12.06.2016

Um juiz que comete atos ilegais não deveria ser juiz, diz Robertson


247 - Uma das maiores autoridades em Direitos Humanos do mundo, o advogado australiano Geoffrey Robertson, que representa o ex-presidente Lula na Comissão de Direitos Humanos da ONU, deu uma palestra na PUC, em São Paulo, na noite desta segunda-feira 5, em que afirmou que Sérgio Moro é "um juiz parcial e que busca auto-promoção".
Ele enfatizou a perseguição que o juiz de Curitiba, que decide os processos da Lava Jato em primeira instância, faz contra Lula e pontuou ações que ele afirma serem abusivas, como a gravação de grampos contra Lula, sua família e até mesmo contra os advogados do ex-presidente. Ele criticou ainda mais a divulgação do áudio de uma conversa entre Lula e a presidente deposta Dilma Rousseff.
"Para deleite público, Moro entregou a gravação para Globo, em uma atitude extremamente política. Ele sabia que era ilegal gravar a Dilma e gravou assim mesmo. Um juiz que comete atos ilegais não deveria ser juiz. Algo assim nunca seria permitido em nenhum país civilizado", disse.
"Para mim, Moro é uma figura perigosíssima. Na Itália, por exemplo, [Silvio] Berlusconi, que deveria ser condenado, escapou da justiça. É perigoso quando juízes e promotores se tornam perseguidores", acrescentou Robertson, depois de citar a Operação Mãos Limpas, realizada na Itália e da qual Moro é entusiasta.
O advogado criticou ainda o que considera ser um pré-julgamentos de Moro em relação a Lula e a outras pessoas. "Ele não entende qual é a ética do sistema judiciário. Nos Direitos Humanos internacionais, há um princípio da presunção de inocência. Parece que isso não ocorre no Brasil. Moro criou uma expectativa de culpa. Na Europa, nunca se poderia afirmar que alguém é culpado antes do julgamento final. Por aqui, parece que é diferente".
"Qualquer pessoa minimamente ilustrada em Direito consegue chegar à conclusão de que Lula tem sofrido evidentes agressões a direitos fundamentais”, afirmou.

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