Petrobras cortou em 43% o valor do contrato com a Odebrecht, que caiu de
US$ 840 milhões para US$ 480 milhões, numa decisão que revoltou o PMDB,
o então vice-presidente Michel Temer e seus principais aliados.
É mais um indício de que o
golpe parlamentar de 2016 foi uma reação de forças corruptas da
política brasileira contra a presidente honesta.
Petrobrás corta em 43% contrato de US$ 840 milhões com a Odebrecht
Uma auditoria interna da
Petrobras contestou contrato da petroleira com o grupo Odebrecht em
torno de US$ 840 milhões para serviços em dez países. Depois de análise
do órgão interno, que atua com independência, o montante a ser pago foi
reduzido em 43% do valor original, a cerca de US$ 480 milhões.
O acordo inclui trabalhos
de manutenção na refinaria de Pasadena, no Texas (Estados Unidos), onde
a Petrobras é investigada por ter firmado um contrato com falhas e
comprado a unidade por preço acima do de mercado, como revelou o
Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, em julho
do ano passado (leia texto ao lado).
O contrato foi tema de
pauta em reunião de conselho de administração da companhia realizada há
pouco mais de dois meses. A presidente Graça Foster fez questão de
relatar o caso aos outros nove administradores da estatal, no conselho
presidido pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega.
Em seu relato ao
conselho, Graça Foster não comentou que estavam incluídos no contrato
trabalhos na refinaria de Pasadena. O serviço foi contratado durante a
gestão de seu antecessor, José Sérgio Gabrielli.
Destino. Apenas US$ 400
milhões foram inicialmente destinados para a Odebrecht. Restaram em
torno de US$ 80 milhões a serem pagos pela Petrobras. Graça disse na
reunião que o montante só seria desembolsado caso empresas locais
oferecessem preços mais altos pelos trabalhos acordados inicialmente com
a Odebrecht. Todos os valores são aproximados.
O acordo foi feito com
Odebrecht Engenharia Industrial, braço da construtora responsável por
obras industriais da empresa no Brasil e no exterior, em áreas como
petróleo, mineração, petroquímica e metalurgia.
A empresa é responsável
pelo contrato de prestação de serviços para a área de Negócios
Internacionais da Petrobras, dentro do plano de ação de certificação em
segurança, meio ambiente e saúde, denominado Projeto PAC SMS.
O contrato guarda-chuva contempla vários países e, em 2011, foi ampliado para incluir serviços específicos em Pasadena.
Sem comentários.
Procurada, a Odebrecht não quis comentar. A Petrobras também não se
manifestou oficialmente. A petroleira não informou o motivo da redução
dos valores, nem por que o contrato foi revisto. Tampouco detalhou os
serviços e países envolvidos.
Mas o Broadcast apurou
que o contrato revisto do Projeto PAC SMS inclui, além dos Estados
Unidos, nove países que têm refinarias e estações de serviços da
Petrobras. São eles Argentina, Japão, Colômbia, Paraguai, Uruguai,
Chile, Equador, Bolívia e Brasil. Segundo uma fonte, o acordo foi
reduzido quase à metade por ter sido considerado caro demais para os
serviços oferecidos.
As obras são conduzidas
em parceria com a Foz do Brasil, uma empresa do grupo Odebrecht para
projetos ambientais. Conta com 26,53% de participação acionária do Fundo
de Investimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FI-FGTS).
O contrato suplementar
para Pasadena foi firmado para recuperação, construção, montagem e
elaboração de estudos e diagnósticos das áreas de SMS. Também inclui
colocação de equipamentos e realização de serviços para contingência e
combate a incêndios.
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