O
ano de 2016 vai chegando ao fim, mas as peças da política continuam se
movendo num ritmo frenético, sem que seja possível prever um desfecho
para a maior crise política e econômica da história do País.
Numa
das semanas mais difíceis para o governo de Michel Temer, em que ele
próprio foi citado nas delações da Odebrecht e aceitou a demissão de seu
melhor amigo, o agora ex-assessor especial José Yunes, a esquerda
passou a acreditar na possibilidade real de queda do presidente e de
eleições diretas ainda no primeiro semestre de 2017 – tese que ganhou a
adesão até do senador Ronaldo Caiado (DEM-GO), que integra a base
governista.
Paralelamente,
um dos peemedebistas mais influentes, o senador Jader Barbalho
(PMDB-PA) subiu à tribuna para denunciar uma suposta conspiração, desta
vez entre parte do PSDB e dos grupos de comunicação, para derrubar Temer
em 2017 e promover eleições indiretas – o candidato mais forte, neste
caso, seria o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Em
meio ao fogo cruzado, Temer também se mexeu. Orientou seus aliados no
Congresso a implodir a tramitação de duas emendas constitucionais que
propõem diretas em caso de vacância da presidência, uma apresentada pelo
deputado Henrique Fontana (PT-RS), outra por Miro Teixeira (PDT-RJ). A
diferença entre as duas é que, na de Fontana, em qualquer hipótese a
saída seria pelas diretas. Na de Miro, haveria indiretas se a
presidência ficar vaga a seis meses do fim do mandato ou num prazo menor
do que esse.
Como
63% dos brasileiros, de acordo com o Datafolha, querem diretas, mas
91%, segundo o instituto Paraná Pesquisas, são radicalmente contra a
eleição indireta, Temer pretende transformar a primeira hipótese numa
impossibilidade, para se beneficiar da segunda. Não havendo espaço para
diretas, o resultado da equação seria “ruim com Temer, pior sem Temer”.
Ou seja: entre a escolha de um novo presidente por um Congresso com mais
de 200 parlamentares investigados e a continuidade de Temer até 2018,
prevaleceria a segunda hipótese – ao menos é essa a aposta do Planalto.
O
que joga contra essa alternativa é o aprofundamento da recessão
econômica, que o governo tenta enfrentar com um pacote que, segundo
especialistas, não trará qualquer efeito relevante no curto prazo. Além
disso, ainda há muitas delações da Odebrecht pela frente e o fogo agora
se dirige às forças que estão no poder. A única certeza é que o Brasil
ainda não estabilizou – e enquanto não houver estabilidade política, não
haverá confiança nem perspectiva de crescimento econômico.
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